Livro "Barring Mechanicals - from London to Edinburgh and Back, on a Recumbent Bicycle"

Unknown @ Bicycling2012

Publicado em 22/03/2017 às 11:32

Temas: Andy Allsopp Barring Mechanicals bicicleta reclinada corta cycling book lel livro london edimburgh london recumbent


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Imagine que gosta muito de andar de bicicleta que essa bicicleta é reclinada e que quer andar até não poder mais!

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Fotografia constante do website da Challenge Bikes,
relativa à Challenge Furai SL-II

1. O Autor

Andy Allsopp é um ciclista que partilhou connosco o desafio que decidiu enfrentar: o Londres – Edimburgo – Londres (1.433 km).


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Trata-se de um desafio extremo (realizar aquela distância em autonomia, i. e., sem um carro de apoio ou qualquer equipa que auxilie o ciclista, em até 100 horas) que é partilhado pelo autor nas linhas deste livro de uma forma bem disposta.


2. A história

O livro relata (em Inglês) a preparação de Andy ciclista e as contrariedades que enfrentou na prova. É muito interessante conseguir perceber como é que ele se preparou para o evento e como lidou durante o evento com a carência de sono, com o cansaço, com a chuva e com a alimentação.

A páginas tantas, a roldana da frente da corrente (que serve para manter a corrente de retorno, onde não é exercida a força de tracção, longe do garfo e da roda da frente) solta-se e sai a rolar pelo chão! Andy resolve esta situação colocando zip ties (aquelas pequenas fitas plásticas que servem para apertar cabos e fios juntos e que algumas forças policiais também utilizam como algemas) em torno do eixo onde ficava a roldana, evitando, assim que a corrente raspasse directamente no eixo, estragando-se a si mesma e ao quadro. Miraculosamente, há inúmeras pessoas que Andy vai encontrando ao longo do caminho e que lhe vão dando mais e mais zip ties! Consegue chegar ao fim com esta solução!

Uma outra contrariedade que teve foi a chuva, bem como o facto de a consequente sujidade ter criado Gremlins na transmissão... Os desviadores (da frente e de trás) foram ficando sem funcionar! Não tendo como limpar (e, talvez, não percebendo muito de mecânica para saber que seria preciso limpar bem e olear novamente a corrente e os desviadores durante a prova), Andy viu-se forçado a andar muitos kms sem conseguir mudar mudanças, tendo ficado primeiro preso na mudança mais pesada de trás (11 dentes), apenas a podendo conjugar com 39 ou 53 dentes à frente e, mais tarde, ficando preso na mudança mais pesada de todas: 53 à frente e 11 atrás! Para terem uma ideia de quão pesada é esta mudança, pensem que por cada rotação completa dos pedais se viajam quase 10 metros (na verdade, são exactamente 9,5 metros por rotação)!

São peripécias que o autor conta com bom humor e que podem manter o leitor preso ao livro.


3. As minhas impressões
 
O livro não é particularmente grande e talvez por isso também tenha um preço bastante acessível na versão digital, sendo de fácil leitura.

A escrita de Andy tem a capacidade de nos transportar para dentro deste desafio épico, dando-nos uma boa imagem da resistência física e, essencialmente, psicológica que é necessário ter para enfrentar estas distâncias.


Não nos são dados muitos pormenores técnicos (tirando os relativos ao bloqueio das mudanças e à utilização dos zip ties), pelo que para quem pretender um livro que contenha esse tipo de informação, acaba por não satisfazer tal desejo. 

Boa leitura!
 

Alpajares e o Penedo Durão - O Douro no seu Esplendor

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 22/11/2016 às 13:03

Temas: Bicicultura

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Foto by Carlos Gonçalves (**)
Prometia à partida ser uma daquelas incursões épicas.  Cumpriu, sem dúvida.

Mais de 80 kms. (e quase 2.000 m. de desnível +) pela zona do Douro (onde passa de nacional a internacional) com o início em Figueira de Castelo Rodrigo, descida a Barca d'Alva (com passagem por Escalhão),  a transposição do Douro e a subida da mítica Calçada de Alpajares, (tantas vezes falada, escutada e lida mas nunca por mim antes  percorrida).

Depois o acesso a Poiares e daí até ao ponto maior da incursão: o incrível Penedo Durão miradouro onde a visão do Douro internacional e dos inúmeros grifos e abutres que sobrevoam abaixo.

O meu amigo Carlos Penha Gonçalves tinha prometido diversão e dureza e, de facto, não faltou nem uma coisa nem outra. A grande dúvida seria a de saber se o mau tempo que se anunciava não se anteciparia tornando impossível a incursão. Mas não. Até a meteorologia esteve de feição.

Partimos sete pelas 09:00 e chegámos cinco ainda antes das 17:00 mas já ao lusco fusco. A primeira parte foi praticamente sempre descendente, principalmente após Escalhão e com dois aspetos a reter:
  • o primeiro, algo funesto, já que mesmo à minha frente em plena e rápida descida o Carlos prendeu a sua roda dianteira num rego do traçado e sofreu um aparatoso OTB (over the bar). Apesar da velocidade e do capacete rachado (!) felizmente nada de grave a assinalar e pode prosseguir.
  • o segundo de caráter diferente foi uma primeira visão do alto para o fundo do vale do Águeda, no ponto em que se prepara para subsidiar o Douro a montante de Barca d'Alva no Miradouro da Sapinha.
Chegados a Barca d'Alva um primeiro momento de pausa técnica. A parte mais fácil da incursão estava completada. Cruzado o Douro a visão dos barcos de cruzeiro que aqui terminam a sua viagem subindo o rio. São enormes tendo em conta que são fluviais. Também se observa aqui o início da famosa linha ferroviária internacional desativada que prosseguia até Fregeneda e daí a Salamanca.

Foi tempo de prosseguir agora pela N221 para nascente junto à margem direita do Douro tendo Castilla y Leon à vista na outra margem. Na ribeira do Mosteiro foi tempo de virar a norte subindo o seu curso e penetrando na mítica calçada de Alpajares (também conhecida pela calçada do Diabo) outrora parte da via romana. Impossível de subir montado devido à irregularidade do piso. Este foi o pretexto adequado para apreciar a raridade e imponência geológica do local. O xisto no seu esplendor, algo de único e esmagador que se haveria de repetir na descida mais tarde pela Calçada de Santana (*).

A chegada a Poiares a ser recebida com algum alívio após a subida e daí seguimos sem demora para o Penedo Durão e aí permanecermos durante algum tempo perante a visão esmagadora. Logo seguimos para um outro ponto de observação a poente. Daí regressamos a Poiares e descemos a Calçada de Santana que é uma réplica de Alpajares. Aqui o tempo foi de concentração pois a descida era fortemente técnica.

De novo em Barca d'Alva faltavam os 22 kms. de subida final que, devido ao adiantado da hora, foi efetuada pela N221.

Em toda a incursão algo de comum: as paisagens arrebatadoras e únicas onde o xisto impera e a proeminência topográfica impressiona e cobra caro na hora de subir ou descer. Os desníveis são imensos e exigem uma boa forma. Mas no final a satisfação é plena. O BTT faz-nos sentir privilegiados.

(*) - Sobre esta calçada (também conhecida pela calçada dos mosteiros) veja-se este arrebatador clip do Vítor Gamito na Transportugal de 2012

(**) - Mais Fotos aqui
 

RELAXANDO NAS CICLOVIAS DE MIRA

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 16/11/2016 às 14:51

Temas: Bicicultura

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Este é o tipo de passeio tranquilo e relaxante que o BTT também pode proporcionar.

As ciclovias foram construídas pela Câmara Municipal de Mira e está implantada numa zona de lagoas, ribeiros e floresta que cruzam a zona das dunas e pinhais de Mira e contam com um característico conjunto de pontes de madeira e de observatórios de aves que lhe reforçam o seu caráter bucólico.

No ano de 2000, o município de Mira inaugurou os primeiros 10 kms. que rapidamente se transformaram nos quase 25 completamente pavimentados com que conta atualmente. Tem um formato de uma estrela com três pontas.

De facto, a partir de um ponto comum de interseção junto ao desvio para a praia de Mira temos uma primeira ciclovia (Gandaresa) que segue para norte através de um túnel que cruza a estrada e segue para norte até ao caís do Areão no limite do concelho. Para poente temos a que contorna a barrinha da Praia de Mira (lagoas) e, finalmente, para nascente temos a que segue em direção a Mira (moinhos).

Tudo percorrido temos um percurso de cerca de 48 kms. de elevadíssima agradabilidade a justificar a deslocação. O pormenor curioso é a altimetria pouco ultrapassa os 50 metros positivos o que o tornam o percurso ideal para uma recuperação ativa ou um tranquilo passeio familiar.

Foi essa precisamente a minha aposta no fim de semana que passou. 

 

Festival Bike de Santarém

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 17/10/2016 às 16:58

Temas: Bicicultura

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É a grande feira da bicicleta em Portugal. Todos os anos lá me desloco com agrado mas tendo em conta aquele o saudável princípio de evitar as multidões. Por isso procuro lá ir, sempre que possível, na sexta-feira.

Mas a tradição também dita que o carro permaneça em Santarém e que eu regresse de comboio. O motivo é claro: criar o pretexto para, no dia seguinte, ter de o resgatar, no dia seguinte, indo de bicicleta até Santarém. 

Normalmente o "caminho do Tejo" é o escolhido. Tratam-se dos habituais 100 kms. de BTT palmilhados tantas e tantas vezes. Desta vez, porém, optei por algo diferente. A partir de Vila Nova da Rainha fletir para o interior circulando junto à BA da Ota, seguindo daí, pelos eucaliptais até Alcoentre, Manique do Intendente (na foto), Arrifana, Assentiz, Marmeleira e Santarém.

No final mais 17 kms. aos 100 habituais e, isso sim, muito significativo, uma altimetria de 1250 metros num traçado que, até V.N. Rainha (ou seja 50% do traçado) é plano. Outro factor importante foi a questão dos terrenos estarem muito difíceis em virtude do que choveu tornando a deslocação em algo muito exigente.
 

Deixei a bicicleta! - Colômbia a Pedal e de Mochila

Unknown @ América a Pedal

Publicado em 28/09/2016 às 17:35

Temas: Bicicultura Colômbia


Hoje é um dia de preguiça…

O céu está nublado e o meu corpo pede-me um dia de outono, como se estivesse em Portugal. Afinal o mês de setembro está mesmo a terminar.

A diferença é que aqui em Cali, onde estou agora, o calor abafa desde as primeiras horas da manhã e a única coisa que me fala de outono é o cinzento nublado do céu… Aliás, por cá, não existem quatro estações. Ou estamos em época seca ou em época de chuvas. A temperatura mantém-se sempre estável num calor que prende muitas gotinhas de água salgada à superfície da pele.

Decidi que hoje é um bom dia para me sentar à pequena mesa do quarto do hostel e entrar num registo de recordação. 

Recapitulo. Viajo na memória e regresso ao primeiro dia em que entrei na Colômbia. Mentalmente, e de coração, volto a Cartagena. 

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Recordo o calor, as muralhas, o estilo colonial e as pessoas de pele negra. Gostei muito da cidade, da alegria e da música dos costeños e até de cada contraste (sempre tão evidentes nas cidades da América Latina). Contrastam aqui os ricos e os pobres, os bairros locais e os turísticos, a vida real para tantos e o luxo que poucos alcançam a ter. Viajar de bicicleta é também uma forma de contactar com as diferentes perspetivas e vivê-las na pele, nos olhos, no pensamento e no sentir… No questionamento e na abertura de mente.

De Cartagena segui, ainda na companhia do Tiago, para Barranquilla. Foram dias de intenso calor. A estrada era pouco exigente e isso ajudou-nos a gerir o esforço dos pedais. Falando com sinceridade, eu agarrava-me à ideia de que seria em Barranquilla que a minha bicicleta iria voltar para casa e seria lá também que a minha viagem de mochila iria começar, numa leveza e ritmo diferentes.

Sabia de antemão que teria saudades da viagem que a bicicleta permite. 

Sabia, ainda, que o facto de prosseguir sozinha seria um desafio imenso para mim. Sabia que estava com medo e esforçava-me por aceitá-lo e não fugir dele.

Sabia que muitas coisas iam mudar e não sabia o que me esperava.

Sentia-me oscilar entre uma esperança, embrulhada em deslumbramento e curiosidade, e o pânico das incertezas num salto para o desconhecido.

Quando chegámos a Barranquilla, encontrámos os amigos de Portugal que vieram passar férias à Colômbia e a quem eu pedi para transportarem a minha bicicleta, junto com a sua bagagem, no regresso a casa.

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Foi um encontro de corações. No abraço demorado chegaram as lágrimas quando senti bater, tão perto do meu, um coração querido e familiar.

Depois deste encontro, eu e o Tiago, fomo-nos preparando, cada um à sua maneira, para continuar a viagem de forma individual. Partilhámos os nossos medos e angústias um com o outro e trocámos votos de confiança mútuos. Afinal, cada um sabia que estava no caminho certo e só podíamos prosseguir em confiança, ainda que sentíssemos que o desafio se pousava numa fasquia bem elevada.

Quando nos despedimos, os corações apertaram-se, o nó na garganta cresceu e um novo caminho se abriu para o desbravarmos em curiosidade e esperança.

Começava ali a minha viagem sozinha. No momento certo e quando era para ser. Num país onde me tenho sentido abraçada e acarinhada mesmo quando me confronto com a estranheza dos locais quando digo que viajo sozinha.

Éramos agora dois viajantes que aprenderam um com o outro a arte de andar em rumo itinerante. 

Éramos agora dois, onde antes tínhamos sido um, que sabiam que a história imaginada se estava a reescrever entre corações apertados e vontades de descoberta ampliadas.

Para onde íamos na continuação da viagem?

Eu, de Barranquilla segui para o norte e parei perto de Palomino, uma povoação pequena e relaxada na costa das Caraíbas. 

Fiquei uns dias, a saborear o sol e a tranquilidade e parti em seguida para Riohacha com o objetivo de explorar as areias do deserto da Guajira, na parte mais a nordeste da Colômbia e encostada à vizinha Venezuela.

Enquanto isso, o Tiago estudava a altimetria do terreno montanhoso procurando seguir a linha sinuosa dos vales verdejantes.

A Guajira foi a minha primeira surpresa. Lá, a harmonia espelha-se num casamento singular entre o deserto e o mar. A areia e o sal. O vento forte e as ondas suaves.

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Passei três dias e duas noites no território do povo Wayuu, os indígenas da região.

Dormi nas rancherias, os casarios deste povo, e deslumbrei-me com as paisagens surreais.

No deserto também me confrontei com uma realidade diferente e desconhecida. Os Wayuu, que antes eram um povo isolado neste canto norte da Colômbia, procuram agora aproveitar o turismo como uma das suas fontes de subsistência. 

Não só providenciam hospedagem e restaurantes, como disponibilizam gasolina barata que chega (sabe-se lá como) da Venezuela e aproveitam todas as oportunidades para conseguir ofertas extra, como bolachas e doces para as crianças e dinheiro que fazem com a venda de frutas e mariscos, à beira dos caminhos.

O deserto encheu-me de momentos que se transformaram em lindas recordações mas que também me invadiram em forma de questões sobre a vida (e dificuldades) dos Wayuu. Às vezes tenho vontade de ficar mais tempo nos lugares para compreender melhor as vivências, as histórias, as aventuras e desventuras de quem lá vive.

Algumas questões consigo exteriorizar… outras ficam cá dentro a ganhar forma e talvez nunca saiam em busca de uma resposta.

No regresso a Riohacha refiz as malas e rumei a sul. Descobri a cidade industrializada de Bucaramanga e pausei lá um dia antes de conhecer um lugar de encanto chamado Barichara. 

Comecei assim a serpentear pelos Andes, correndo a toda a velocidade por caminhos desnivelados e curvas apertadas.

Barichara é daqueles lugares que me preenchem. Senti lá cheiros da minha infância e retomei as caminhadas que tanto gosto de fazer. Lembrei-me de mim e reencontrei-me em momentos de silêncio e contemplação.

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Percorri as ruas devagar, senti as paredes e sorri perante as cores das portas e das janelas. Tudo me chamava e me recordava a magia de viajar por um lugar que mais parecia retirado de um conto de fadas.
Me enamoré de Barichara!

Daqui, o caminho fez-se longo até Medellín e em seguida Bogotá.

Reencontrei-me com o Tiago em Medellín e viajámos juntos de autocarro até à cidade capital. Em ambos os lugares fomos recebidos e acarinhados por portugueses que lá vivem e as visitas a estas cidades merecem um post só para elas que escreverei em breve.

Apesar de quase sempre com um trânsito infernal e muita contaminação, ambas nos deram a conhecer os seus encantos e o facto de termos usufruído da companhia de pessoas do nosso país, deu àqueles lugares uma magia especial.

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Depois de Bogotá, voltámos a despedir-nos, um do outro (e voltaram os sentimentos ambivalentes, bem como a certeza de que cada um prosseguirá a sua viagem individual rumo a sul). Quando nos voltaremos a ver foi a questão que permaneceu em cadência suspensiva, navegando no nosso pensamento. 

O meu caminho prosseguia para a região do Eje Cafetero, a zona dos melhores cafés colombianos.

Não me interessava propriamente ficar pelas cidades principais e, por isso, escolhi visitar duas povoações pequeninas e acolhedoras perdidas nas encostas andinas.

A primeira foi Salento. Para além de me deixar cativar pelas suas ruelas, cheias de cor, fui ainda perder-me no Valle de Cocora que alberga, ali perto, as palmeiras mais altas do mundo e que são as árvores representativas da Colômbia.

A caminhada, de 4h30, que fiz pelo Valle de Cocora foi tão especial que necessariamente lhe teria de dedicar um texto inteiro, publicado aqui no América a Pedal (Link para o post: Salento e Valle de Cocora).

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Também aproveitei para visitar uma quinta de café, bem pequena e familiar onde a produção se faz de acordo com princípios de agricultura biológica e toda a preparação do café é feita através de processos artesanais, até estar finalmente moído e embalado.

Gostei muito da energia de Salento. É um lugar que recentemente começa a atrair o turismo mochileiro e onde se passam uns dias calmos e bucólicos.

Daqui, segui diretamente para Pijao e, esta sim, é uma povoação retirada do circuito turístico habitual. Foi-me recomendada por um senhor alemão que conheci em Barichada e, em pesquisas na internet, descobri que é o único lugar na Améria Latina onde se promove o Movimento Cittaslow.

Fiquei hospedada na casa da promotora e impulsionadora desta filosofia de vida, em Pijao, e adorei conhecer os seus princípios que apelam a uma redução do ritmo de vida demasiado acelerado que levamos atualmente, em tantos lugares. O Cittaslow recorda-nos os benefícios de adotarmos um estilo de vida mais lento, ampliando o conceito às dinâmicas das comunidades, sejam elas relacionais ou comerciais.

Um livro que explica bem esta forma de vida é o “In Praise of Slow”, de Carl Honoré, para quem esteja mais curioso sobre o Movimento.

Posso dizer que vivi em pleno este elogio à lentidão em Pijao. Lá, tive igualmente a oportunidade de acompanhar a equipa de guias da câmara municipal numa caminhada tranquila pela serra e de ainda ser entrevistada, na condição de viajante, para o canal da televisão regional, o Tele Café, que tinha como objetivo dar a conhecer a região e o conceito Cittaslow.

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Finalmente depois de muitos dias a respirar ar fresco e puro, regressei à cidade desde onde escrevo agora. 

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Cali, a capital da Salsa. O lugar onde os caleños (assim se chamam os habitantes daqui) orgulhosamente promovem a cultura da dança e não há “alminha” que não saiba bambolear-se ao som deste ritmo tão vibrante.

Como eu adoro salsa e há uns anos aprendi a dançar um bocadinho, aqui tinha de ir ver como a música e a dança aquecem ainda mais a noite caleña. Aproveitei a aula aberta do Baile Social Club na Plazoleta Jairo Varela e fui em seguida espreitar o baile no bar La Topa Tolondra.

Foi uma experiência que me permitiu acrescentar mais um “check” na lista de coisas que gostaria de experimentar nesta viagem:
- Dançar Salsa em Cali: Check! :)

Apercemo-me agora de como este texto já vai longo... E conto quantas palavras já escrevi sobre esta Colombia Hermosa, de paisagens verdejantes, encostas íngremes e férteis e ritmos quentes e sensuais… Tantas recordações para acrescentar à bagagem. Tanto e tão bom este caminho desbravado por este país…

Ainda tenho alguns dias para conhecer uns lugares mais a sul. Gostaria de passar por Popayán e Ipiales. Vamos ver se o plano se mantém ou se o improviso da viagem me conduz de outra forma.

Até já! ;)

Informações e Links:

Hospedagem:
Cartagena - One Day Hostel; 80.000 pesos/ noite (quarto privado para 2 pessoas com AC, wc partilhado, pequeno almoço incluído): www.facebook.com/hosteloneday/
Barranquilla - Hotel Boston; 70.000 pesos/ noite (quato privado para 2 pessoas com AC, wc privado, pequeno almoço incluído)
Palomino - Hostel El Spot; 30.000 pesos/ noite (dormitório): www.facebook.com/Elspotpalomino
Riohacha - Hotel Plaza Roma; 70.000 pesos/ noite (quarto privado com wc): www.facebook.com/hotelplazaromariohacha
Bucaramanga - Hotel La Pera; 50.000 pesos/ noite (quarto privado com wc e pequeno almoço): www.laperahotel.com/
Barichara - Hotel Casa Aparicio López; 60.000 pesos/ noite (quarto privado com wc e pequeno almoço incluído): www.casaapariciolopez.com/
Salento - Hostel Tralala; 60.000 pesos/ noite (quarto privado com wc partilhado): www.hosteltralalasalento.com/
Pijao - Pequeña Casa Pijao; 40.000 pesos/ noite (quarto privado com wc e cozinha partilhados): www.facebook.com/Hotel-La-Pequena-Casa-Pijao
Cali - Hostel La Iguana; 50.000 pesos/ noite (quarto privado com wc partilhado): www.iguana.com.co/

Autocarros:
Barranquilla - Palomino: 20.000 pesos
Palomino - Riohacha: 8.000 pesos (aproximadamente)
Riohacha - Bucaramanga: 75.000 pesos
Bucaramanga - Barichara: 18.000 pesos
Bucaramanga - Medellin: 55.000 pesos (aproximadamente)
Medellín - Bogotá: 60.000 pesos
Bogotá - Pereira: 52.000 pesos
Pereira - Salento: 7.000 pesos (aproximadamente)
Salento - Armênia: 6.000 pesos (aproximadamente)
Armênia - Cali: 22.000

Excursão pelo Deserto da Guajira; 450.000 pesos, para 3 dias e 2 noites com tudo incluído (transporte, guia, refeições e alojamento).

Salsa em Cali:
Segunda-feira - Aula Aberta na Plazoleta Jairo Varela, das 19h às 21h (grátis) e Noite de Salsa no bar La Topa Tolondra, das 20h às 1h (custo de entrada 6.000 pesos).

NOTA: Todas as informações e valores dizem respeito a setembro de 2016.


 

O ESPLENDOR DO MONTADO ALENTEJANO

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 28/09/2016 às 17:26

Temas: Bicicultura

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Aproveitando o zénite estival foi tempo de rumar ao Alto Alentejo onde se percorreu um circuito já clássico e onde o montado é rei.

110 kms. ligando Montemor o Novo, Arraiolos, Évora e de novo a Montemor com um clima ameno e agradável e onde a quietude é o mote. A companhia do Jorge Neves e do Cláudio Nogueira acrescentaram ainda mais valor a uma jornada onde confirmámos que o BTT e qualidade de vida andam de mãos dadas.

Um destaque negativo para o corte do caminho de ligação entre Évora e Valverde que passava junto à Anta Grande do Zambujeiro a obrigar a alguma improvisação para chegar a Guadalupe e ao magnífico Cromeleque dos Almendres. O Grand Finale a ser efetuado pela magnífica Ecopista do Montado ate Montemor.
 

O perigo em El Salvador é querer lá ficar!

Unknown @ América a Pedal

Publicado em 30/07/2016 às 2:59

Temas: Bicicultura El Salvador

Quero que este post vá para além de um título “As 7 experiências para viver em El Salvador” e espero conseguir expressar nas minhas palavras a beleza da nossa travessia através de um país mal afamado que muitos turistas optam por deixar de visitar.

Em alguns momentos da viagem também eu pensei em evitar este minúsculo país aninhado na América Central por ser tão conhecido pelo crime organizado, pelas Maras e pelo (suposto) perigo a que poderíamos estar sujeitos ao passar por lá.

Afinal são estes os alertas que nos passam na televisão e é isto que ouvimos de outras pessoas que enaltecem as ameaças do país sem, na verdade, o terem visitado.

Ganhei, também eu, estes medos e hesitações e sei agora que a melhor forma de os dissecar e destruir foi mesmo permitir-me chegar perto da fronteira e entrar no cenário desconhecido, observando, sem filtro e sem preconceito, o El Salvador real, aquele que nos envolve com no calor e na hospitalidade dos seus lugares e das suas pessoas.

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Posso agora dizer, que El Salvador nos recebeu em amizade, colaboração e segurança e que foi um dos países onde as pessoas foram mais generosas connosco.

Foram 3 semanas de travessia. Poderíamos ter feito uma passagem mais curta mas trataram-nos tão bem que fomos ficando… 

Em 3 semanas, pagámos hospedagem em apenas 2 lugares e não consigo dizer-vos quantas vezes nos ofereceram refeições porque foram muito mais do que aquelas que consigo lembrar.

Recordo com carinho a generosidade e os mimos com que nos brindaram no caminho.

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Lembro-me de uma família nos ter convidado a ver o jogo de Portugal na sua casa (na única divisão que a casa tinha) quando lhes perguntámos por um café ou restaurante com televisão onde passassem os jogos do Euro.

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Revivo o momento em que ficámos acampados no terreno de um senhor que ao ver que se aproximava uma grande tempestade nos veio ajudar a colocar a tenda e tudo o resto debaixo do telheiro junto à sua casa.

Jamais poderei esquecer a ocasião em que nos ofereceram 2 casas de férias para passarmos os dias que quiséssemos, em lugares lindíssimos, um na serra e outro na praia.

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Conto-vos ainda que não precisámos de pagar transporte para visitar o vulcão Santa Ana ou a capital San Salvador porque nos levaram de carro.

Partilho duas situações em que nos deram boleia, para subir a serra e para evitar um pedaço de estrada onde fazia muito calor, pela simples vontade de ajudar e sem que nós tivéssemos pedido algum destes favores.

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Recordo quando nos ofereceram mel puro de abelha para nos mantermos saudáveis pelo caminho.

E deixo que fiquem na memória os abraços, os momentos em que nos fizeram sentir amigos de longa data e as ocasiões em que nos mostraram El Salvador tal qual como é para as pessoas que lá vivem.

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Sem nos esconderam os perigos, as pessoas com quem nos cruzámos falaram-nos abertamente dos problemas do país mas explicaram-nos que dificilmente um viajante ou um turista é o alvo do tipo de criminalidade mais comum.

Soubemos que El Salvador é um lugar bonito para visitar. Com tempo e sem medos.

Percebemos, durante a nossa visita, que El Salvador está cheio de gente boa, simpática e acolhedora…
- “Assim são os salvadorenhos.” – disseram-nos muitas vezes.

E nós confirmamos que assim o são!

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Saímos de lá a transbordar de gratidão e com vontade de convidar toda a gente a passar por este lugar. 

Há muito para fazer e visitar neste pequeno recanto do mundo, por isso, aqui vos deixo, em jeito de remate, "As 7 experiências para viver em El Salvador":
  
1. Passar por Juayúa

Juayúa é uma pequena cidade no meio da serra onde o clima é fresco e agradável. 

Nos fins-de-semana realiza-se no centro o típico festival gastronómico e as ruas enchem-se de tendinhas que vendem comida boa a preços muito económicos.

Em Juayúa pode também visitar-se um conjunto de cascatas conhecido com Los Chorros de la Calera que estão a cerca de 2km do centro da cidade.

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2. Ficar uns dias na Praia El Tunco

É uma praia muito popular entre os surfistas que vêm de todo o mundo para ali apanhar umas ondas.

El Tunco é uma vila turística onde o ambiente é descontraído e onde se podem passar uns dias de férias muito agradáveis. Pode até mesmo comprar-se umas aulas de surf para experimentar o mar quente salvadorenho.

Tunco é uma das palavras que os locais usam para dizer “porco” e a praia ganhou este nome por causa de uma rocha que está no areal e que supostamente já teve a forma deste animal.

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3. Viver a dinâmica do Puerto de La Libertad

La Libertad é conhecida pela sua doca que se estende mar adentro e pelo mercado de peixe.

É ainda um lugar fantástico para observar a dinâmica dos pescadores que chegam a terra ou saem para o mar no final da doca. 

É um lugar muito fotogénico onde facilmente se podem captar dezenas de imagens que ilustram a vida diária dos pescadores.

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4. Caminhar até à cratera do Vulcão Santa Ana

A visita ao vulcão começa num lugar que se chama Cerro Verde e a caminhada, com os guias, começa às 11h da manhã todos os dias da semana.

O passeio tem o custo de 1 dólar que vai diretamente para o guia de mais 6 dólares (preço para estrangeiros) que se pagam para entrar no parque natural do vulcão.

(NOTA: Com o nosso melhor sotaque espanhol e falando o menos possível conseguimos convencer o senhor da bilheteira de que éramos residentes e pagámos apenas 3 dólares cada um)!

O passeio é muito bonito e a vista da cratera com o seu lago cor de esmeralda é, de facto, impressionante.

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6. Admirar a tranquilidade do Lago Coatepeque

No mesmo dia em que fomos ao vulcão visitámos o lago Coatepeque.

É um lugar bastante calmo e bonito. Fizemos um passeio de barco no qual o senhor que nos levou ia apresentando as mansões que foram sendo construídas em redor do lago. Basicamente todas as famílias ricas e conhecidas de El Salvador têm ali a sua “casinha”. 

Para nosso espanto até o presidente da república tem direito à sua mansão de férias no lago, facto sobre o qual me abstenho de fazer qualquer comentário, sobretudo depois de saber que o atual presidente fez parte do grupo de guerrilheiros que defendia os direitos do povo!

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7. Deixar-se impressionar pelo Vulcão San Miguel

A nossa passagem pela cidade de San Miguel incluiu hospedagem na casa de uma família local.

Eles têm uma quinta junto ao vulcão San Miguel e levaram-nos até lá. Foi um passeio delicioso durante o qual aprendemos sobre plantas medicinais, benefícios do mel para a saúde (porque esta família tem abelhas que produzem um mel indescritível) e pudemos comer mangas acabadas de apanhar na quinta!

Ao final do dia fomos ver o vulcão mais de perto e pudemos apreciar uma tempestade tropical que caiu mesmo ali sobre o cone em atividade.

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São estas e outras experiências que vou sempre recordar da nossa passagem em El Salvador.

Todas elas me levam a querer dizer que não acreditem apenas na visão filtrada e generalista que os meios de comunicação insistem em nos apresentar sobre os países supostamente perigosos.

Espero que possam dar-se a oportunidade de também conhecer na primeira pessoa os encantos deste país e que saiam de lá com vontade de o divulgar e apresentar como um excelente destino turístico!


 

Lago Atitlán - Lugar de Vulcões e Povoações Indígenas 

Unknown @ América a Pedal

Publicado em 20/06/2016 às 22:00

Temas: Bicicultura Guatemala


Foi em San Lucas que pela primeira vez vimos aquele que dizem ser o lago mais bonito do mundo.

Atrás de nós, ficou a estrada da costa do Pacífico pela qual pedalámos desde que saímos do México e cruzámos a fronteira. Gostámos deste caminho quase plano e que sabiamente esconde as grandes e famosas montanhas da Guatemala, conhecida como o país dos 33 vulcões. Trinta e três! 

Aqui, neste primeiro país da América Central, somos convidados a entrar no anel de fogo do Pacífico e sabemos que a mãe-terra pode tremer a qualquer momento.
Debaixo deste chão, as entranhas do planeta revolvem-se e acomodam-se, a temperatura sobe e, se tivermos sorte, podemos ainda ver os cumes fumegantes ou até salpicos de lava incandescente a aterrar nas encostas dos vulcões ainda ativos.

Queríamos descobrir este lado, o dos vulcões, das montanhas, das estradas inclinadas e das paisagens cheias da beleza que se expressa em diferentes tons de verde. Mas para isso, teríamos de subimos ao lago!

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Fizemos o início do caminho nas bicicletas. Mas, à medida que avançávamos, a encosta inclinava-se mais e mais debaixo das duas rodas e as nossas pernas queixavam-se enquanto pisavam os pedais. Sentimos vontade de amaldiçoar cada quilo de bagagem e praguejámos contra o intenso calor húmido que insistia em acompanhar-nos tornando o caminho (ainda) mais difícil.

A dado momento, dissemos que talvez não precisámos de defender o purismo da bicicleta (especificamente!) naquela encosta e decidimos aliviar o custo da subida esticando o braço na estrada, levantando o polegar e fazendo o sinal universal de pedido de boleia.

Esperámos um pouco e algum tempo depois, parou junto a nós a pick up que o Mardi conduzia. Gentilmente, ele aceitou levar-nos e nós sorrimos de alegria, enquanto desfrutávamos da leveza da conversa que fluía por entre as curvas que subiam acentuadas. Quando passámos perto de San Lucas, o Mardi parou para nos deixar. Despedimo-nos e pedalámos os poucos quilómetros que nos separavam da pequena cidade aninhada aos pés dos vulcões Atitlán e Tolimán.


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Parámos por ali, passeámos na praça central, fomos ao mercado e aproveitámos a calma desta povoação pouco turística para contemplar a presença ainda forte das tradições indígenas. 

Deixámo-nos ficar durante um dia e na manhã seguinte rolámos até Santiago.

No sobe e desce da estrada que rodeia o lago fomos encontrando vistas lindíssimas e fizemos muitas paragens para tirar fotografias. A distância era curta e rapidamente nos aproximámos da cidade.

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Na chegada, a paz que tínhamos encontrado em San Lucas e pelo caminho, desvaneceu-se.
Ali, assim que Santiago nos recebeu, fomos “assediados” por pessoas que insistiam em oferecer-nos viagens de barco ou um hotel para nos hospedarmos, querendo que fossemos com eles ver os lugares. Não gostámos desta insistência e negámos as ofertas da forma mais cordial que conseguimos. Sentámo-nos na praça principal, enquanto pensávamos se ficávamos ou não por na cidade.

Não nos deu vontade de ficar…

Decidimos continuar e apanhámos uma lancha para San Pedro la Laguna.

Lá, ficámos felizes por ninguém nos abordar enquanto saíamos do embarcadoiro e tomávamos tranquilamente o nosso tempo para pedir informações e procurar hospedagem.

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San Pedro tinha uma energia diferente. Agradável. Misturava harmoniosamente os turistas com as pessoas naturais daquele lugar, povos descendentes da civilização maia. Por todos os lugares ouvíamos falar em Tz’utujil (dialeto maia) e deliciavam-nos com os trajes coloridos e tradicionais dos habitantes.

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 Ficámos vários dias.

Subimos ao vulcão San Pedro numa caminhada de 3 horas, por um trilho bem inclinado. Lá de cima vimos o lago em imponente em beleza. Um regalo para a alma. Numa só paisagem, ali estavam reunidos (quase) todos os deuses maias presentes nos elementos da Natureza. O deus da Terra, do Vulcão, do Lago, do Céu e certamente muitos outros que desconhecemos e que enaltecem o esplendor divino daquele lugar onde podemos tocar as nuvens!

A subida ao vulcão e respetiva descida são bem exigentes pelo que se recomenda um bom dia de descanso a seguir.

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Também desde San Pedro, apanhámos uma lancha para visitar San Marcos la Laguna.

Esta povoação é pequenina e transformou-se num lugar de retiro, excelente para quem procura experiências mais espirituais, quer fazer meditação ou desfrutar de aulas de yoga.

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É um lugar bastante calmo, ótimo para as vidas agitadas que pedem uma pausa...

Ainda assim, apesar do ambiente acolhedor, senti que a pequena povoação estava bastante descaracterizada e demasiado adaptada ao turista estrangeiro. Os menus dos cafés estão em inglês, quase todos os locais que oferecem serviços são de pessoas estrangeiras e, na minha opinião, isso faz com que sintamos que San Marcos tenha perdido alguma da sua essência indígena e guatemalteca. Por essa razão gostámos mais de visitar San Pedro ou até de Panajachel.

Foi lá, em Panajachel que terminámos a volta ao lago Atitlán.

Tinha lido em vários blogues, de outros viajantes, que esta cidade lhes tinha parecido demasiado turística e que, poucas horas depois de terem chegado, já estavam a encaminhar-se para outros lugares, fugindo dali.

Sem negar que, de facto, é uma cidade turística não fiquei com a mesma opinião. Senti que quando saímos da rua onde estão quase todos os hotéis e mercados para acolher os estrangeiros, voltamos a entrar numa cidade inteiramente guatemalteca, com o seu mercado municipal, a praça com a igreja ou as ruas de trânsito confuso e desalinhado. Tivemos ainda oportunidade de estar lá num dos dias em que se realiza o mercado do traje, em frente ao posto dos bombeiros. É um mercado pequeno mas cheio de boas oportunidades para quem quer comprar tecidos locais ou peças de roupa tradicionais.

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Por outro lado, é também em Panjachel que está a Reserva Natural do Lago Atitlán. Este é um lugar pelo qual vale a pena fazer um passeio pois, para além de nos convidar a caminhar pelos trilhos recortados por entre o bosque, ainda inclui um borboletário onde se podem contemplar centenas de borboletas que esvoaçam graciosas e se pousam nas flores das inúmeras plantas. Nesta reserva também podemos aprender muito sobre o ecossistema do lago, a forma como tem servido as comunidades, as ameaças que o estão a deixar em perigo e as ações de proteção ambiental que procuraram minimizar os danos já causados a este bonito lugar.

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De Panajachel podem ainda apanhar-se com facilidade os transportes públicos para Sololá e Chichicastenago, localidades conhecidas pelos seus mercados. Recomendo sobretudo a visita ao mercado de Chichicastenago que é enorme, bonito e cheio de animação. Tem lugar às quintas e aos domingos e para além de nos perdermos por entre os muitos postos de venda (de tudo e mais alguma coisa) ainda podemos apreciar as práticas religiosas e de cura que os povos indígenas continuam a praticar nas duas igrejas localizadas no recinto do mercado.

Ainda que muitos turistas vão ao mercado em passeios organizados pelas agências de viagem, sinto que ir de transportes públicos é um complemento muito rico à experiência. Apanhar um transporte na Guatemala permite-nos viver intensamente a loucura da condução que se pratica por lá e ter uma noção real de como se movimentam as comunidades locais. Do ponto de vista da condução diria não é uma experiência segura. Temos de confiar que vai correr tudo bem porque aplica-se, literalmente, a expressão “Fé me Deus e pé na tábua!”, independentemente das condições da estrada. No entanto, no que diz respeito a outros aspetos é uma viagem perfeitamente segura para um estrangeiro. Ainda que nos sintamos como sardinhas em lata quando os autocarros enchem de uma forma que desconhecia ser possível, a viagem faz-se de forma fluída e divertida.

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Por todas estas razões (e com certeza muitas outras) estou certa de que quem decida visitar o lago Atitlán ficará deliciado com o passeio e com todas as oportunidades que ele oferece para se desfrutar da imensa riqueza natural e dos vários elementos da cultura dos povos Tz’utujiles, K’iche’s e Kaqchikeles. Vale a pena passar por aqui pelo menos uma vez.

Desejo-vos uma excelente viagem!

Hospedagem:
San Lucas Tolimán – Hotel Emanuel; 140 Quetzal por noite
San Pedro – Villa Sol; 100 Quetzal por noite
Panajachel – El Viajero; 125 Quetzal por noite
Nota: Todos os valores que pagámos nos hotéis foram regateados. O regateio é prática comum, não só nos hotéis, como nos mercados ou com outros vendedores.

Transportes Públicos:
Lanchas que ligam as várias povoações do lago:
Viagem de Santiago – San Pedro la Laguna; 25 Quetzal por pessoa (35 Quetzal com a bicicleta)
San Pedro la Laguna – San Marcos; 10 Quetzal por pessoa (Para São Marcos não levámos as bicicletas)
San Pedro la Laguna – Panajachel; 25 Quetzal por pessoa (35 Quetzal com a bicicleta)

Moto táxi de Panajachel para a Reserva Natural do Lago Atitlán; 10 Quetzal por pessoa

Autocarros de Panajachel para Chichicastenango:
Pana – Solola; 3 Quetzal por pessoa
Solola – Los Encuentros; 2,5 Quetzal por pessoa
Los Encuentros – Chichicastenango; 5 Quetzal por pessoa

Subida ao Vulcão San Pedro:
Custo do Guia; 150 Quetzal por pessoa (inclui transporte em moto táxi até ao início do trilho e também de regresso até à cidade). O passeio inicia às 6h da manhã.

Nota: Todos os valores dizem respeito a maio de 2016.





 

Andar de bicicleta durante a noite - Equipamento - Luzes de dínamo

Unknown @ Bicycling2012

Publicado em 27/05/2016 às 9:30

Temas: bicicleta como meio de transporte bicicleta de noite ciclismo dynamo hub dínamo de cubo e-werk LUMOTEC IQ Cyo T Plus Senso luzes de bicicleta Secula Plus

Como expliquei no último post, para mim, as luzes, para além de iluminar bem, têm de estar sempre prontas a utilizar e têm de poder ficar na bicicleta quando é necessário deixá-la estacionada ou presa enquanto tratamos da nossa vida. Estes aspectos práticos também garantem que podemos andar sempre que quisermos e durante o tempo que quisermos ou precisarmos. O facto de serem práticas de utilizar também garante que estamos sempre mais seguros.

Sempre que participei em eventos de longa distância, em que se pedalou pela noite e pela madrugada fora, senti que o facto de não ter de me preocupar com a bateria das luzes foi uma grande vantagem: pude concentrar-me apenas em andar de bicicleta.

Com uma solução de iluminação permanente, é só montar na bicicleta e está-se pronto a andar, seja dia ou noite, sem termos de nos preocupar se temos ou não a bateria das luzes carregada; as luzes estão lá e estão sempre prontas a iluminar. 

Na bicicleta de estrada que podem ver abaixo tenho instalado um sistema da Bush & Müller que funciona exclusivamente com um dínamo de cubo (um Shimano Deore XT VR Dynamo T785 100 DH).

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O dínamo está localizado no eixo da roda da frente.


Este tipo de cubos praticamente não tem atrito quando comparado com os antigos dínamos de garrafa, como os da imagem abaixo.

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O dínamo de roda faz parte da própria estrutura da roda, constituindo o respectivo eixo. 


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Vista do cubo de roda com o dínamo

Naturalmente, é mais pesado um pouco do que um cubo normal, mas gera 6volt de energia com 3W de potência sem se sentir que a está a produzir e sem qualquer ruído.

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Estas são as luzes que tenho utilizado. Na minha opinião, têm ambas muita qualidade e são fiáveis.

A iluminação que tenho na minha actual bicicleta é a 
que consta deste vídeo (a da frente, pelo menos)


Este dínamo alimenta as luzes, sendo que a da frente é responsável por fazer a gestão da iluminação. Esta tem um interruptor com três posições: desligada, luzes de iluminação diurna (daytime running lights) e sensor de iluminação.

Quando se liga a luz da frente, esta  acende imediatamente a de trás e ambas têm uma reserva de energia que as mantém acesas durante uns minutos após a nossa paragem. Este sistema garante que, quando paramos, por exemplo, num cruzamento de estradas.

O material que eu estou a utilizar é o seguinte:
      - Dínamo de cubo de roda - Shimano Deore XT VR Dynamo T785 100 DH
      - Luz da frente - Bush & Müller LUMOTEC IQ Cyo T Plus Senso
      - Luz de trás - Bush & Müller Secula Plus

Na próxima mensagem falarei do estabilizador de corrente E-werk que estou a utilizar em conjunto com as luzes de que vos falei hoje.  
 

Andar de bicicleta durante a noite - Equipamento - Luzes de bateria

Unknown @ Bicycling2012

Publicado em 20/05/2016 às 9:30

Temas: bicicleta como meio de transporte bicicleta de noite bicycle lights ciclismo luzes de bicicleta

Na minha opinião, uma das melhores experiências de bicicleta é andar de noite!

Digo-o seriamente. Andar de bicicleta de noite, em especial com companhia, pode ser verdadeiramente libertador.

No entanto, temos de nos precaver contra os perigos que podemos encontrar à nossa frente, bem como os que poderão vir de trás (automóveis, motos ou outros ciclistas mais rápidos e distraídos, por exemplo).

É impossível salientar suficientemente isto: uma boa iluminação é fundamental para se poder circular em segurança.

Falo de iluminação para ver e não necessariamente apenas para ser visto, pois aquelas luzinhas de LED miniatura iluminam muito pouco e, na minha opinião, também pouco vos fazem ser vistos.

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led bicycle light
Este tipo de luzes de pouco nos vale na maior parte das situações

Até chegar à minha solução de iluminação experimentei inúmeras possibilidades.

Como quase todos, comecei por aquelas luzes de LED que são alimentadas por umas pilhas AAA, mas rapidamente cheguei à conclusão de que necessitava de algo mais forte e com maior duração para andar de noite sem estar preocupado com a possibilidade de as baterias se acabarem antes da chegada...

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Este tipo de luzes, normalmente chamados de segurança 
(por não pretenderem sequer alumiar o nosso caminho) é um bom começo mas, na minha opinião, 
não é suficiente para nos trazer segurança e visibilidade à noite.

Entretanto, à medida que me fui apercebendo de que não eram suficientemente estáveis, duráveis e visíveis, fui procurando outras soluções mais poderosas.

Lembro-me de em 2013 ter comprado umas outras luzes LED com uma luz CREE Q5, com supostamente 240 lumens e com umas baterias especiais 18650 (são umas baterias com a forma das AA, mas um bom bocado maiores e com 3.6v de potência nominal, que, quando carregadas no máximo têm 4.2v). Este tipo de luzes tem 3 modos de potência (económico, médio e forte) e um quarto modo de funcionamento em que piscam com a frequência do S.O.S.. Para seleccionar o modo desejado, basta pressionar o botão que existe na base da lanterna.

Estas luzes têm vários problemas, na minha opinião: têm uma lente com uma má qualidade e espalham demasiado a luz, não focando o que é preciso (a estrada) e cegando quem vem em sentido contrário. Não servem, por exemplo, para se perceber se há um buraco ou alguma irregularidade na estrada. Na minha opinião a luz treme bastante nos modos de potência fraco e intermédio gerando até alguma confusão.

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Adicionalmente, no caso do meu par de lanternas, a lente de uma derreteu com o calor gerado pelo LED: a trepidação da bicicleta deslocou-o e este encostou-se à lente, derretendo-a... Para além disso,  algumas baterias 18650 são de pouca qualidade e, apesar de todo o meu cuidado, algumas ficaram danificadas ao fim de algumas utilizações! Estou em crer que isto poderá ter acontecido porque as lanternas não têm um sistema que proteja as baterias de uma descarga excessiva e eu poderei tê-las deixado acesas abaixo do limiar de segurança das baterias.


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Para além disso, enquanto aquelas luzes eram utilizadas, era muito comum ficar sem bateria no caminho ou ter algum tipo de avaria técnica.


Neste  vídeo estou a utilizar as duas lanternas: uma está visível no vídeo e 
a outra está no guiador, perto da câmara de filmar

Há também estas luzes que um amigo meu tem utilizado e acha bastante boas, quer em termos de luz, quer em termos de duração da bateria:



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Sei que há muitos ciclistas experientes que preferem luzes de bateria relativamente às luzes de dínamo, pelo que estou consciente de que a escolha de sistema de iluminação para a bicicleta é também uma questão de gosto. Há, de facto, luzes de bateria muito boas que duram muito e que têm uma iluminação muito homogénea.

Na próxima mensagem partilharei aqui as luzes que eu estou a utilizar actualmente na bicicleta que utilizo para fazer longas distâncias, de dia e de noite.
 
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