paulofski @ na bicicleta
Publicado em 12/11/2024 às 10:10
Temas: fotocycle 1 carro a menos bicicleta bike to home castanhas ciclismo urbano ciclistas urbanos do Porto commutescount fotografia fotopedaladas mobilidade motivação outras coisas pasteleiras e vintageiras pelas ruas do Porto Pinarello Porto São Martinho
Por estes dias, por estas noites, quem passa numa praça, avenida ou rotunda, quem simplesmente pedala pelo passeio, é envolvido e transportado pelo delicioso e persistente cheiro das castanhas a estalar nas brasas. É um aroma que cada português transporta desde a infância e que associa a momentos próprios desta época do ano. É um “cheirinho” que se liberta da carreta fumarenta e que nos invade inebriante as narinas. Irresistíveis e tostadas, as castanhas passam das mãos enegrecidas do assador para as nossas, envoltas num confortante cartucho de papel. Assim, muito boas e ainda quentinhas quando chegaram a casa, as castanhas deram calor e perfume às pedaladas. Só me faltou o copinho de jeropiga, que logo, logo, tratamos de a provar e as castanhas empurrar.
João M Fernandes @ Braga Ciclável
Publicado em 9/11/2024 às 19:48
Temas: Opinião automóvel Avenida Padre Júlio Fragata Bicicleta BRT Campus de Azurém Campus de Gualtar Escola de Medicina Estacionamento Guimarães JMF João M Fernandes Rio Este Rodovia Rua Nova de Santa cruz UMINHO Universidade do Minho
O Campus de Gualtar (CG) da UMinho é um dos principais polos geradores de tráfego na cidade de Braga. Porém, a UMinho nada tem contribuído para uma mobilidade mais sustentável na cidade. A universidade opta pela ausência de ideias e iniciativas neste domínio.
Uma fatia muito significativa do espaço do CG serve para estacionar carros. Na zona circundante, também há carros estacionados por todo o lado. Pelo contrário, não há uma única zona de recreação ao ar livre, jardins, espaços verdes, quer no CG quer fora. É sintomático não se ver ninguém no CG a fazer atividades ao ar livre (e.g., correr, jogar à bola). O CG é uma extensão da cidade; é um campus pensado principalmente para o automóvel. Por essa razão, continua a não ser fácil deslocarmo-nos para lá, em bicicleta, a pé, ou de autocarro. As razões são muitas.
Ana Paula Rodrigues Matos @ Braga Ciclável
Publicado em 12/10/2024 às 7:00
Temas: Opinião Acalmia de trânsito Ana Paula Rodrigues Matos Bicicleta distâncias Escola Exercício físico infraestrutura paula matos pedalar
A atividade física durante a juventude exerce uma influência favorável na maturação biológica e aptidão física dos jovens e no seu desenvolvimento pessoal e social. A probabilidade de um jovem ativo ser um adulto ativo é grande. Assistimos, a grandes alterações no estilo de vida atual, como o elevado tempo que as crianças passam a ver televisão a utilizar computadores, bem como o grande uso dos meios de transporte motorizados, que contribuem para a diminuição dos níveis de atividade física. O transporte ativo (pé/bicicleta) para a escola tem vindo a diminuir, coincidindo com um aumento alarmante na obesidade infantil. A vida das crianças é marcada pela falta de autonomia e maior dependência da família, que se reflete nas deslocações para a escola. Práticas parentais com consciência de segurança e dependência do carro convergem para tornar a vida destas, cada vez mais sedentária. A ausência de um planeamento urbano, a degradação de equipamentos, falta de atratividade dos espaços públicos, infraestruturas inadequadas, alta densidade demográfica, falta de segurança no trânsito, são alguns dos fatores a nível ambiental, que podem influenciar a adesão e escolha dos modos de deslocamento da criança à escola, principalmente pelos pais que na sua maioria, são os responsáveis por esta decisão.
Está demonstrado que o modo de deslocamento pedonal é o mais eficiente nas deslocações até 1 km, enquanto a bicicleta é a opção mais competitiva nas deslocações até 5 km. Atendendo a que, cerca de 50% dos trajetos urbanos têm menos de 5 km, é possível concluir que os modos ativos possam representar uma alternativa viável aos modos motorizados.
As deslocações casa-escola representam uma parte significativa nas deslocações de uma cidade, tendo um impacto significativo no ambiente urbano. O potencial da bicicleta não pode ser negligenciado, nem no que respeita às deslocações quotidianas para o local de trabalho ou escola, nem no que respeita aos outros motivos de deslocação. Embora a bicicleta não constitua a única resposta aos problemas de circulação e de ambiente na cidade, representa, uma solução que se insere perfeitamente numa política geral de valorização do espaço urbano e de melhoria da qualidade da cidade, mobilizando escassos recursos financeiros. Apesar das evidências mostrarem que as mudanças em simples hábitos diários, como caminhar de casa até a escola, possam influenciar positivamente a atividade física habitual das crianças, é crescente o número de pais que levam os filhos à escola de automóvel. Estes comportamentos refletem e sugerem um fenómeno atual, as cidades têm sido pensadas para automóveis em vez de ser para pessoas, seus espaços têm sido organizados em favor destes criando assim, uma naturalização e uma dependência do deslocamento motorizado.
Os projetos sobre “transporte ativo” que estão a ser implementado nas escolas tentam promover a mobilidade sustentável, levando a comunidade escolar a pé, de bicicleta, ou utilizando o transporte coletivo, para que se reduzam o número de carros, contribuindo para melhorar a segurança verificada nas ruas, para uma diminuição da poluição visual e sonora, a inalação de gases nocivos para a saúde e aumentado o nível de atividade física. Quantos mais ciclistas circularem numa cidade, maior é a sua segurança, estes transitam a velocidades mais reduzidas que o restante tráfego automóvel, levando à acalmia de tráfego, induzindo os automobilistas a circularem com mais atenção aos ciclistas, com quem partilham a estrada. Em relação aos automobilistas, conhecem mais alternativas de percursos, e em relação ao peão, as suas deslocações abrangem uma área mais extensa. Pedalar para a escola, proporciona autonomia, desenvolve a coordenação motora, o equilíbrio, estimula a atenção, a disciplina, a concentração e integra amigos.
Depois de tudo isto, de que está à espera? Saí a pedalar.
paulofski @ na bicicleta
Publicado em 26/09/2024 às 10:32
Temas: marcas do selim a caminho do Romeu amigo Couto Azibo bicicleta boas pedaladas Canyon cicloturismo ciclovia ciclovias combóio Ecopista Ecopista do Tua fotografia fotopedaladas gravel história Linha do Tua longas pedaladas Macedo de Cavaleiros Maneirinha Mirandela mobilidade motivação Natureza outras coisas Podence Portugal Romeu viagem
Antes de entrar no tema que me traz de volta, devo reforçar a minha opinião pessoal sobre o aproveitamento da adaptação dos abandonados canais de linha ferroviária em vias pedonais e cicláveis. A forma como nas décadas de 80 e 90 do século passado foram encerradas muitas linhas de bitola estreita, meramente pelo quero, posso e mando político, sem dar cavaco aos interesses do povo, e que foi bastante prejudicial em termos sociais e económicos para as populações e para o comércio que do comboio se servia, foi crime de lesa pátria. Nesses anos os governos cavaquistas arrasaram por completo a maior parte das infraestruturas ferroviárias do país, argumentando com interesses economicistas, o que permitiu a delapidação do património ferroviário pelos interesseiros da clientela de pacotilha.
Evidentemente que seria necessária uma restruturação e modernização da rede ferroviária nacional face ao investimento e desenvolvimento de infraestruturas rodoviárias, associada à lentidão do comboio perante o concorrente rodoviário, mas temos de admitir que alguns encerramentos foram injustos e funestos para as populações, no combate à interioridade e no desenvolvimento económico dessas regiões. Parece haver agora alguma vontade política para reverter alguns desses erros e reabrir algumas linhas, como tem sido a eterna promessa de recolocar os carris, reconstruir as estações e apeadeiros degradados, abrir as pontes deixadas ao abandono, da antiga Linha do Douro, no troço entre o Pocinho e Barca d’Alva! Só que nada de concreto se tem feito.
O percurso da Ecopista do Tua, desenvolve-se pelo canal da antiga Linha Ferroviária do Tua, que em Foz-Tua fazia a ligação com a Linha do Douro e dali levava os passageiros em linha estreita para o interior transmontano. Em 1887 foi inaugurado o primeiro troço até Mirandela e em 1906 foram completados os seus 133 kms de extensão até Bragança. No seguimento dos encerramentos unilaterais de muitas linhas férreas deste país, em 1991 o troço entre Bragança e Mirandela foi definitivamente encerrado. Os carris e o material circundante foram sendo retirados, mesmo perante a oposição e os protestos das populações. Em 1995 foi reaberto o troço entre Mirandela e Carvalhais para o Metropolitano de Superfície, sendo a exploração do serviço de passageiros realizada pela empresa “Metro de Mirandela”, serviço que já foi desactivado. A circulação ferroviária manteve-se entre Mirandela e Foz-Tua, entrando sucessivamente em declínio, resultando em graves acidentes ocorridos entre 2007 e 2008. Os carris são então arrancados e é iniciada a construção da barragem de Foz-Tua, o que leva ao encerramento definitivo desta linha de comboios, considerada por muitos (infelizmente nunca a percorri) como uma das mais belas do mundo.
A reconversão em ecopistas, ecovias e ciclovias destes antigos canais ferroviários é uma forma dos municípios aproveitarem e preservarem parte deste património abandonado. O investimento para fins recreativos e turísticos permite ao novo utilizador conhecer o remanescente património paisagístico e arquitectónico das antigas linhas de comboio. Desta forma pode-se conhecer, ou recordar, quase à mesma velocidade das viagens do passado, o traçado serpenteante destes canais rasgados pela força do Homem. Contemplar paisagens magníficas sobre os vales escarpados dos rios. Conhecer a riqueza cultural, a natural e das populações. Visitar recantos deste património da humanidade entre socalcos e serras. Divulgar a cultura de um Portugal profundo e que era tão bem servido por este magnifico meio de transporte.
Nesta epopeia de três dias, o cicerone Manuel Couto e este que se fez convidado viajamos com as nossas companheiras de duas rodas no comboio Miradouro ao longo do rio Douro para, no Pocinho, iniciarmos a pedalada, tendo como destino final a pequena aldeia transmontana de Romeu. Ao invés da primeira vez que lá fui, e que percorremos de bicicleta o que resta da antiga Linha Ferroviária do Corgo entre a Régua e Vila-Real, desta vez aproveitando o asfalto da EN102, em lugar de reviver o gradual esplendor panorâmico da Ecopista do Sabor, encurtamos de sobremaneira a pedalada, sem, no entanto, acumularmos um bom esforço para lá chegar.
O primeiro contacto que tive com a ciclovia da antiga Linha do Tua foi no curto troço asfaltado dentro da cidade de Macedo de Cavaleiros. No centro, a antiga estação foi remodelada e reparei no cuidado que tiveram em construir uma espécie de “estação de serviço” para os ciclistas, com biciparques, ponto de carregamento para e-bikes e uma estação para lavagem e pequenas reparações. Ponto negativo que tenho a apontar são os inúteis balizamentos existentes ao longo da ciclovia. Certamente que estruturas deste tipo se justificam para a segurança dos ciclistas, sobretudo no cruzamento com as estradas, mas no caso, muitas delas não se justificam e só dificultam a passagem dos ciclistas, especialmente aqueles que viajam em modo bikepacking com alforges laterais nas bicicletas. Depois, o ciclista mais afoito para evitar entrar nestas “ratoeiras” passa à volta em algumas delas!
Após o jantar, e de iluminação ligada pela estrada afora, fomos dormir a Romeu para continuarmos a jornada no dia seguinte.
(aqui o registo “stravico” da jornada)
Antes de darmos ao pedal, juntou-se o Joel e assim se formou um trio ciclocurioso, um numa bêtêtê pura, outro numa espécie de motocross a pilhas e eu numa aspirante a gravel bike e que se fez grande. Seguindo a primeira sugestão do Couto, fomos revisitar e dar a conhecer ao Joel as memórias de Clemente Menéres, industrial portuense que nos finais do século XIX revolucionou a região, especialmente na exploração da cortiça. Abandonámos as bicicletas no mato e subimos a fraga granítica onde se tem um dislumbre mágico da Natureza envolvente.
Pelo caminho confirmou-se estar aberto à circulação o ultimo troço recuperado do antigo canal ferroviário da Linha do Tua e assim se decidiu rumar a Macedo de Cavaleiros. O traçado em gravilha está inserido na mata do Quadrassal, uma extensa mancha natural de sobreiros e bosques de sobreiro e zimbro. Território integrado na Rede Natura 2000, uma área protegida tutelada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, que abrange a União de Freguesias de Avantos e Romeu, as freguesias de Cedães e de Vale de Asnes, no concelho de Mirandela, e a freguesia de Cortiços, no concelho de Macedo de Cavaleiros.
Depois de um reforço calórico decidimos ir pedalar junto às calmas águas da Albufeira do Azibo, por um trilho suave, local de grande beleza e importância turística, mas sobretudo ecológica. Depressa chegamos à famosa praia fluvial, onde nos detivemos para um bom almoço e dali traçarmos os objectivos para o resto do dia, antes do regresso à aldeia de Romeu para o repasto no Restaurante Maria Rita.
Ficou logo decidido que iriamos fazer o trilho em “loop” de 25km à volta da albufeira, mas ainda antes dessa aventura, e para se fazer uma boa digestão, demos uma saltada a Podence para algumas tropelias. A aldeia estava muito mais calma, tendo em conta a última vez que por lá andei, e depois de umas fotos e explorações, os caretos não quiseram saber de nós, e nós descemos de novo à praia, para o inevitável mergulho antes da boa da suadela.
Ainda envolvidos pela serenidade das águas azuis da albufeira e pelas margens arborizadas que a rodeiam, aos poucos a rota tornou-se desafiante. O trilho sai das margens e à passagem junto à aldeia de Santa Combinha dá-se o inicio a um sobe e desce sem misericórdia. A minha Maneirinha não se fez rogada, nem aos declives e muito menos ao terreno inóspito para uma bicicleta com pneus de 30mm! Claro que, para o meu bem-estar físico, respeitei o terreno e apeei nos pontos mais complicados do percurso, especialmente quando tinha demasiada areia e pedras soltas.
À medida que fomos explorando uma das joias naturais de Portugal, deixamos de vislumbrar as águas e ficamos embrenhados pela mata de sobreiros, pela solidão e pela vida selvagem. Consultando o traçado no GPS, mergulhados na beleza da natureza e desfrutando de vistas deslumbrantes, descemos de novo à tranquilidade das águas da albufeira e a um céu repleto de nuvens lenticulares. Por alturas da barragem do Azibo seguimos por estrada para Vale da Porca, onde após um lanchinho e pedalada mais rápida, junto ao antigo apeadeiro de Castelãos retomamos o alcatrão da Ecopista. Deste local em diante, na direcção de Bragança, o antigo troço da Linha do Tua permanece abandonada e à espera da reconversão. Recolocamos os pneus no asfalto da ciclovia e mais à frente a terra batida da Ecopista em direcção a Romeu.
Definitivamente esta rota é perfeita para caminhantes e amantes da natureza, para o lazer de um dia em família, para ciclistas de todos os níveis de habilidade usufruírem de uma experiência agradável, que tanto pode ser um passeio tranquilo ou uma aventura deslumbrante.
(aqui o registo “stravico” da jornada)
No terceiro dia da nossa jornada, com o bacalhau do Maria Rita bem digerido mas com a mousse de chocolate com azeite ainda no pensamento, arrumadas as trouxas fizemo-nos à estrada e retomamos o troço de Ecopista que ainda faltava percorrer, de Romeu para Mirandela. Antes disso, o Couto levou-me a um dos pontos altos da, também conhecida como, aldeia das rosas: o Santuário de Nossa Senhora de Jerusalém, pequena capela rodeada de olivais e que fica bem no alto, de onde se pode desfrutar de uma paisagem sublime.
A história de Jerusalém do Romeu está intimamente ligada à história da família Menéres, ao fundador e descendentes que aqui investiram na agricultura e criaram postos de trabalho e condições à fixação dos seus trabalhadores e famílias. O fundador Clemente Menéres foi também o grande impulsionador da construção do caminho de ferro, principalmente para o escoamento da cortiça. Velho edifícios, como a antiga escola primária, os armazéns da Quinta do Romeu e a abandonada estação de comboios, são construções que resistiram ao tempo e preservam o passado. Outro local de muita e surpreendente história, que juntamente com o Restaurante Maria Rita atraia visitantes, era o Museu das Curiosidades, que duplamente tive a oportunidade de visitar mas que infelizmente foi encerrado.
Passada a antiga passagem de nível, onde se atravessa a EN15, uns metros mais à frente, temos a primeira interrupção na progressão pela Ecopista. A antiga ponte ferroviária de Jerusalém do Romeu ainda não foi restaurada, fazendo com que para se retomar a pista da outra banda do vale, o cicloturista ter de fazer um pequeno desvio, primeiro com uma suave descida, para, posteriormente, enfrentar a correspondente e exigente subida.
A partir deste ponto da Ecopista, a paisagem muda radicalmente, fazendo com o que o ciclista cruze terrenos agrícolas e vinhedos. O trilho segue ao lado da estrada nacional até que, após passar ao lado da povoação de Vale de Lerda, volta a ver interrompida a passagem por outra ponte ferroviária com a data de restauro em suspenso. Novo desvio e novo cruzamento numa desactivada passagem de nível, a Ecopista da extinta Linha do Tua segue agora a EN15 pela berma esquerda até ao cruzamento/rotunda para Carvalhais. A partir deste ponto para se entrar em Mirandela o ciclista poderá recorrer às faixas cicláveis desenhadas no asfalto, enquanto pode ir observando o troço agora abandonado do antigo Metro de Mirandela até à estação de comboios no centro da cidade.
Preparados para forrar os estômagos com o tradicional rancho à transmontana, com os bilhetes comprados para o autocarro das 18 e tal, fomos de barriga cheia fazer uma sesta para a relva refrescante da praia fluvial de Mirandela. Entretanto, e na incerteza quanto às exigências de transporte de bicicletas pelas transportadoras rodoviárias diz respeito, fizemos uma tourné ciclística pela cidade, visitando lojas dos chineses à procura dos maiores sacos de lixo do mercado. À hora marcada, na estação rodoviária, chegava o autocarro da FlixBus proveniente de Bragança e com destino ao Porto, abordamos o simpático motorista que, exibindo a sua proeminente barriguita, nos convidou a colocar as bicicletas sem requisitos no porão do autocarro. Depois disse-nos que também ele, em tempos, havia pedalado bicicletas!
(aqui o registo “stravico” da jornada)
Obrigado pelo convite amigo Couto. Venha a proxima aventura.
paulofski @ na bicicleta
Publicado em 21/08/2024 às 13:57
Temas: bicicleta 1 carro a menos até Santiago bêtêtê bicicletas bué de fixes bike bike to home bike to work bikeporn BTT Lousada Caminho Canyon carbono cicloturismo dos malucos das biclas voadoras estrada fotografia gravel longas pedaladas Maneirinha motivação outras coisas Rafael Ride Your Workout Roadlite
A proporção de bicicletas que possuímos é, como todos sabemos, N + 1, onde N é o número de bicicletas que temos e o +1 é aquela que sonhamos vir a ter. A simples troca de bicla não se aplica aqui.
Esta ânsia de encontrar uma boa justificação para ter mais uma bicicleta é evidente na mente da maioria dos ciclistas.
Longe vão os dias quando uma bicicleta servia para todas as ocasiões. Usada e abusada, no processso de aprendizagem, nas voltinhas ao bairro com os amigos, compartilhada entre os irmãos, passada de pais para filhos.
Hoje em dia o mercado é cada vez mais variado e as bicicletas são mais especializadas, criadas de acordo com algo mais específico e que supostamente necessitamos. Agora não é tanto o caso de nos adaptarmos a elas, mas escolher a “máquina” que melhor se adequa à necessidade do utilizador.
Há uma bicicleta certa para cada função, seja para um trilho de cascalho, estradão enlameado, para utilização urbana ou rodar por longas horas em alcatrão lisinho. A bicicleta é escolhida especificamente para dar o melhor rendimento ao exercício que desejamos, à segurança, ao ritmo e finalidade da pedalada.
As marcas e designers vêm nisto do N + 1 uma boa razão para manter activas as necessidades e sobretudo os caprichos individuais. É um desafio permanente de evolução tecnológica, que acontece bem na frente dos nossos olhos e que estimula querer o mais sofisticado. O mercado faz o seu papel no incentivo para o “upgrade”, reforçando o desejo de expandirmos horizontes e tentarmos algo diferente.
“Qual será a tua próxima bicicleta?” É quase certo que a resposta esperada é “o último modelo”, mas uma coisa é o que queremos e outra é o que podemos ter. O factor económico é preponderante e na mente do pretendente, para fazer novo investimento só precisa se certificar junto da sua “cara metade”. Ou então não, e parte destemido para o elemento surpresa. “Querida…”
No “parque velocipédico” lá de casa tenho uma Del Sol LXi comprada em 2003 na ETIEL, aka Ciclo Coimbrões. De acordo com as especificações da minha “cara metade”, esta bicla de alumínio, tipo beach cruiser, fê-la voltar ao selim e durante alguns anos a acompanhar-me em passeios à beira-mar, até que um tal de síndrome vertiginoso apareceu e obrigou-a a pôr termo às pedaladas.
Ficou guardada, sendo oportunamente adoptada pelo herdeiro e que o ajudou a fortalecer tanto o seu crescimento bem como a desenvoltura das suas pedaladas recreativas / escolares. Entretanto o rapaz botou os olhinhos em algo mais cross e mais trail, e a velha bina voltou para o banco de suplentes.
A Maria Del Sol é uma ótima bicicleta e fui incapaz de me desfazer dela. Aproveitei as suas potencialidades para a tornar numa espécie de rain cruiser, sobretudo para ser usada nas minhas pedaladas “commutianas” diluvianas. Com pneus mais largos e guarda-lamas à maneira, um resistente porta-couves a apoiar um volumoso par de alforges, inevitavelmente ficou muito mais pesada, mas a lentidão da pedalada nunca me desencorajou a investir nela, sobretudo em calços de travão.
Depois de vários anos e quilómetros de bons serviços estava a pedir nova manutenção geral. A idade, a dela e a minha, começavam a pesar, e assim que me deparei com este modelo “Roadlite CF8” da Canyon, achei que seria uma boa oportunidade para a Maria Del Sol passar à reforma.
As dúvidas em comprar uma bicicleta via online eram bastantes, no entanto foram sendo afastadas com a ajuda da competente assistência de comunicação com a marca, bem como no processo de compra e posterior envio e preparação da bicicleta.
Especialmente estimulado pelo preço promocional, pelas características híbridas desta fitness bike, depois de muito pesquisar e matutar mandei-a vir, sem sequer a ter experimentado. Segundo os critérios da marca, estando eu na fronteira de tamanhos entre um XS e um S, veio o XS, não só porque era o único tamanho disponível, mas no que diz respeito ao quadro de bicicleta, o mais pequeno torna-se sempre mais fácil de configurar para o nosso corpo acomodar.
Assim que chegou o caixote, a desembalei e montei, permiti que fosse o herdeiro a dar-lhe os primeiros giros dos pedais. Muitos minutos depois o Rafa lá voltou e o seu entusiasmo era por demais evidente: “Pai, posso ficar com ela?” Eh pá!… Parece que acertei nisto!
Não sabia bem o que esperar quando, pela primeira vez, passei a perna sobre a esta pequena máquina. Pensada para uma utilização sobretudo urbana, para circular em todas as condições climatéricas, a Roadlite CF8 é, ao fim e ao cabo, uma bicicleta de estrada, leve e rápida que, por acaso, tem um guiador plano em vez do dropbar tradicional. A geometria do esbelto quadro e dos periféricos em carbono, fornecem um excelente comportamento e o ajuste que se espera de uma “estradeira” de alto desempenho.
O prato único de 46 dentes é suficiente e competente na transmissão de potência ao SRAM NX Eagle. A simplicidade mecânica do escalonamento das 12 velocidades, do 11 aos 50 e vice-versa, é bastante rápido e suave. Com facilidade se trocam as velocidades, não comprometendo a eficácia e o desempenho em relação a uma transmissão tradicional, o que oferece maior amplitude de andamentos, especialmente para ajudar as pernas nas subidas mais íngremes.
Os travões de disco eram uma novidade para mim. Não sendo topo de gama, são hidráulicos, dando-me a garantia e confiança necessária que exercem cabalmente a sua função, especialmente nas pedaladas à chuva. As rodas 650b que a Canyon equipou neste modelo, tornam esta bicicleta ainda mais manobrável e eficiente. Os pneus tubeless de 30mm, G-One Speed da Schwalbe, são excelentes para uma pedalada eficaz na estrada, confortável no paralelo, sem sacrificar a tracção em estradões de terra e gravilha. Os originais guarda-lamas para o inverno também vieram e que nela serão instalados no devido tempo.
O guiador plano acrescenta um nível de conforto e versatilidade para as pedaladas urbanas que é difícil de encontrar numa bicicleta de estrada convencional. A posição de condução facilita o equilíbrio e desempenho sem sacrificar a velocidade. A estabilidade e a manobrabilidade, tornam a Roadlite bastante versátil nas deslocações diárias, na disputa com o trânsito na hora de ponta, já para não falar da simples alegria de percorrer estradas rurais tranquilas ou caminhos de cabras pela Natureza.
Desde há coisa de um mês aos comandos desta minha ultima aquisição, só agora faço a sua apresentação e o relatório de boas vindas porque, para além das rotineiras voltas diárias pela cidade e arredores, esperei para fazer um longo e completo test ride à Maneirinha, como lhe chamo.
No passado feriado acompanhei um grupo de amigos em parte dos caminhos de Santiago pela costa portuguesa, para depois fazer o consequente regresso por asfaltadas estradas interiores. Esta voltinha proporcionou fazer uma completa e exigente rodagem em diferentes tipos de terreno, numa distância considerável. Resumidamente, a bicicleta teve nota positiva com distinção.
A direção rápida e estável torna mais agradável percorrer sinuosas estradas rurais e contornar curvas apertadas, bem como nos trilhos de gravilha e areia. Pedalar com uma pressão pneumática mais baixa permite receber todo o conforto e segurança dos pneus, seja no paralelo mais manhoso, seja no fofinho asfalto. Aprecei bastante a leveza do conjunto, especialmente quando fui obrigado a carrega-la em ombros pela praia. Nunca me imaginei subir com desenvoltura a ingreme e agressiva Rua do Ferraz e a resposta rápida à força nos pedais foi brutal. Também apreciei o guiador plano e a posição um pouco mais vertical que desfruto aos comandos da bina, o que ajuda a gerir e melhorar a postura, tornando mais fácil manter-me atento ao trânsito à minha volta, sobretudo quando cruzamos alguns centros urbanos.
O selim é definitivamente o ponto fraco da bicicleta. Sofrível para os commutes curtos, é absolutamente desconfortável para o rabo suportar as longas horas a pedal. Valeu-me a carneira dos calções! Este é porventura o único componente que definitivamente será substituído num futuro próximo.
Concluindo. Gosto bastante da versatilidade da Maneirinha e tenho a certeza que foi uma excelente aquisição para o parque velocipédico lá de casa. Embora não pense trocar nenhuma das outras minhas beldades pedaláveis, Sua Alteza, a gOrka, a bamBina, por uma bicicleta de plástico carbono, que não é uma coisa nem outra, mas tudo numa bicla só, é fácil perceber a afeição que ganhei por esta biclazinha.
paulofski @ na bicicleta
Publicado em 23/07/2024 às 11:53
Temas: marcas do selim a chuva não atrapalha Arouca à chuva bicicleta boas pedaladas Castelo de Paiva ciclismo cicloturismo ciclovia diz que é verão Douro estrada fotografia fotopedaladas Furadouro longas pedaladas motivação outras coisas Porto randonneur randonneurs portugal ride with friends roda de amigos workers ride
Este dia estava programado há semanas, verificar in loco o trajecto que desenhei para um possível brevet 200 dos Randonneur Portugal, com saída e chegada ao Porto.
O meeting point no Jardim do Calem, á hora marcada, para além do Miranda, do Pawel e do Jorge, a chuva também marcou presença! Mas onde estava o apetecido dia maravilhoso banhado pelo sol de Julho? Pois… encolhidos, sob uma morrinha “bué da chata”, foi a maneira de se começar a pedalada. Ao longo da manhã, a chuvinha “molha-tolos” deixou estes quatro tolos molhados até aos ossos.
Rumamos ao longo da costa, e um suave, mas desgastante, vento de sul misturado com o ar grosso e húmido não mostrou sinais de aliviar até à nossa investida para o interior. O Jorge seguiu outro rumo, e foi bem para lá da nossa passagem pela engalanada Terra de Santa Maria, e do seu imponente castelo, que a viagem foi, pouco a pouco, ficando mais seca e luminosa.
O objectivo é explorar o território e a fórmula é a certa: estradas sinuosas, a maioria com mau piso, povoações quase desertas, no meio do nada, aromas e testemunhos em busca do prato do dia. Aqui está o segredo do ciclismo, o gosto de ir descobrindo, na pedalada lenta ao ritmo do nosso próprio esforço. Procurar um petisco que possamos saborear, desvendar os segredos que as mães apaixonadas pela sua terra preparam com tanto carinho e dedicação. É verdade, a barriga já dava horas, e quando se pode aliviar o rabo do selim, ouvindo os sinos do início da tarde, é não só um pretexto mas sobretudo um alívio.
Com alguns erros no desenho do percurso, que doravante será coisa para se ir afinando no papel, a tournée prosseguiu calma. As estradas são geralmente tranquilas e sem muito tráfego. A geringonça ia-nos guiando na direcção certa, supostamente, mas o nosso sentido de orientação ia lançando alertas quando se avistavam inesperadas e ingremes rampas que nos apareceram pela frente. E foram algumas.
Agora está sol. Arouca seria o prato seguinte, sem, no entanto, acrescentar a Serra da Freita à sobremesa. O rumo seguiria serpenteando o fundo do vale, palmilhando quilómetros de suaves subidas e descidas, sem qualquer agressividade. O sol polvilhava o seu calor, e para usufruirmos do ar fresco pedalamos de peito aberto, secando a roupa na corda bamba.
Em plena época de romarias, a balburdia dos festejos e os cortes de estrada atrapalham de alguma forma. Abrandamos e espevitamos a curiosidade com o pé no chão. Sair dali resultou em grande desacerto. Consultada a bussola retomei definitivamente o rumo certo e apanhei os compinchas mais à frente, em plena subida ao Monte de Santo Adrião. Se formos devagar pela sombra e sem o frenesim rodoviário, o maior presente que podemos receber é o de poder ver tudo.
Nestas longas e extensas pedaladas, há quem as interprete como um desafio para si próprio, quem percebe a viagem como um mero passeio, parando para conversar sempre que pode, talvez com a desculpa para roubar uma laranja, esperar a malta para reagrupar, tirar mais uma fotografia a paisagens que só precisam de ser admiradas. Só desculpas!
Podemos sentir o cheiro do monte, daquelas flores que crescem espontaneamente nas bermas entre uma estrada esburacada e o mato rasteiro. Nas retas há sempre oportunidade para uma boa conversa, escutando o balido das ovelhas seguido do chilrear dos pássaros. Nas curvas, o tempo de repente fica em silêncio e entra-se num vórtice, girando os pedais em modo automático, com as costas ao vento.
Os atalhos sugeridos pelo planeador de percursos tem por vezes o condão de nos levar a pequenos tesouros escondidos. Nas vielas das aldeias, aquele empedrado que faz a corrente chacoalhar no metal e o selim cada vez mais tormentoso. Cores que logo se uniformizam com as casas. As tradições que não se diluíram ao longo do tempo, que saltam à vista pintando molduras do modo de vida de homens e mulheres do campo.
O céu parece parvo… pardo, todo escurecido e eu me pergunto se vai morrinhar ou chover! É certo que vai. Novelos ásperos de nuvens sombrias e o vento espiam-nos por cima do horizonte. Pedalamos ao vento. subindo por Capela, asfalto que sempre pedalei, descendo para a velha estrada ao longo do rio. Eis a chuva prometida, aborrecida, intrometida, para o final da corrida.
Ao Porto chegamos, encharcados da cabeça aos pés, e aí eu penso que na bicicleta cada vez é diferente. Um dia inteiro a viajar de bicicleta tem uma certa incerteza (!). Primeiro estamos um pouco desconfiados do tempo, depois começamos a descobrir coisas, entretanto desafiamos a escalada e ganhamos. Experimentamos um atalho e perdemos. O calor escaldante e a chuva inclemente. A oportunidade de tentar outro caminho. E colocar o coração em paz. Mil coisas novas a cada vez.
MUBi @ MUBi
Publicado em 28/06/2024 às 12:31
Temas: associação conferência consulta pública contributos eventos política vantagens da bicicleta camaradagem coimbr'a pedal comunidade Debate urbanismo
A nossa acção em Coimbra, entre 1 e 2 de Junho, foi motivada pela vontade de colaboração, de proximidade cara a cara, de companheirismo, pedalada a pedalada.
A vontade de estar presente em distintos territórios, espalhando a magia da bicicleta e mostrando como ela é, não só viável, mas única, como modo de transporte e [...]
paulofski @ na bicicleta
Publicado em 20/06/2024 às 11:55
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Um dos meus habituais percursos pós-laborais passa pela quietude dos parques Oriental e Urbano de Rio Tinto, para depois ter de gramar com o reboliço rodoviário da Estrada Exterior da Circunvalação (N12) a caminho de casa.
Uns metros antes de eu desembocar na Circunvalação contorno o nó de Rebordãos (N12-1), do qual uma nova e larga estrada, “rasgada” e inaugurada recentemente, sai em direção ao interior de Rio Tinto. Como essa via não segue na minha direcção, ainda não me havia aguçado a curiosidade de ir por ali à descoberta, até que um destes dias decidi virar a bicicleta a norte e finalmente conhecer aquilo.
Não fui muito longe. O trânsito circula naquela via apenas nos seus 300 metros iniciais, entre o nó e a nova rotunda da Rua da Castanheira. A partir daí a Via Nordeste, assim chamada, está bloqueada ao trânsito e com a obra parada a meio.
A futura Via Nordeste (pedonal e ciclável), entre Rebordãos e a Rua da Granja, encarada como “uma das principais vias do concelho com vista à promoção de uma melhor fluidez de trânsito, para o interior e exterior de uma das freguesias do concelho de Rio Tinto”, ligará, nesta fase, o nó de Rebordãos à Rua da Granja numa extensão de 2,2 km, com um prazo inicial de execução de 730 dias. Posteriormente será feita a ligação à Via Estruturante Norte-Sul, permitindo criar um anel rodoviário em torno de Rio Tinto e Baguim do Monte, assim como a ligação à A4.
A Câmara Municipal de Gondomar (CMG) ainda não obteve autorização para cortar os 32 sobreiros que estão a impossibilitar a conclusão da Via Nordeste. Parada a construção, entretanto abandonada pelo empreiteiro, esta paragem da obra já gerou prejuízos de cerca 4 milhões de euros ao município de Gondomar, segundo a imprensa. Este impasse burocrático dura há dois anos e, sem fim à vista, o presidente da CMG, Marco Martins, enviou entretanto uma carta à nova ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, a pedir ajuda.
Na origem da situação, diz o autarca, está um desentendimento entre o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Explicação:
“Desde abril de 2022, duas entidades sob tutela do Ministério persistem em solicitar informação contraditória. O município sempre considerou que a Via Nordeste não necessitava de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) por ter uma extensão de cinco quilómetros (inferior a dez quilómetros que é a extensão a partir da qual é exigível AIA”, descreve Marco Martins. O presidente refere que “o ICNF exige uma declaração da APA de pronúncia do enquadramento no âmbito do Regime Jurídico da Avaliação de Impacte Ambiental, declaração que o município tem vindo a solicitar desde março de 2022, com várias insistências que a APA nunca esclareceu, confundindo os troços da Via Nordeste”.
paulofski @ na bicicleta
Publicado em 16/05/2024 às 7:37
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paulofski @ na bicicleta
Publicado em 26/04/2024 às 10:48
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