emoções de uma longa jornada, o BRM Minho 300

paulofski @ na bicicleta

Publicado em 17/04/2024 às 11:53

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Alguns milhares de quilómetros por ano, pedaladas nos dias da semana e um gosto pelo ciclismo “vintage”, paixão que há cerca de dez anos descobri com a predisposição para o ciclismo de longas distâncias. Na verdade, os Brevet’s dos Randonneur Portugal tornaram-se para mim um autêntico ritual, um encontro de amigos que aguardo com expectativa e que aquece a cuirosidade e os músculos à medida que se aproxima um sábado “breveteiro”.

Para além de revisitar o Minho num brevet com uma distância de respeito, mesmo com a celebração dos respeitosos 58 à porta, não via motivo para me poupar. Enquanto tiver pernas, motivação e técnica conseguirei fazê-los. O foco desta minha participação nesta longa jornada seria levar a bicicleta “moderna” que escolhi para suceder à Tripas iNBiCLA, com quadro de aço, mudanças no quadro, com travões de pinça e cubo luminoso na roda, testando a máquina e o homem.

Desta feita o meu “ferro” escolhido para a ocasião foi uma bicicleta a estrear nestas “pedalanças”. A bamBina de seu nome, recebida das mãos do CEO da iNBiCLA ainda com a tinta fresca, e que faria a sua estreia num brevet durinho, numa espécie de vira minhoto ao longo de 300 e tal quilómetros. Assim, e com pouco mais de duas voltas de respeito para testar e experimentar o quadro e os componentes que herdou da defunta Tripas, queria sobretudo desfrutar das sensações que o anorético Columbus KL seria capaz de me oferecer.

Os brevet´s são tudo menos uma corrida. São para mim um grande divertimento com alguma conquista pessoal. Já me apelidaram de “maluco” que se aventura nos longos percursos em bicicletas pesadas, com mudanças pesadas, difíceis de operar. Ou mesmo sem mudanças, impraticável para algumas subidas, mas se está assim tão difícil, pois então que se desmonta e faz-se parte das subidas a pé, caminhando e fotografando. A beleza do cicloturismo é precisamente essa, que com a variedade de percursos, entre aldeias e paisagens, a forma de interpretar a coisa é como quisermos, com a bicicleta que tivermos e no ritmo que melhor nos adaptarmos.

Adormeci. Com menos de uma hora para o depart e a mais de uma hora de carro até ao Posto da Cruz Vermelha em Marinhas, Esposende, sabia que não encontraria ninguém à minha espera a não ser a menina da recepção, que com um sorriso me entregou o cartãozinho do brevet. Cheguei, engoli um bolinho e um café, preparei-me e arranquei no escuro, com meia hora de atraso, pedalando sozinho atrás do prejuízo. Por isso mantive o foco na estrada e no céu, cada vez mais alaranjado. A manhã estava bem fresca, mas as temperaturas iriam subir, e muito.

Com o sol a despontar no horizonte, chegava a Barcelos para o primeiro controle do dia, só não sabia que não teria ninguém à minha espera. Uma falha de comunicação e o José Ferreira, um dos organizadores dos brevet´s Randonneur Portugal a norte que fazia o controle de passagem, já não contava comigo. Após umas voltas em vão, uma foto para registar a passagem, prossegui a bom gás para encontrar os primeiros companheiros de route que estavam já de partida do segundo posto de controle, ao quilómetro 50, em Ponte de Lima.

A fome começa a fazer-se sentir, não tanto por estar a pedalar há duas horas, mas porque devido ao meu atraso o pequeno almoço foi descurado. Mesmo assim, a paragem para o primeiro reabastecimento foi rápida, pois é importante não comer demais. Os quilómetros que me esperam são muitos e é melhor saborear todos, provando tudo nas doses certas para não pesar muito. As estradas que percorremos neste Brevet eram na sua maioria sobejamente conhecidas e o primeiro dos suculentos pontos altos do dia estava a caminho, transpor as fraldas da Serra d’Agra.  

Na descida para Vila Praia de Âncora pressinto a brisa marítima e até Caminha cumpro mais uma etapa do dia. A partir daí o plano passa em procurar o pavimento plano das ecovias do Minho. O rio, a passarada e os peregrinos para Santiago seriam os meus parceiros. Chego a Valença e encontro três ciclistas de coletes amarelados que, como eu, já se queixavam do calor.

Da antiga linha ferroviária para Monção, das primeiras a serem encerradas e transforadas em pistas “velocipédicas”, tudo muito lindo, tudo muito tranquilo, a não ser as barreiras e o piso bastante degradado. As lombas que resultam do crescimento das raízes, provocaram-me um valente susto e deixaram a bamBina com queixas. Subitamente a corrente dá em falso, estranho, desmonto, e dou com o desviador traseiro sem uma das roldanas. “Que diacho!” Vá lá que as pecinhas, espalhadas no piso, estavam intactas e não rebolaram para o desconhecido. O parafuso deveria estar solto e aquele solavanco foi quase o rastilho para o desastre. Os três companheiros com que me havia cruzado param ao meu lado e auxiliam-me na reparação da pequena avaria. Grato ao João, ao Marcos e ao Juan, com quem prossegui para almoçarmos juntos.   

A estrada eleva-se gradualmente e torna-se quase deserta. Depois de Melgaço raramente passamos por veículos a motor. Quem por nós passa são os randonneurs mais céleres que já desciam o percurso no sentido inverso desde S. Gregório, a localidade mais a Norte de Portugal, onde o roaming espanhol continua a sobrepor-se ao luso, onde o Café Coelho continua sem carimbo, e onde o José Ferreira nos aguardava para fazer o registo da nossa chegada com a respectiva carimbadela.

Meia volta pela mesma estrada, mas a descer, até que quase nas duas centenas de quilómetros percorridos se inicia a subida do dia em direcção ao Sistelo. Com algumas rampas de forte inclinação para aguçar o apetite, os oito quilómetros que se seguiam são sob um calor sufocante, até ao conhecido ao posto de controle em Portela d’Alvite, mas sem o direito às sandes de presunto que eu esperava trincar. Em todos os casos, para enfrentar o desce, e sobe e desce, que teriamos pela frente convinha mesmo comer e beber alguma coisa.

A noite ainda vinha longe, no entanto achei conveniente ligar o farol moderno que a bamBina herdou da Tripas. Parece um elemento estranho para um quadro com pedigree Pinarello, mas tem um feixe de luz potente, que não gasta pilhas e ilumina perfeitamente a estrada, a tal ponto que quando seguia atrás do grupeto quase poderia dizer que eles não precisavam de ligar as suas luzes.

Ponte da Barca cruzada e lentamente cai a noite. Durante a ascensão para Vila Verde a pedalada torna-se algo monótona, mas como não se está sozinho dá para entabular conversas e não ouvir tanto o barulho da corrente, que range cada vez mais, quilómetro após quilómetro, a suplicar por uns pingos de óleo, à custa de tantos anos à seca. Após paragem mais demorada num ponto de controle que nos permitiu confortar barriga e reforço térmico, para, mais à frente, sensivelmente ao km 300 responder a um questionário controlador. Pernas esgotadas e baterias fracas, enquanto percorremos os últimos quilómetros em direcção a Marinhas, aqueles quando começamos a ansiar pela chegada cada vez mais próxima e, certamente por isso, com um aliado adicional de adrenalina para se concluir o Brevet, bem para lá das 23h.

Uma das conversas que tivemos durante um bom período foi em relação à escolha da bicicleta certa para determinado tipo de Brevet. A bicicleta certa significa uma bicicleta que antes de tudo funcione e que depois tenha as relações de transmissão adequadas à condição física e ao percurso que temos pela frente. Uma coisa é certa, em comparação às modernas bicicletas de carbono, os antigos modelos de aço são mais difíceis de pedalar em percursos com bastante acumulado, mas o facto é que a maior suavidade do quadro, as sensações e o desempenho, mudam o caráter da bicicleta, mudam de acordo com a velocidade do momento e mudam de acordo com o terreno. Uma bicicleta de aço tem uma alma calorosa, e quanto mais se usa mais se pode descobrir a verdadeira essência da tabela periódica dos elementos.

Trezentos e treze quilómetros depois paro e descontraio com emoção. Emoção com aquele sentimento de desafio concluído. Emoção partilhada com quem se faz parte do caminho e se coloca o último carimbo. A emoção que volta a ser exclusiva quando se diz cá por dentro “pronto, está feito”.

 

c’è una nuova bamBina in città

paulofski @ na bicicleta

Publicado em 8/04/2024 às 9:38

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As bicicletas com aquele charme clássico italiano, o L’Eroica stile, ainda são apreciadas e procuradas em todo o mundo. Marcas históricas que nasceram das ideias e determinação de ex-ciclistas, que marcaram presença no ciclismo ao longo dos tempos.

Tubos de aço soldados e pintados à mão, embelezados com cromados, pantografados e acabamentos personalizados, que nos remete aos tempos das autênticas obras de arte sobre duas rodas. Aquele material antigo com o qual as bicicletas foram feitas há mais de cem anos e que continuam a dar alegrias e muita satisfação a muitos ciclistas, exactamente como acontece comigo.

Recriar uma bicicleta vintage requer uma lista de componentes de época. Peças mecânicas de tecnologia requintada, de criação italiana ou outra, estão entre as mais procuradas pelos entusiastas das clássicas fiéis aos modelos originais. Verdadeiras “máquinas” intemporais, cada uma delas com muito para contar, com pormenores que são pistas para encontrar a sua história. No entanto outros sobreviventes escondem bem os seus segredos.

Para substituir o danificado quadro da Tripas iNBiCLA, a minha intenção inicial era construir de raiz um quadro à minha medida com atributos Tourer/Randonneur.  Por vicissitudes várias a soldadura dos tubos Reynolds não se completou, o que me obrigou a colocar o plano B em acção: encontrar um quadro de aço que simplesmente me enchesse o olho e as medidas corporais. Descobri um puro-sangue italiano de tubos Columbus bem longe de casa.

Sendo uma das marcas velocipédicas mais carismáticas, a Cicli Pinarello implementou muitas das novas ideias na construção manual dos seus quadros. Com geometria mais apropriada à corrida, que permitiu um historial vitorioso nas míticas estradas de França e Itália, este Columbus KL modelo Super Prestige é elegante e pede componentes clássicos a condizer. Tenho tudo aqui: Cinelli, Mavic, e um mix de genuína joalharia mecânica com aquele logotipo alado que deu asas ao ciclismo, a Campagnolo.

O quadro, que, no fundo, é a base de tudo, é uma tela em branco que possibilita juntar o gosto pessoal à inspiração do master das pinturas. É isso que aprecio no mundo das bicicletas customizadas, a originalidade que as faz fugir dos padrões que são impostos no catálogo. E para inspirar o verdadeiro artista, pedi-lhe um acabamento de catálogo, o efeito defumado do modelo da TT Asolo Prólogo.

Com a sua perícia e criatividade, o meu amigo Vitor Machado deu-lhe o seu toque especial. Para lá da mestria na pintura, da perfeição nos acabamentos, a ilusão pretendida foi conseguida com a chama de um maçarico. A escolha de um lettering incandescente tornou esta bicicleta exclusiva ainda mais “especial”. Esta bina é uma brasa. 

Para mim não há de todo uma regra a seguir na geometria de um quadro. Acho que, em grande parte, o acerto pretendido está mesmo nessa liberdade e criatividade em fazer algo diferente do que seria suposto. Neste ponto é natural que existam toda uma série de limitações, ao nível de roscas, espaçamentos, e pequenos pormenores que possam complicar um pouco a coisa. Nesse sentido, a aposta foi não só manter o formato original como adaptar o material existente, misturando conceitos dentro das possibilidades para se chegar ao resultado pretendido, uma espécie híbrida: uma “commuter” diária, uma “estradeira” para as voltas ao fim-de-semana e uma “randonneur” para as longas distâncias, com a matéria prima herdada da defunta Tripas iNBiCLA, mesmo que não fosse garantido o conforto de uma endurance de gema.

Aprecio ver uma bicicleta recuperada e fiel à sua origem. Há quem dê mais valor à pintura original mesmo que exiba as cicatrizes do tempo, a “patina”. Também respeito quem desaprove quando se desvirtua um conceito. As bicicletas clássicas no seu estado original não deixam de evidenciar a sua história se porventura lhes for montado material contemporâneo. Não me choca ver a mistura do antigo com o moderno. O material vintage, original, em bom estado e de qualidade é caro. Isto tudo para dizer que, basicamente, não há fronteiras nem regras nisto das bicicletas antigas. O que manda mesmo é o gosto pessoal e a possibilidade de o pôr em prática.

Certamente que o metal tem o seu peso, mas desde quando as emoções são pesadas numa balança? Pedalar uma velha bicicleta de aço certamente nos fará redescobrir sabores e emoções antigas. Decididamente, os progressos notáveis ​​da tecnologia nos agrada. Assim é em tudo na vida, o que poderá fazer pensar que uma moderna bicicleta de carbono, cheia de fibra, teve uma querida avó de aço, tão bela e fascinante…

Esta é a bamBina, uma Pinarello com o sabor do passado e que promete satisfação por muitos e bons quilómetros.

 

Revolução Francesa

Rafael Remondes @ Braga Ciclável

Publicado em 30/03/2024 às 12:05

Temas: Opinião Bicicleta Ciclovias coragem França Rafael Remondes Revolução


Tive a felicidade de visitar Paris em três ocasiões. Em 2010, em 2023 e durante este mês de Março. É uma cidade que dificilmente deixa alguém indiferente, quer pela sua beleza quer pela sua vida cultural e artística. Nesta última visita, surpreendeu-me o aumento exponencial de ciclovias e de ciclistas além de uma notória diminuição do tráfego automóvel. O que mudou em Paris?

Antes de começarem os “lockdowns” de 2020, a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, prometeu uma cidade amiga da bicicleta até 2024. Quando começaram os confinamentos, a câmara fez jus à sua promessa. Aproveitando a inexistência de tráfego automóvel, foram criados 650 km de ciclovias, entre as quais se incluem as chamadas ciclovias “popup” de carácter temporário. Tudo isto foi feito de forma a que quando as restrições foram levantadas, muitos parisienses puderam sair à rua com uma ciclovia à sua porta.

Durante a minha última visita, já não encontrei nenhuma dessas ciclovias temporárias. Passados 4 anos, as medidas temporárias tornaram-se permanentes, com o espaço a ser definitivamente conquistado pelos ciclistas. A revolução não se ficou apenas pelo espaço dado às bicicletas. A cidade está a investir no transporte público (com a construção do Grand Paris Express) ao mesmo tempo que está a implementar maiores restrições ao uso do automóvel: os parisienses votaram favoravelmente para aumentar em 3 vezes as taxas de estacionamento dos SUVs.

Este aumento de vias cicláveis levou a que os utilizadores de bicicleta duplicassem desde 2022, sendo que nos anos anteriores já tinham sido de crescimento. Só em 2020, quando apareceram as ciclovias pop up, o aumento foi de 54%. O mais interessante, é que isso beneficiou também quem não usa a bicicleta. As viagens de carros diminuíram 60%, com os acidentes a reduzirem 30%.

Como em todas as transformações urbanas, o caminho faz-se caminhando. Em 2001, Paris tinha 200 km de ciclovias. Hoje tem mais de 1000 km. Não há nenhuma mudança que aconteça que agrade a todos. Apesar do trânsito diminuir todos os anos, não haverá muitos condutores a gostarem da senhora Hidalgo. No entanto, a cidade como um todo ficou a ganhar. Isso caracteriza os grandes políticos. Visão a longo prazo e coragem política para mudar.

 

Braga precisa de um enorme investimento tecnológico na mobilidade

João M Fernandes @ Braga Ciclável

Publicado em 16/03/2024 às 9:09

Temas: Opinião app Bicicleta Estacionamento Investimento Mobilidade semáforos Tecnologia velocidade


A cidade de Braga não aproveita de forma plena o potencial tecnológico no domínio da mobilidade. Muitos dos processos ligados à mobilidade não beneficiam do uso intenso de tecnologias de informação. Um significativo avanço foi dado recentemente quando os TUB (finalmente!) lançaram uma app (aplicação para telemóveis) que permite consultar em tempo-real informação relativa ao posicionamento dos seus autocarros em circulação. É uma app realmente útil, para se poder gerir as deslocações na cidade, especialmente porque os autocarros estão muitas vezes atrasados, devido aos muitos engarrafamentos e à inexistência de corredores BUS onde possam circular em condições mais previsíveis e fiáveis. Parabéns aos TUB por finalmente terem disponibilizado esta app. A informação que essa app disponibiliza deveria também ser mostrada nos painéis eletrónicos que existem junto de muitas paragens, sem uso há muitos anos.

Há muito a fazer ainda na introdução de soluções tecnológicas ao serviço de uma melhor mobilidade em Braga. Mas infelizmente parece não haver capacidade, neste executivo municipal, em operar esse investimento. Falta um misto de sensibilidade para a sua necessidade, de visão e de capacidade de concretização. A falta de concretização é mesmo o sinal de marca deste executivo, que raramente segue uma abordagem aos problemas típica dos engenheiros. Significaria isso que teria que olhar para os problemas que a cidade tem e concretizar soluções que os resolvam de alguma forma e que criem valor para os bracarenses. Há medo em avançar com soluções, em experimentar novas abordagens, pelo que se tem limitado a mexer sem (quase) nada mudar (e.g., obras na Av. Liberdade e na variante de Lamaçães).

O potencial de utilização das tecnologias nas cidades é quase ilimitado, haja visão para tal. As smart cities são uma área onde há tanta oferta que o difícil é escolher por onde começar.

Na semaforização, Braga precisa de soluções dinâmicas e inteligentes que ajudem o trânsito a fluir. O que vemos, na maioria dos casos, são semáforos com temporizações estáticas/fixas. Não é incomum vermos o sinal verde numa rua sem carros e nas outras os carros parados no vermelho. É uma situação não otimizada que poderia ser facilmente melhorada com tecnologia.

Também há soluções que permitem adaptar a velocidade recomendada numa dada via em função das condições que se observam num dado instante. São soluções que conferem mais segurança a todos os que circulam na cidade. A solução atual é estabelecer uma velocidade máxima, via sinalização vertical (ou horizontal). É fixo esse limite, esteja sol ou chuva, haja muito trânsito ou pouco, tenha havido um acidente na via ou não.

No controlo do estacionamento irregular, há várias soluções que, com base em imagens recolhidas nas ruas, detetam os carros em infração e os multam de forma automática. A cidade do Porto já tem essas soluções. É preciso investir em Braga em soluções desse género, que, num curto prazo, fazem baixar a quantidade de carros estacionados de forma irregular e que contribuem para uma cidade mais organizada e um trânsito mais fluído.


*Imagem cortesia de elenabs em istockphoto.com

 

Conversa aberta: O espaço urbano para quem?

MUBi @ MUBi

Publicado em 4/03/2024 às 19:46

Temas: eventos vantagens da bicicleta cargo-bikes Lisboa logística micrologística mobilidade Porto

Nos dias 9 e 14 de Março, no Porto e em Lisboa, a MUBi promove uma conversa sobre a distribuição em bicicleta, os problemas e soluções em entregas nas nossas cidades.

A distribuição de bens dentro das cidades portuguesas ainda é sobretudo feita por veículos motorizados, frequentemente de grandes dimensões, com muitas embalagens de pequenas [...]

 

fotocycle [272] dose dupla

paulofski @ na bicicleta

Publicado em 31/01/2024 às 15:48

Temas: fotocycle 1 carro a menos benefícios das pedaladas bicicleta ciclismo ciclismo urbano commutescount Corredor Verde do Leça Douro economia da bicicleta fotografia mobilidade motivação no meu percurso rotineiro pr'o trabalho outras coisas pelas ruas do Porto penso eu de que... Porto Ribeira sustentabilidade

A bicicleta é o meu meio de transporte. É o meu meio para ir e voltar do trabalho. É um meio de lazer e descontracção. É o meu ginásio. É gratuito… quer dizer, anda a sandes e a cerveja, mas é barato. É ecológico e está sempre disponível, de manhã e à noite, faça sol ou faça chuva, haja ou não transportes públicos… Já nem sei o que é andar de transportes públicos!

Todos os dias vou de bicicleta para qualquer lado. Como tenho tempo, à tarde no pós-laboral concilio duas horas e qualquer coisa para regressar a casa, tempo suficiente para pensar, descarregar e parar de pensar, só pedalar. Ao fim-de-semana lá vou eu, ao sábado e ao domingo, licra no corpo para mais quilómetros de satisfação, com outra disposição, bem mais rápido, mais longo e mais suado.

De qualquer forma, com qualquer bicicleta, nada é melhor que levar com mosquitos na testa.

 

Rapha Festive 500. If it’s not on Strava, it didn’t happen

paulofski @ na bicicleta

Publicado em 5/01/2024 às 9:45

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Todos os anos, desde 2010, naquela semana estranha entre a véspera de Natal e o Ano Novo, a marca de roupas de ciclismo Rapha desafia os ciclistas a pedalar 500 quilómetros em oito dias. Para além do marketing associado, o desafio proposto pelo Clube Rapha é uma forma de incentivar o derradeiro esforço velocipédico para se atingir metas anuais, queimar calorias natalícias em excesso… ou, simplesmente, arranjar uma desculpa e fugir de casa por algumas horas!

Em 2023 o desafio entrou no seu 13º ano de existência. Se pedalar uma média de 62,5 km por dia durante 8 dias não é nada de outro mundo, eu que até nem sou muito destas coisas, quando há uma bela Cannondale bike XPTO em jogo, cliquei no botão e fiz a inscrição. Não meti férias nem me socorri do rolo, coisa que nem tenho, mas com determinação e empenho, sem comprometer rotinas e compromissos natalícios, teria as condições necessárias para o sucesso da coisa.

Há sempre uma forte probabilidade dos afazeres da quadra natalícia virem a atrapalhar a pedalada, como o facto da época festiva envolver muitas comezainas e algumas bebedeiras. Depois, temos os compromissos familiares a que não conseguimos fugir. Ir fazer compras de última hora também não nos dá o livre-trânsito de desaparecer porta fora e ir pedalar durante um bom par de horas. As festividades têm de ser bem negociadas, lá em casa e com as bicicletas disponíveis.

Se poderia fazer tudo de uma vez… eh pá, há quem o faça, mas para quê!? O objectivo aqui seria aproveitar o tempo livre nas folgas e vésperas dos feriados para umas voltas mais esticadas, e ir dando ao pedal consoante a possibilidade ao longo dos dias de trabalho. Infelizmente, para mim, o Natal não é sinónimo de férias, nem no Algarve e muito menos nas Caraíbas, e, caso assim fosse, a bicicleta seria mesmo a última coisa a ser incluída na bagagem.

Quando se trata de dia útil para pedalar, à partida o dia de Natal estava para mim fora de questão. Mesmo assim, com a desculpa de ir fazer o papel de Pai Natal, lá consegui sair no dia 25 para uma mini-micro volta de 15km (foram mais, mas o Strava stravou e mais não contou). Já foi muito bom para “desmoer” as rabanadas. Por acaso até foi o dia mais agradável no que ao clima dizia respeito, mas sabendo que no dia seguinte iria abrir o presente da tolerância de ponto governamental, não me preocupei e programei o dia para a voltinha mais extensa.

Chova ou faça sol, as pedaladas casa-trabalho vs. trabalho-casa diárias, o “#commutescount”, são para cumprir. São Pedro tem sempre uma palavra importante a dizer e eu sabia à partida que teria de lidar com o senhor Inverno. Se não é frio é chuva, se não é o vento é tudo misturado. O melhor é não contar com as alterações climáticas no… e estruturar bem a coisa. Mas, com três dias de chuva inclemente, precisamente nos chamados dias úteis, isto nas previsões mais otimistas, a coisa ira resumir-se aos mínimos indispensáveis, o que não daria para acumular quilometragem em metade do prazo disponível. Feitas as contas, no derradeiro fim de semana do ano civil de 2023 teria de pedalar contra o prejuízo. 

Pedalar, seja para cumprir 500 quilômetros em 8 dias, seja para pedalar os 4 que separam a casa do trabalho, a bicicleta tem de estar preparada e afinadinha. Na estrada estamos sempre sujeitos a avarias e não temos uma oficina ao virar de cada esquina e que nos desenrasque. O selim da gOrka teimava em desapertar e por mais aperto que lhe ia dando, o parafuso ia me moendo a paciência e as costas. Esse handicap teve influência na escolha de percursos para os derradeiros dias, pois a cada paragem lá ia eu fazer fosquinhas com a chave umbraco. As voltas basearam-se num raio de acção mais curto do que inicialmente pretendia.

Um parafuso de titânio é coisa para resolver definitivamente o problema, só que não! O busílis da questão estava na base do espigão. Depois de tanto apertar e reapertar, no final da volta de sábado, forçadamente encurtada, decidi atacar o problema pela raiz. Assim que parei a actividade no Strava e entrei na arrecadação, de roupa suada colada ao corpo, estive mais de uma hora para solucionar o problema à boa maneira McGuyveriana. Quando entrei no chuveiro estava certo que no derradeiro dia do desafio não iria sentar as nalgas num baloiço. Eis o último dia do ano que veio a ser um 31!  

A manhã estava bastante sombria. Pouco depois de me fazer à estrada, uns pingos de chuva misturavam-se com alguns pingos do meu nariz. A ressaca de uma noite tremida e a perspectiva de 90 km pela frente não foram, no mínimo, as melhores motivações para sair da cama. Para além disso, pernas fraquejadas e vento contrário não combinam bem. “Oh diacho, tu queres ver!” Não era minha pretensão repetir rotas, então optei pela monotonia perto de casa em vez de arriscar e morrer na praia. Assim, com o ritmo adequado à energia, segui o plano da praia, aproveitando para passar pela casa do velhote e lhe dar um abraço.

Assim, quando finalmente entrei em casa e pendurei a bicicleta havia acumulado mais quatro quilómetros para além dos mínimos exigidos. Ena… Para lá da satisfação pessoal de concluir o dito cujo desafio, ficando assim habilitado à tal máquina que, só em sonhos, me poderá sair na rifa – quem não arrisca não petisca, não é mesmo? A medalhinha digital da Rapha Festive 500 vai permanecer na sala de troféus como o resultado do esforço e da minha teimosia tenacidade. De que me posso queixar quando se ganha um prémio bónus acrescido. Para lá de ter tido um reveillon 2024 de molho, uma noitada bem suada, ainda tive direito à participação, nos dias seguintes, no Brufen 600! Ca Categoria, hein…

Bom Ano e Boas pedaladas.

 

Pai Natal, conta-me histórias

paulofski @ na bicicleta

Publicado em 21/12/2023 às 16:03

Temas: Bicicleta de Natal bicicleta fotografia fotopedaladas histórias iNBiCLA motivação Natal outras coisas Pai Natal pasteleiras e vintageiras

Sua Alteza é crente, ainda acredita no Pai Natal. Viu o velhote e, numa de Operação Influencer, parou e intercedeu para que eu receba no sapatinho de encaixe a bicicleta há muito pedida. Mas eu sei o que ela quer. O caruncho e a ferrugem já lhe estão a emperrar a pedaleira. O que ela realmente deseja é dividir as minhas nádegas com outro selim. O senhor das barbas riu-se… “Oh Oh Oh… tu queres é que te conte uma história. Pois bem: Há muito, muito tempo, que depois do Natal e do Ano Novo, três magos em camelos chegam de um reino longínquo, e trazem presentes… Sabe-se lá se não é desta que tens o teu presente de volta, que um desses reis venha a pedalar na velha nova bicla do Paulo!!!”

Com ou sem presentes no sapatinho de encaixe, o que interessa é que todos tenham um Feliz Natal.

 

can’t miss [235] www.randonneursportugal.pt

paulofski @ na bicicleta

Publicado em 28/11/2023 às 10:36

Temas: can't miss it bicicleta ciclismo ciclistas no mundo coisas que leio dos malucos das biclas voadoras França histórias de vida longas pedaladas motivação outras coisas Paris-Brest-Paris PBP randonneur

Júlio Caroça
Randonneurs Portugal Nº 20200553
Paris Brest Paris 2023

O meu primeiro PBP

“A pergunta que vale um milhão, Why Paris Brest Paris?

Pois …..Em 2017 com 47 anos e mais de 100kg de peso, decidi retomar o hábito de andar de bicicleta, isto é, desde os meus 13 anos que não andava, o meu objetivo era emagrecer e me sentir melhor, foi com um grande espanto meu que após uma volta de 4 km estive uma semana para recuperar.”

[…]

Podes ler o relato do Júlio em: https://www.randonneursportugal.pt/pbp-2023-por-julio-caroca/

 

fotocycle [271] no espírito da coisa

paulofski @ na bicicleta

Publicado em 17/10/2023 às 9:49

Temas: fotocycle 1 carro a menos bicicleta carrocultura Código da Estrada ciclismo coisas que vejo fotografia fotopedaladas Gorka metro e meio motivação N108 outras coisas penso eu de que... Porto

Aproveitando a sinalética espalhada na estrada N108 pela organização da prova de triatlo “Spirit of 78”, deixo algumas considerações a respeito de uma regra que muito condutor desconhece: o limite mínimo de 1,5 metros de distância lateral para ultrapassar o ciclista em segurança. Infelizmente, ainda é raro o dia em que eu não sofra aquela razante desnecessária. Com uma massa e pneus muito menores se comparado a um carro, cada buraco na estrada, cada objecto estranho no asfalto tem o potencial de arruinar o dia de um ciclista. Como tal, o metro e meio de distância mínima que o CE prevê como margem de segurança para a ultrapassagem do automobilista ao ciclista faz todo o sentido. Obrigado pela atenção.

 
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