Lago Atitlán - Lugar de Vulcões e Povoações Indígenas 

Unknown @ América a Pedal

Publicado em 20/06/2016 às 22:00

Temas: Bicicultura Guatemala


Foi em San Lucas que pela primeira vez vimos aquele que dizem ser o lago mais bonito do mundo.

Atrás de nós, ficou a estrada da costa do Pacífico pela qual pedalámos desde que saímos do México e cruzámos a fronteira. Gostámos deste caminho quase plano e que sabiamente esconde as grandes e famosas montanhas da Guatemala, conhecida como o país dos 33 vulcões. Trinta e três! 

Aqui, neste primeiro país da América Central, somos convidados a entrar no anel de fogo do Pacífico e sabemos que a mãe-terra pode tremer a qualquer momento.
Debaixo deste chão, as entranhas do planeta revolvem-se e acomodam-se, a temperatura sobe e, se tivermos sorte, podemos ainda ver os cumes fumegantes ou até salpicos de lava incandescente a aterrar nas encostas dos vulcões ainda ativos.

Queríamos descobrir este lado, o dos vulcões, das montanhas, das estradas inclinadas e das paisagens cheias da beleza que se expressa em diferentes tons de verde. Mas para isso, teríamos de subimos ao lago!

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Fizemos o início do caminho nas bicicletas. Mas, à medida que avançávamos, a encosta inclinava-se mais e mais debaixo das duas rodas e as nossas pernas queixavam-se enquanto pisavam os pedais. Sentimos vontade de amaldiçoar cada quilo de bagagem e praguejámos contra o intenso calor húmido que insistia em acompanhar-nos tornando o caminho (ainda) mais difícil.

A dado momento, dissemos que talvez não precisámos de defender o purismo da bicicleta (especificamente!) naquela encosta e decidimos aliviar o custo da subida esticando o braço na estrada, levantando o polegar e fazendo o sinal universal de pedido de boleia.

Esperámos um pouco e algum tempo depois, parou junto a nós a pick up que o Mardi conduzia. Gentilmente, ele aceitou levar-nos e nós sorrimos de alegria, enquanto desfrutávamos da leveza da conversa que fluía por entre as curvas que subiam acentuadas. Quando passámos perto de San Lucas, o Mardi parou para nos deixar. Despedimo-nos e pedalámos os poucos quilómetros que nos separavam da pequena cidade aninhada aos pés dos vulcões Atitlán e Tolimán.


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Parámos por ali, passeámos na praça central, fomos ao mercado e aproveitámos a calma desta povoação pouco turística para contemplar a presença ainda forte das tradições indígenas. 

Deixámo-nos ficar durante um dia e na manhã seguinte rolámos até Santiago.

No sobe e desce da estrada que rodeia o lago fomos encontrando vistas lindíssimas e fizemos muitas paragens para tirar fotografias. A distância era curta e rapidamente nos aproximámos da cidade.

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Na chegada, a paz que tínhamos encontrado em San Lucas e pelo caminho, desvaneceu-se.
Ali, assim que Santiago nos recebeu, fomos “assediados” por pessoas que insistiam em oferecer-nos viagens de barco ou um hotel para nos hospedarmos, querendo que fossemos com eles ver os lugares. Não gostámos desta insistência e negámos as ofertas da forma mais cordial que conseguimos. Sentámo-nos na praça principal, enquanto pensávamos se ficávamos ou não por na cidade.

Não nos deu vontade de ficar…

Decidimos continuar e apanhámos uma lancha para San Pedro la Laguna.

Lá, ficámos felizes por ninguém nos abordar enquanto saíamos do embarcadoiro e tomávamos tranquilamente o nosso tempo para pedir informações e procurar hospedagem.

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San Pedro tinha uma energia diferente. Agradável. Misturava harmoniosamente os turistas com as pessoas naturais daquele lugar, povos descendentes da civilização maia. Por todos os lugares ouvíamos falar em Tz’utujil (dialeto maia) e deliciavam-nos com os trajes coloridos e tradicionais dos habitantes.

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 Ficámos vários dias.

Subimos ao vulcão San Pedro numa caminhada de 3 horas, por um trilho bem inclinado. Lá de cima vimos o lago em imponente em beleza. Um regalo para a alma. Numa só paisagem, ali estavam reunidos (quase) todos os deuses maias presentes nos elementos da Natureza. O deus da Terra, do Vulcão, do Lago, do Céu e certamente muitos outros que desconhecemos e que enaltecem o esplendor divino daquele lugar onde podemos tocar as nuvens!

A subida ao vulcão e respetiva descida são bem exigentes pelo que se recomenda um bom dia de descanso a seguir.

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Também desde San Pedro, apanhámos uma lancha para visitar San Marcos la Laguna.

Esta povoação é pequenina e transformou-se num lugar de retiro, excelente para quem procura experiências mais espirituais, quer fazer meditação ou desfrutar de aulas de yoga.

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É um lugar bastante calmo, ótimo para as vidas agitadas que pedem uma pausa...

Ainda assim, apesar do ambiente acolhedor, senti que a pequena povoação estava bastante descaracterizada e demasiado adaptada ao turista estrangeiro. Os menus dos cafés estão em inglês, quase todos os locais que oferecem serviços são de pessoas estrangeiras e, na minha opinião, isso faz com que sintamos que San Marcos tenha perdido alguma da sua essência indígena e guatemalteca. Por essa razão gostámos mais de visitar San Pedro ou até de Panajachel.

Foi lá, em Panajachel que terminámos a volta ao lago Atitlán.

Tinha lido em vários blogues, de outros viajantes, que esta cidade lhes tinha parecido demasiado turística e que, poucas horas depois de terem chegado, já estavam a encaminhar-se para outros lugares, fugindo dali.

Sem negar que, de facto, é uma cidade turística não fiquei com a mesma opinião. Senti que quando saímos da rua onde estão quase todos os hotéis e mercados para acolher os estrangeiros, voltamos a entrar numa cidade inteiramente guatemalteca, com o seu mercado municipal, a praça com a igreja ou as ruas de trânsito confuso e desalinhado. Tivemos ainda oportunidade de estar lá num dos dias em que se realiza o mercado do traje, em frente ao posto dos bombeiros. É um mercado pequeno mas cheio de boas oportunidades para quem quer comprar tecidos locais ou peças de roupa tradicionais.

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Por outro lado, é também em Panjachel que está a Reserva Natural do Lago Atitlán. Este é um lugar pelo qual vale a pena fazer um passeio pois, para além de nos convidar a caminhar pelos trilhos recortados por entre o bosque, ainda inclui um borboletário onde se podem contemplar centenas de borboletas que esvoaçam graciosas e se pousam nas flores das inúmeras plantas. Nesta reserva também podemos aprender muito sobre o ecossistema do lago, a forma como tem servido as comunidades, as ameaças que o estão a deixar em perigo e as ações de proteção ambiental que procuraram minimizar os danos já causados a este bonito lugar.

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De Panajachel podem ainda apanhar-se com facilidade os transportes públicos para Sololá e Chichicastenago, localidades conhecidas pelos seus mercados. Recomendo sobretudo a visita ao mercado de Chichicastenago que é enorme, bonito e cheio de animação. Tem lugar às quintas e aos domingos e para além de nos perdermos por entre os muitos postos de venda (de tudo e mais alguma coisa) ainda podemos apreciar as práticas religiosas e de cura que os povos indígenas continuam a praticar nas duas igrejas localizadas no recinto do mercado.

Ainda que muitos turistas vão ao mercado em passeios organizados pelas agências de viagem, sinto que ir de transportes públicos é um complemento muito rico à experiência. Apanhar um transporte na Guatemala permite-nos viver intensamente a loucura da condução que se pratica por lá e ter uma noção real de como se movimentam as comunidades locais. Do ponto de vista da condução diria não é uma experiência segura. Temos de confiar que vai correr tudo bem porque aplica-se, literalmente, a expressão “Fé me Deus e pé na tábua!”, independentemente das condições da estrada. No entanto, no que diz respeito a outros aspetos é uma viagem perfeitamente segura para um estrangeiro. Ainda que nos sintamos como sardinhas em lata quando os autocarros enchem de uma forma que desconhecia ser possível, a viagem faz-se de forma fluída e divertida.

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Por todas estas razões (e com certeza muitas outras) estou certa de que quem decida visitar o lago Atitlán ficará deliciado com o passeio e com todas as oportunidades que ele oferece para se desfrutar da imensa riqueza natural e dos vários elementos da cultura dos povos Tz’utujiles, K’iche’s e Kaqchikeles. Vale a pena passar por aqui pelo menos uma vez.

Desejo-vos uma excelente viagem!

Hospedagem:
San Lucas Tolimán – Hotel Emanuel; 140 Quetzal por noite
San Pedro – Villa Sol; 100 Quetzal por noite
Panajachel – El Viajero; 125 Quetzal por noite
Nota: Todos os valores que pagámos nos hotéis foram regateados. O regateio é prática comum, não só nos hotéis, como nos mercados ou com outros vendedores.

Transportes Públicos:
Lanchas que ligam as várias povoações do lago:
Viagem de Santiago – San Pedro la Laguna; 25 Quetzal por pessoa (35 Quetzal com a bicicleta)
San Pedro la Laguna – San Marcos; 10 Quetzal por pessoa (Para São Marcos não levámos as bicicletas)
San Pedro la Laguna – Panajachel; 25 Quetzal por pessoa (35 Quetzal com a bicicleta)

Moto táxi de Panajachel para a Reserva Natural do Lago Atitlán; 10 Quetzal por pessoa

Autocarros de Panajachel para Chichicastenango:
Pana – Solola; 3 Quetzal por pessoa
Solola – Los Encuentros; 2,5 Quetzal por pessoa
Los Encuentros – Chichicastenango; 5 Quetzal por pessoa

Subida ao Vulcão San Pedro:
Custo do Guia; 150 Quetzal por pessoa (inclui transporte em moto táxi até ao início do trilho e também de regresso até à cidade). O passeio inicia às 6h da manhã.

Nota: Todos os valores dizem respeito a maio de 2016.





 

Andar de bicicleta durante a noite - Equipamento - Luzes de dínamo

Unknown @ Bicycling2012

Publicado em 27/05/2016 às 9:30

Temas: bicicleta como meio de transporte bicicleta de noite ciclismo dynamo hub dínamo de cubo e-werk LUMOTEC IQ Cyo T Plus Senso luzes de bicicleta Secula Plus

Como expliquei no último post, para mim, as luzes, para além de iluminar bem, têm de estar sempre prontas a utilizar e têm de poder ficar na bicicleta quando é necessário deixá-la estacionada ou presa enquanto tratamos da nossa vida. Estes aspectos práticos também garantem que podemos andar sempre que quisermos e durante o tempo que quisermos ou precisarmos. O facto de serem práticas de utilizar também garante que estamos sempre mais seguros.

Sempre que participei em eventos de longa distância, em que se pedalou pela noite e pela madrugada fora, senti que o facto de não ter de me preocupar com a bateria das luzes foi uma grande vantagem: pude concentrar-me apenas em andar de bicicleta.

Com uma solução de iluminação permanente, é só montar na bicicleta e está-se pronto a andar, seja dia ou noite, sem termos de nos preocupar se temos ou não a bateria das luzes carregada; as luzes estão lá e estão sempre prontas a iluminar. 

Na bicicleta de estrada que podem ver abaixo tenho instalado um sistema da Bush & Müller que funciona exclusivamente com um dínamo de cubo (um Shimano Deore XT VR Dynamo T785 100 DH).

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O dínamo está localizado no eixo da roda da frente.


Este tipo de cubos praticamente não tem atrito quando comparado com os antigos dínamos de garrafa, como os da imagem abaixo.

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O dínamo de roda faz parte da própria estrutura da roda, constituindo o respectivo eixo. 


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Vista do cubo de roda com o dínamo

Naturalmente, é mais pesado um pouco do que um cubo normal, mas gera 6volt de energia com 3W de potência sem se sentir que a está a produzir e sem qualquer ruído.

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Estas são as luzes que tenho utilizado. Na minha opinião, têm ambas muita qualidade e são fiáveis.

A iluminação que tenho na minha actual bicicleta é a 
que consta deste vídeo (a da frente, pelo menos)


Este dínamo alimenta as luzes, sendo que a da frente é responsável por fazer a gestão da iluminação. Esta tem um interruptor com três posições: desligada, luzes de iluminação diurna (daytime running lights) e sensor de iluminação.

Quando se liga a luz da frente, esta  acende imediatamente a de trás e ambas têm uma reserva de energia que as mantém acesas durante uns minutos após a nossa paragem. Este sistema garante que, quando paramos, por exemplo, num cruzamento de estradas.

O material que eu estou a utilizar é o seguinte:
      - Dínamo de cubo de roda - Shimano Deore XT VR Dynamo T785 100 DH
      - Luz da frente - Bush & Müller LUMOTEC IQ Cyo T Plus Senso
      - Luz de trás - Bush & Müller Secula Plus

Na próxima mensagem falarei do estabilizador de corrente E-werk que estou a utilizar em conjunto com as luzes de que vos falei hoje.  
 

Andar de bicicleta durante a noite - Equipamento - Luzes de bateria

Unknown @ Bicycling2012

Publicado em 20/05/2016 às 9:30

Temas: bicicleta como meio de transporte bicicleta de noite bicycle lights ciclismo luzes de bicicleta

Na minha opinião, uma das melhores experiências de bicicleta é andar de noite!

Digo-o seriamente. Andar de bicicleta de noite, em especial com companhia, pode ser verdadeiramente libertador.

No entanto, temos de nos precaver contra os perigos que podemos encontrar à nossa frente, bem como os que poderão vir de trás (automóveis, motos ou outros ciclistas mais rápidos e distraídos, por exemplo).

É impossível salientar suficientemente isto: uma boa iluminação é fundamental para se poder circular em segurança.

Falo de iluminação para ver e não necessariamente apenas para ser visto, pois aquelas luzinhas de LED miniatura iluminam muito pouco e, na minha opinião, também pouco vos fazem ser vistos.

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led bicycle light
Este tipo de luzes de pouco nos vale na maior parte das situações

Até chegar à minha solução de iluminação experimentei inúmeras possibilidades.

Como quase todos, comecei por aquelas luzes de LED que são alimentadas por umas pilhas AAA, mas rapidamente cheguei à conclusão de que necessitava de algo mais forte e com maior duração para andar de noite sem estar preocupado com a possibilidade de as baterias se acabarem antes da chegada...

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Este tipo de luzes, normalmente chamados de segurança 
(por não pretenderem sequer alumiar o nosso caminho) é um bom começo mas, na minha opinião, 
não é suficiente para nos trazer segurança e visibilidade à noite.

Entretanto, à medida que me fui apercebendo de que não eram suficientemente estáveis, duráveis e visíveis, fui procurando outras soluções mais poderosas.

Lembro-me de em 2013 ter comprado umas outras luzes LED com uma luz CREE Q5, com supostamente 240 lumens e com umas baterias especiais 18650 (são umas baterias com a forma das AA, mas um bom bocado maiores e com 3.6v de potência nominal, que, quando carregadas no máximo têm 4.2v). Este tipo de luzes tem 3 modos de potência (económico, médio e forte) e um quarto modo de funcionamento em que piscam com a frequência do S.O.S.. Para seleccionar o modo desejado, basta pressionar o botão que existe na base da lanterna.

Estas luzes têm vários problemas, na minha opinião: têm uma lente com uma má qualidade e espalham demasiado a luz, não focando o que é preciso (a estrada) e cegando quem vem em sentido contrário. Não servem, por exemplo, para se perceber se há um buraco ou alguma irregularidade na estrada. Na minha opinião a luz treme bastante nos modos de potência fraco e intermédio gerando até alguma confusão.

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Adicionalmente, no caso do meu par de lanternas, a lente de uma derreteu com o calor gerado pelo LED: a trepidação da bicicleta deslocou-o e este encostou-se à lente, derretendo-a... Para além disso,  algumas baterias 18650 são de pouca qualidade e, apesar de todo o meu cuidado, algumas ficaram danificadas ao fim de algumas utilizações! Estou em crer que isto poderá ter acontecido porque as lanternas não têm um sistema que proteja as baterias de uma descarga excessiva e eu poderei tê-las deixado acesas abaixo do limiar de segurança das baterias.


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Para além disso, enquanto aquelas luzes eram utilizadas, era muito comum ficar sem bateria no caminho ou ter algum tipo de avaria técnica.


Neste  vídeo estou a utilizar as duas lanternas: uma está visível no vídeo e 
a outra está no guiador, perto da câmara de filmar

Há também estas luzes que um amigo meu tem utilizado e acha bastante boas, quer em termos de luz, quer em termos de duração da bateria:



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Sei que há muitos ciclistas experientes que preferem luzes de bateria relativamente às luzes de dínamo, pelo que estou consciente de que a escolha de sistema de iluminação para a bicicleta é também uma questão de gosto. Há, de facto, luzes de bateria muito boas que duram muito e que têm uma iluminação muito homogénea.

Na próxima mensagem partilharei aqui as luzes que eu estou a utilizar actualmente na bicicleta que utilizo para fazer longas distâncias, de dia e de noite.
 

A LINHA DO CORGO EM BTT (parte 1 - de peso da Régua a Vila Pouca de Aguiar)

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 16/05/2016 às 15:05

Temas: Bicicultura Ecopista

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Ainda que apenas parcialmente condicionada como Ecopista a antiga linha do Corgo, ferrovia de bitola métrica que unia Régua a Chaves, tem condições para se tornar numa das mais interessantes de todo o país.  O troço entre Vila Real e Chaves foi encerrado em 1990, enquanto que a ligação entre a Régua e Vila Real foi desativada para obras em 25 de Março de 2009, sendo totalmente encerrada pela Rede Ferroviária Nacional em Julho de 2010.

É de referir o trabalho levado a cabo pelo município de Vila Pouca de Aguiar que é o único que se pode gabar de ter o traçado pavimentado e em condições de perfeita circulação a pé e de bicicleta.

Ainda assim é perfeitamente possível percorrer, de modo quase integral, os quase 100 kms. entre as localidades acima referidas.

Devo referir que, embora não preparado para ser percorrido suavemente, o troço entre a Régua e Vila Real é, provavelmente, o mais interessante ou não estivéssemos a percorrer o Douro vinhateiro. Todavia nos primeiros 3 kms. há que buscar uma alternativa rodoviária uma vez que a transposição do rio Corgo, a partir da Régua, se efetua por uma ponte ferroviária ainda em uso pela linha do Douro. No apeadeiro de Tanha a segunda dificuldade todavia facilmente superável para quem não sofra de vertigens. Trata-se da estrutura da ponte sem o respetivo tabuleiro o que implica uma travessia a pé, com a bicicleta ao ombro e com um ribeiro a correr bem rápido uns 30 metros abaixo. O passadiço dispõe, no entanto, de uma largura suficiente e nunca temos a sensação de correr perigo.

Depois é o delírio dos sentidos com o vale do Corgo e as vinhas até se chegar à estação de Vila Real 22 kms. volvidos não sem antes transpor inferiormente a imponente ponte da A4.

Seguem-se três quilómetros onde a infraestrutura é inexistente até Abambres, no limite de Vila Real onde a mesma recomeça. Este será o troço que nos conduz ás alturas da serra seguindo o curso do Corgo, cruzando a ponte do rio pequeno e transpondo o IP4 segue-se para N. e depois fletindo a E. passamos a A24 para a direita e novamente para a esquerda seguindo a poente com ela paralela agora pela serra e entrando, após o apeadeiro de Samardã, no concelho de Vila Pouca de Aguiar onde encontramos a via pavimentada.

É tempo de seguir pelo vale e de cruzar diversas povoações com os respetivos apeadeiros: Tourencinho, Gralheira, Zimão e Parada de Corgo. O landmark aqui é sem dúvida o duplo e imponente viaduto duplo da A24 que transpomos inferiormente e que cruza o profundo vale.
 

The Sun Trip (2015) - uma corrida épica com a energia do Sol

Unknown @ Bicycling2012

Publicado em 6/05/2016 às 9:21

Temas: bicicleta eléctrica electric bicycle RAAM solar bicycle The Sun Trip






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Já há algum tempo que me tinha comprometido a publicar uma pequena mensagem sobre a corrida "The Sun Trip".

O prometido é devido e, portanto, aqui está essa mensagem.

O objectivo desta corrida é demonstrar que é possível fazer longas distâncias sem emitir gases com efeito de estufa; que é possível viajar (de bicicleta, no caso) sem que essa viagem tenha qualquer emissão de CO2.

Para tanto, as bicicletas são equipadas com motores eléctricos cujas baterias são alimentadas exclusivamente por painéis solares fotovoltaicos. Se os participantes utilizarem outra fonte de energia eléctrica que não a fotovoltaica, serão desqualificados. 

Para os mais interessados, as regras da edição de 2015 estão aqui.

A edição de 2015 foi um pouco menos épica do que a de 2013, tendo o percurso inicial (de Milão, Itália,  a Astana, Cazaquistão), só de ida, sido substituído por um percurso circular, de Milão até Capadócia, na Turquia, e regresso. Isto num total de 7500 km. 

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Percurso inicial

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Percurso definitivo

A mundialmente famosa Race Across América (RAAM) tem cerca de 4500 km e é feita (não só mas também) por profissionais. Talvez a comparação não seja muito boa... pois na RAAM é suposto que as bicicletas não sejam electricamente assistidas...

Este ano, Bernard Cauquil completou os 7.500 kms em 22 dias! Fez uma média sempre superior a 300km por dia!

A sua bicicleta tinha algumas características muito interessantes: 
     1) era uma reclinada - mais precisamente uma Optima Baron Lowracer;
     2) tinha uma transmissão primária, desde o pedaleiro (pedivela) até um motor eléctrico colocado a meio da transmissão; e 
     3) depois tinha uma segunda corrente que partia desse motor eléctrico para um cubo de mudanças internas de variação contínua - pelo que percebo, um NuVinci.

Esta solução é engraçadíssima, não só porque o motor utilizado era de eixo (hub motor) e estava a ser utilizado como se fosse um mid-drive (motor que se situa na transmissão, entre os pedais e a roda motriz) que foi adaptado para ficar naquela localização, mas também porque o cubo de mudanças atrás não tem propriamente velocidades separadas umas das outras, sendo muito mais suave: tem uma lógica de funcionamento muito parecida com a "caixa de velocidades" das aceleras, em que há um variador contínuo que transmite a rotação do motor à roda de forma progressiva.

Nesta foto disponível no sítio oficial do The Sun Trip conseguem ver bem ao que me refiro:

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Bicicleta vencedora

Fica aqui um vídeo de toda a prova (também disponível para compra através do Vimeo ou em DVD), para vosso gáudio.



 

Via Verde de la Senda del Oso (Asturias)

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 3/05/2016 às 11:48

Temas: Bicicultura Vias Verdes

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No antepenúltimo dia de 2015 com um estranho calor primaveril foi tempo de percorrer de bicicleta a Via Verde de la Senda del Oso que transpõe os chamados Vales del Oso por uma antiga ferrovia de transporte do minério. É uma viagem de intensa beleza por locais singulares e mágicos e por uma natureza esmagadora que as Astúrias são pródigas em exibir.

Sendo uma Via Verde poderemos dizer que se juntou o útil ao agradável, isto é, o melhor da natureza asturiana por um caminho muito acessível nos cerca de 24 kms. que separam Trubia e Entrago pelos vales dos rios Trubia e Taverga.

A memória dos ursos asturianos está sempre presente encontrando até um cercado em Proaza onde vivem alguns exemplares.

De resto a agradabilidade é equivalente à beleza o que faz com que, esta via verde recomende uma visita. Existe a possibilidade de percorrer diretamente a partir de Oviedo unindo a Via Verde del Fuso embora acrescentando quase o dobro dos quilómetros.




 

Pela Sierra Sur de Oaxaca até à Costa do Pacífico

Unknown @ América a Pedal

Publicado em 6/04/2016 às 20:45

Temas: Bicicultura México


Escrevo desde aqui, Mazunte. Uma pequena aldeia, na costa do Pacífico.

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Deixei para trás os caminhos da Sierra Sur e a cidade capital deste lindo estado de Oaxaca.

Atravessar a serra foi uma bonita experiência… Apesar das suas custosas subidas e dos vários dias de muito calor. Os montes pintavam-se de verde e todos eles eram atravessados por uma estrada estreita que se desenhava como uma serpente. Delineava curvas bem marcadas em cada uma das encostas e dançava alternadamente com cada subida e descida.

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A minha bicicleta pedalou bem devagar em cada subida íngreme. Falava comigo e confessava-me o quão inclinado era aquele chão e como gostaria que fosse mais moderado… Disse-lhe que a compreendia… Demasiado bem, na verdade.

Respondi-lhe que quando chegássemos juntas lá acima, íamos saborear vagarosamente o gosto a conquista. De mais uma que fazíamos em equipa. 

Felizmente, ela aceitou e acreditou.

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Por entre as várias paragens pedidas (algumas quase suplicadas) fizemos curtos esforços que no final da equação se somaram em importantes valores de resistência e resiliência.

Alguns condutores acenavam, faziam aquele sinal de “fixe” com o polegar levantado e deixavam plantadas no caminho palavras de encorajamento… Desconfio que eles não sabem o quão importantes são aqueles pequenos incentivos.

A subida desenhava-se a verde… Cheia de árvores e de folhas que faziam crescer a sombra à medida que nos infiltrávamos no coração acolhedor da serra.

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Pela minha imaginação iam passando imagens da praia que nos esperava. Antecipava os mergulhos e inspirava uma vez mais, em contagem decrescente para o fim da grande subida.

O final do dia chegou e fizemos uma paragem para passar a noite num lugar muito especial. Uma cabana mais do que aprazível no meio do bosque. Uma verdadeira surpresa acessível ao nosso bolso, com uma vista soberba que se alcançava através do janelão do nosso quarto. Qual ecrã de cinema mergulhado na grandeza da montanha.

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Deixei o olhar posto naquela imagem e escrevi um postal que enviei a mim mesma e que recebi num daqueles recantos mágicos da memória. Dizia: – “Quero, um dia, poisar num lugar assim e deixar-me ficar.”

Aqui, também ficámos… um dia inteiro a saborear cada doce momento de pausa. Vimos como se aninham as nuvens no colo das encostas ao final da tarde e como no outro dia se desprendem suavemente a meio da manhã. Refrescaram-nos!

No dia que escolhemos voltar à conquista da estrada serpenteante, as minhas pernas disseram que não queriam ir, que os níveis de energia ainda não estavam recuperados. Na realidade, acho que elas estavam só a arranjar desculpas para ficar… Prometi-lhes outros lugares, também eles bonitos, e acederam ao pedido para continuar.

Subimos de novo.

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Estava fresco e o caminho tinha um sabor doce… Quando, pouco a pouco, começaram a aparecer as descidas, o corpo até nos pediu que vestíssemos mais roupa.

Almoçámos e, depois dessa pausa, fez-se anunciar uma grande descida. Quase de 40 quilómetros, apenas interrompidos por ligeiros declives, ao contrário, que nos lembravam o esforço que a montanha requer.

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Continuámos, sentindo aquele gosto especial que tem o vento quando passamos a grande velocidade pelos lugares onde a estrada desce.

Enquanto isso, o que acontece é-nos quase incompreensível… Em poucos quilómetros, tudo muda. 
Na vegetação, os pinheiros dão lugar à densa selva e o ar fresco transforma-se, como por magia, em bolsas de humidade e calor que nos envolvem o corpo em instantes intermitentes. Peço, mentalmente, para que não hajam mais subidas até à próxima povoação e o meu desejo é concedido. Com aquele calor teria sido bem difícil… 

Chegámos a Candelária… 75 quilómetros depois do nosso dia ter começado.

Pouca energia nos resta. Saboreamos um gelado de guanabana, uma fruta grande e de casca verde, e em seguida jantamos e dormimos! Amanhã é dia de chegar à praia… Volto a pensar antes de adormecer.

Amanhecemos cedo. Encontramos na estrada um senhor que nos diz:
- Hasta Puerto Angel es pura bajada!

Já me acostumei a este otimismo mexicano que, sendo um excelente incentivador, omite muitas informações importantes! É verdade que grande parte do caminho é a descer mas sabemos que ainda nos faltam algumas subiditas que serão desafios maiores depois do calor tropical ter vindo para ficar.

Continuamos a pedalar na estrada estreita ladeada de selva. Tudo é verde. Choveu há pouco – contam-nos – e essa chuva inesperada levou consigo toda a vegetação seca, deixando apenas este verde denso.

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Ao chegar a Pochutla, segue-se a derradeira descida até Puerto Angel. Agora sim, "es pura bajada".
Na pequena vila piscatória há poucos turistas e quase todos são nacionais. Ficamos dois dias. Desfrutamos da praia e do cheio a maresia. Às vezes aproveitamos o ar fresco, quando ele se lembra de chegar.

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Aqui, ouvimos falar de Mazunte e queremos conhecê-la. Fica bem perto e tem lugares onde se podem ver tartarugas e crocodilos! Levamos as bicicletas e todos os nossos pertences nesta viagem e transpiramos o mundo inteiro em apenas 10 quilómetros de trajeto…

Chegar a Mazunte é bom! É um pequeno paraíso hippie onde vivem poucas pessoas. Onde, com naturalidade, se mistura todo o espectro de gente, desde o mais excêntrico estrangeiro ao mais tradicional mexicano. Sem estranheza e com fluidez.

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Sabe-me bem ouvir o som dos chinelos que se movem em cadência em cada par de pés, sentir o sol que brilha em todo o seu esplendor e fazer parte desta dinâmica leve do lugar.

Nos dias em que ficamos aproveitamos o que a pequena aldeia oferece. Praia boa, restaurantes simpáticos, visitas ao Centro Mexicano da Tartaruga e uma passagem pela loja de cosméticos naturais que se aqui se fabricam… Impossível não querer trazer uma embalagem de cada um! Para além disso ainda visitámos uma aldeia próxima, La Ventanilla, onde se fazem uns passeios de lancha para ver os crocodilos no seu habitat natural!

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A comunidade estima o seu tesouro natural e partilha-o com quem chega. Oferece experiências de incrível beleza, como o assistir ao por do sol desde um lugar chamado Punta Cometa, o monte mais saliente na costa do Pacífico. Chega-se lá por um caminho de terra bem estreitinho.

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Quando chegámos o espetáculo estava quase a começar. A vista era magnífica e o sol aproximava-se do mar, bem devagar. Os pelicanos passavam perto do monte, aproveitando os ventos. E, as pessoas, como nós, assistiam a tudo… em silêncio. Neste lugar de paz, inesquecível.

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LINKS E DICAS:

Lugar onde ficámos no meio da serra:

Aldeia de San José del Pacífico.
Hotel Puesta del Sol: http://sanjosedelpacifico.com/
Preço do quarto – 350 pesos, com pequeno almoço incluído.

Visita a Mazunte:
 
HOSPEDAGEM

As opções de hospedagem são muitas e variadas. Desde lugares para acampar, na praia ou em quintais, com valores que rondam os 50 pesos por pessoa, até hotéis com todas as condições e mais alguma, a mais de 1000 pesos por noite.
Nós ficámos hospedados nas Cabañas Abril: http://www.oaxaca-mio.com/cabanasabril.htm

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Os quartos são simples mas simpáticos. Há internet, embora lenta, e o duche só tem água fria. Depois de atravessar a serra nenhum dos hotéis onde ficámos tinha água quente para o duche.
Preço do quarto – 250 pesos.

EXPERIÊNCIAS

Centro Mexicano da Tartaruga
Fecha ao domingo à tarde e segunda e terça todo o dia.
A entrada é de 31 pesos por pessoa.

Punta Cometa
O trilho está assinalado e basta seguir o caminho para chegar ao lugar. É fácil.
Recomenda-se ir de manhã cedo ou ao entardecer para ver o nascer e/ou o por do sol.

Passeio de Lancha para ver Crocodilos em liberdade
O passeio é promovido e realizado pela Coorpeativa Lagarto Real, que tem sede em Ventanilla.
Para ir de Mazunte a Ventanilla apanha-se um coletivo (pick up que funciona como autocarro) que custa 6 pesos por pessoa e que chega em 5 minutos. 

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O coletivo deixa-nos no cruzamento para a praia. Depois é necessário caminhar uns 10 minutos para chegar lugar de onde está a cooperativa.
O valor do passeio na lancha é de 50 pesos.


 

Transpirando e Improvisando - Os dias quentes entre Puebla e Oaxaca

Unknown @ América a Pedal

Publicado em 23/03/2016 às 5:11

Temas: Bicicultura México

Não sabemos quantas vezes nos despedimos desde que iniciámos a viagem.

Foram muitas! E, de quase todas, lembramos a vontade de ficar… mais um pouco… de não querer ir já.

É admirável como os laços se fortalecem em tão pouco tempo. Como nos ligamos a cada coração. Como cada lugar fica tatuado no nosso corpo e cada pessoa escreve linhas únicas e especiais no caderno de viagem da nossa alma.

Fascina-me esta fusão de emoções. O querer ficar e, ao mesmo tempo, o saber que é tempo de partir.

Foi com este conflito a galopar no peito que deixámos Puebla para trás. A cidade onde ganhámos mais uma família.

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Fomos mais fortes na despedida porque resistimos às lágrimas que nos queriam rolar pela face. Mas fomos, também e felizmente, mais frágeis, nesta vulnerabilidade que nos abre para receber dos outros. Sabemos que é nela que encontramos a confiança que intensifica e embeleza a nossa jornada nesta interação com cada pessoa. E que bom que foi conhecer a Ixchel, o Sérgio, a Hatzibe, o Armando e o Toño!

Aprendemos que ser viajante é ficar próximo de quem cá vive, é construir conversas a várias vozes e ouvir com atenção a humanidade de cada pessoa. Descobrir, tantas vezes, que há muito da nossa história na história dos outros e que há diferenças que talvez nunca consigamos compreender ou mesmo aceitar mas com as quais podemos crescer.

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Saímos de Puebla acompanhados pelos nossos queridos anfitriões. Alguns membros da família foram de bicicleta e outros preferiram ir no carro de apoio. Connosco, seguiram também a Amanda e a Susan. São duas estado-unidenses que conhecemos em Portugal e que se juntaram a nós nas suas férias, para pedalarmos juntos até Oaxaca.

Sentámo-nos no selim, depois de uma semana de pausa e voltámos à dinâmica própria das estradas mexicanas.

Seguimos viagem. Juntos. Ao nosso ritmo… bem devagar!

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Passaram três dias e foram esforçados.

Pedalámos mais do que a nossa média habitual, o tempo aqueceu muito e o nosso corpo começou a reclamar. Tinha razão! Puxámos por ele mais do que seria conveniente…

Tínhamos voltado à montanha e a paisagem, que se tornou mais verde, beijava-nos as pálpebras. A frescura do cenário contradizia o suor quente que se acumulava na pele.

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Pingávamos!

O calor chegou de repente e nem sabemos de onde veio… Quando demos conta, os dias frescos que tivemos em Puebla, transformaram-se num violento calor tropical. O nosso corpo aquecia, a água que transportávamos transformava-se em chá e sentíamos que nos desidratávamos a cada pedalada.  

Em esforço, continuámos lentamente. Levou-nos o caminho até ao Estado de Oaxaca, o 9º estado mexicano que as nossas bicicletas conhecem.

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No quarto dia de viagem as subidas foram mais exigentes. O calor impôs-se tão forte que parecia que o sol brilhava só para nós.

Durante a manhã ainda conquistámos algumas dezenas de quilómetros. Mas quando o sol subiu a pique e as nossas pernas recusavam-se a avançar…

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Conversámos com a Amanda e a Susan e, entre os 4, decidimos que não era muito inteligente gastar tanta energia para pedalar com aquele calor. Ponderámos opções e escolhemos pedir boleia ou apanhar um táxi até à próxima cidade. - O que aparecesse primeiro! - Já estando lá, poderíamos pensar melhor na forma de aliviar o desafio dos próximos dias que prometiam muita subida.

Fomos para uma sombra e esperámos…

No primeiro táxi que passou já não cabíamos. Estes táxis são carrinhas de caixa aberta, que funcionam como autocarros e onde cabem pessoas, bagagens e tudo o que mais possam imaginar.

A estrada era pouco movimentada mas, por acaso ou por sorte, apareceu um táxi vazio! Coubemos todos, com as bicicletas e os alforges. Tudo (mais ou menos) bem acondicionado! Perguntámos ao Carlos (o dono do táxi) até onde nos podia levar e, depois de regatearmos o preço, acabámos por lhe pedir que nos deixasse uns 45 km de Oaxaca. 

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Quando vimos como subia a estrada e quão escassas eram as povoações, ficámos ainda mais felizes com a nossa escolha. Há partes do caminho em que o custo vai para além do benefício e soube-nos bem aliviar o peso do que seriam dois ou três dias de muito calor e subida…

No dia seguinte, já nas bicicletas, avançámos até Oaxaca e a aproximação à cidade foi stressante, como são quase todas as chegadas às cidades grandes mexicanas. Mergulhámos na confusão do trânsito e focados no objetivo de chegar, só parámos perto do centro para confirmar no mapa a direção a seguir.

Superámos o ruído, misturámo-nos no movimento frenético, insultámos mentalmente (e não só) os loucos motoristas dos autocarros e dos táxis e… finalmente, estacionámos na praça central.

Sentámo-nos e… respirámos fundo! Chegámos!

A cidade estava cheia. A semana santa aproxima-se e Oaxaca é conhecida pelas suas festividades religiosas. Somos mais uns turistas entre a multidão. Chamamos mais a atenção porque temos bicicletas super carregadas mas somos iguais a todos os outros que se misturam na música estranha dos diversos idiomas todos falados ao mesmo tempo.

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Esta é uma das cidades mais turísticas que visitámos no México. Demorámos para encontrar um alojamento dentro do nosso orçamento mas conseguimos um hotel simples e simpático perto do centro. Só nos incomoda o sino da igreja ali do lado que, de forma insistente, nos serve de despertador, cada dia, às 7h da manhã.

Oaxaca é uma cidade cheia de História. Colonizada e evangelizada a partir do século XVI. Mostra-nos nas suas ruas e recantos as influências dos diferentes povos que a edificaram. É uma cidade que apetece conhecer.

Vamos ficar uns dias e visitá-la … sem pressa!

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TREE PROTECTOR / LEILÃO DA ÚLTIMA ECO T-SHIRT VOADORA

rui henrique @ bicicleta voadora

Publicado em 29/02/2016 às 10:25

Temas:

Até 4 de Março às 20H
BASE LICITAÇÃO: 5 EUROS
Enviar proposta para: bicicleta.voadora.pt@gmail.com
Como tem sido habitual, há sempre uma peça que nasce com uma personalidade vincada (perceber nas imagens) e como tal não me parece justo pedir o mesmo valor. Pode ser a oportunidade de ficar com a última t-shirt, tamanho M. Produzida de forma sustentável em algodão orgânico e sem exploração de seres humanos.
Os excedente acima dos 8 euros será entregue à MONTIS.
Entregas por correio acresce os portes de envio.

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TREE PROTECTOR / Exposição de postais voadores

rui henrique @ bicicleta voadora

Publicado em 24/02/2016 às 22:12

Temas:

O projecto Tree Protector não se esgotou no sábado passado, dia 20 de Fevereiro. Depois de esgotar os 50 exemplares da t-shirt e 11 do saco, só resta esperar que haja continuação com outra espécie, outras ideias.
No entanto até ao dia 21 de Março continua em exibição a exposição de postais voadores no espaço Rcicla / Grémio Café. 
São registos tirados aos longo de vários anos de viagens a pé e de bicicleta tendo a árvore como elemento central e na constante procura de chegar a locais onde só se pode ouvir o silêncio. Sitios mágicos e enigmáticos onde se consegue carregar baterias, no entanto impossíveis de descrever.
Também ainda está prevista uma viagem de bicicleta para visitar um cercal, com data ainda por definir.


/ Concepção, ilustração, design gráfico e recolha de bolotas (Mata nacional dos 7 montes, Tomar): Rui Henrique
/ Texto: Cláudio Soares, Sofia Silva e Rui Henrique
/ Impressão e apoio: Ricardo, Mr Shirtguy
/ Carvalhos oferecidos por: Sigmetum, plantas autóctones
/ Associação apoiada: MONTIS
/ Sem estas pessoas isto não seria possível:
. Vitor (Rcicla)
. Marco (Grémio Café)
. Matias Pancho (ideias e montagem da exposição)
. Marta Ruivo (ideias e montagem da exposição)
. Sandra Vaz (serviço de mororista)
. Cristina Lamego (produção gráfica)
. Pedro Gil (máquina de escrever)
. Susana Batista (ideias e logistica)
. Miguel Reis (cartazes)
. Gonçalo Baptista (fotografias na Serra do Risco, Arrábida)
. David Rovisco (rcicla rentals, pelo esforço de última hora)
. Cláudia Cruz (pelo transporte dos livros)
. Rita (Editora Marcador)
. Sara Morais (pelo projector)



/ Todos contribuiram com o seu saber sem esperar nada em troca. Obrigado por tudo.

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