LANÇAMENTO TREE PROTECTOR / Eco t-shirt voadora

rui henrique @ bicicleta voadora

Publicado em 2/02/2016 às 11:47

Temas:

O projecto Tree Protector nasceu da vontade de dar a conhecer uma das principais árvores da região onde nasci, Tomar.

Tanto é conhecida por carvalho português como por cerquinho, mas em latim é a Quercus Faginea.
  
Nos seus tempos de glória, dominava extensos e cerrados cercais, mas hoje, está reduzido a pequenos redutos. 

Menos árvores, mais consequências negativas. 

Daí ter chegado o momento de vestirmo-nos de responsabilidade e de consciência para tentar inverter esta situação. Pode ser o primeiro de muitos passos para uma floresta diversa e recheada de vida.

No dia 20 de fevereiro será lançada uma Eco T-Shirt Voadora (50 exemplares, 11 euros cada) e um saco de pano (11 exemplares, 10 euros cada) dedicados a esta maravilhosa árvore e estão preparadas algumas surpresas para esse dia. 

O que irá a pagar é o preço de uma peça de material biológico ou reciclado e produzida sem exploração de pessoas.  3 euros em cada peça será para ajudar a associação de conservação da natureza MONTIS, que tem como missão principal, fazer uma gestão equilibrada de carvalhais abandonados. Aproveitem esta oportunidade para se fazerem sócios da MONTIS e contribuir assim para o aumento da nossa floresta autóctone.

Haverá também carvalhos portugueses bebés para quem quiser levar e se responsabilizar pelo seu crescimento. Será inaugurada uma exposição de postais da minha autoria que fui registando ao longo de viagens, quer a pé, quer de bicicleta, onde a árvore é o elemento central.
Por volta das 18H irá passar um filme de animação: "O homem que plantava árvores".
Também está prevista uma viagem em bicicleta de fim de semana para se sentir a intensidade que é estar à beira de um carvalho, mas ainda não há data marcada.

Tudo isto será na loja de bicicletas RCICLA / GRÉMIO CAFÉ na Av. 24 de Julho, 86B em Lisboa.

Aceitam-se encomendas apenas da t-shirt a entregar em mão no dia do lançamento em Lisboa e partir do dia 20 de Fevereiro de 2016 para todo o mundo. Ao preço, acresce o valor do selo.
Através do mail: bicicleta.voadora.pt@gmail.com

O Carvalho Português, está à tua espera. Apareçam entre as 15 e as 19H

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/ Concepção, ilustração e recolha de bolotas (Mata nacional dos 7 montes, Tomar): Rui Henrique
/ Texto: Cláudio Soares, Sofia Silva e Rui Henrique
/ Impressão e apoio: Ricardo, Mr Shirtguy
/ Ajudas e ideias: Pancho, Marta, Sandra, Pedro Gil, Susana Batista, Miguel Reis, Gonçalo Baptista, Vitor e Marco
/ Carvalhos oferecidos por: Sigmetum, plantas autóctones 

/ Todos contribuiram com o seu saber sem esperar nada em troca. Obrigado por tudo.
 

Suporte de parede

Julio @ Biclas blog

Publicado em 18/01/2016 às 15:29

Temas: acessórios reciclar

Precisava de um suporte de bicicleta para arrumar a Batavus.
Na arrecadação tenho dois suportes, daqueles vulgares, onde se penduram duas bicicletas. Mas desta vez queria uma coisa diferente. Como esta bicla fica dentro de casa, queria uma coisa mais bonita. Fui pesquisar e encontrei muitos suportes com design interessantes. Bonitos e funcionais, mas também geralmente caros. Decidi por isso fazer um e pensei fazê-lo em madeira. Não é difícil e na Internet encontramos várias ideias.
E foi enquanto pesquisava na net que encontrei um tipo de suporte diferente e original, feito com peças de bicicleta. Gostei da ideia, e no baú das tralhas tinha disponíveis um avanço, e fitas de guiador. Na ausência destas podia também ter usado uma câmara de ar velha.
Ficava só a faltar o guiador e uma ferragem apropriada para o afixar na parede. O guiador foi-me simpaticamente cedido pelo Pedro. Obrigado! ;)
Quanto à peça para o fixar na parede, não encontrei uma ferragem como a que aparece aqui, mas safei-me com um apoio/pé de mesa. É suficientemente forte para aguentar o peso e a medida interior à conta para um avanço de 1´1/8. Nice! :)
Ficou assim:

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O custo foi apenas dos parafusos, buchas e o apoio da mesa. Qualquer coisa como 2€ +/-
E o gozo de fazer as coisas com as nossas próprias mãos dá-lhe um toque ainda mais especial. 
Ideias para suportes originais aqui:
http://www.brit.co/bike-racks/

 

PORQUE GOSTAMOS TANTO DO "TOUR DE FRANCE"

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 23/12/2015 às 15:35

Temas: Bicicultura

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Publicado na revista "Motor Clássico" de outubro de 2015

O verão é a época das grandes voltas. O seu expoente máximo, para além do Giro italiano e da Vuelta espanhola e, já agora, da “nossa” Volta, é sem qualquer margem para dúvida o Tour francês que, no corrente ano, decorreu nas estradas gaulesas – com incursões na Holanda e Bélgica - entre os dias 4 e 26 de julho.

Podemos questionar porque é que o Tour tem esta capacidade irresistível de mover multidões e de nos prender a atenção durante o seu decurso, ano após ano. Mesmo que não sejamos ciclistas ou que não saibamos sequer equilibrar-nos em cima de uma bicicleta podemos ser contaminados pela mística e o encanto da Volta à França.

Avancemos com algumas sugestões de resposta. Sendo certo que não existe uma fórmula que sirva a todos e a tese proposta tenha mais em linha de conta a experiência subjetiva do que um mínimo divisor comum relativamente ao assunto. O Tour encanta-nos por ser tão violento e inacessível como que desenhado para semi-deuses que, no entanto, partilham a mesma massa do comum dos mortais. Somos assim levados contraditoriamente a pensar que é algo de impossível mas que não deixa de estar ao nosso alcance. Tal como nas nossas próprias aventuras velocipedicas o estoicismo atrai-nos como a forma suprema de alcançar o epicurismo, ou seja, a dureza física e psicológica extrema usada instrumentalmente para lograr a felicidade. Nisso reside a superação.

O Tour encanta-nos ainda pelo modo como se constitui numa espécie de símile vital, no qual o quotidiano se revela inesperado, exigindo a cada um uma capacidade de improvisação e de adaptação com vista à sobrevivência, primeiro, e ao sucesso, por último. Efetivamente, a leitura da estrada e dificuldades do relevo, da temperatura, do vento, da postura dos adversários (que mais não são que “compagnons de route”), da escolha da mudança adequada e de mil e uma condicionantes.

O modo como a nossa dinâmica se adapta a estas são, na sua essência, a repetição da própria vida e do dia a dia de cada um de nós.

O ciclismo constitui-se na metáfora da nossa existência e, quiçá, seja essa a razão da sua popularidade e sucesso.
 

O que move um ciclista?

proque @ VELOCIPEDI@

Publicado em 22/12/2015 às 15:54

Temas: Bicicultura

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Publicado na revista "Motor Clássico" de novembro de 2015

Esta pergunta de base tem uma resposta óbvia – a bicicleta. Porém, num mundo em que as facilidades motrizes são múltiplas, o ato de pedalar adquire um significado bem mais profundo. De facto, o que leva alguém a trocar o conforto de uma deslocação em automóvel pelo estoicismo de pedalar? A explicação profunda radicará provavelmente no campo da psicologia, porém existem alguns motivos simples para que um número crescente de pessoas de todas as idades pedalem cada vez mais. Analisemos as suas motivações.

A vontade de evasão entendida aqui como o desejo de escapar da “prisão” do stress e do quotidiano. Quem pedala conhece bem a sensação de escapar desta forma pondo para trás das costas os problemas, fazendo uma pausa para retomar revigorado a sua “cidadania corrente”.

A vontade de aventura, sobretudo em todo-o-terreno, em que amiúde impera a imprevisibilidade do rumo a seguir e na sucessão dos acontecimentos mas também na paixão pelo risco controlado. É nesta improvisação das soluções que a bicicleta atua como uma verdadeira escola de utilidade para a vida do dia a dia.

A vontade ambiental, circulando fora dos ambientes urbanos poluídos (ainda que neles também se pedale com um intuito ambiental), longe dos gases de escape, cruzando parques naturais, alcançando os topos das montanhas, entrando em comunhão com a Natureza e respirando ar puro. Sentir-mo-nos como parte do Universo e reforçando a nossa consciência ecológica é a mais-valia ambiental de pedalar.

A vontade de superação, exercendo uma atividade que é muito exigente do ponto físico e mental e em que o processo de “ir mais além” é contínuo e constante. Apenas com um enorme espírito de sacrifício é possível superar a dificuldade que constitui a subida de uma montanha por uma vereda técnica, chegar ao seu topo e, de imediato, esquecer todo o padecimento. Sentir-mo-nos bem fisicamente, tal como para o Homem do Renascimento, é sentir-mo-nos bem mentalmente.

Assim se compreende que, para além da bicicleta, muito mais faz mover um ciclista.

 

// Ainda há tempo

rui henrique @ bicicleta voadora

Publicado em 11/12/2015 às 15:20

Temas: Colectivo Bicicleta Voadora



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Transtejo - suspender serviços de transporte implica criar alternativas

@ Bicicleta na Cidade

Publicado em 28/09/2015 às 3:32

Temas: Bicicultura EDITORIAL Notícias e Reportagens Transportes Públicos

Sempre que se suprime uma ligação ou transporte é necessário oferecer soluções alternativas, excepto quando se trata de bicicletas.


A supressão do serviço de transporte de bicicletas nas ligações fluviais de Lisboa ao Seixal, Montijo e Cacilhas foi anunciada pela Transportes de Lisboa, um dia depois da Semana Europeia da Mobilidade, mas não chegou a sair do papel. O que ficou deste episódio, além da ausência de uma explicação clara por parte da empresa, foi a ideia de que a mobilidade ciclável, ao contrário de outras, dispensa a criação de alternativas quando as ligações existentes são afectadas.

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Interior de um dos navios que seriam afectados pela medida

Pensemos numa estrada que foi cortada para conclusão de obras. Os sinais de "desvio" são colocados juntamente com indicações para chegar aos destinos afectados pelos trabalhos na via.

Seja por motivo de greve ou por decisão de uma administração, a supressão de ligações ferroviárias de transporte de passageiros obriga, por lei mas também por bom senso, a que sejam disponibilizados serviços mínimos e transportes alternativos, geralmente autocarros.

Quando uma carreira de autocarro é eliminada, outras passam a compensar no seu percurso as zonas afectadas por essa perda.

A própria Transtejo anunciou em Julho que, "devido a trabalhos num pontão do Terminal do Terreiro do Paço", desviou temporariamente para o Cais do Sodré a ligação fluvial do Montijo, o que pode ser um transtorno para alguns mas seguramente melhor do que suspendê-la totalmente.

As alternativas poderão ser insuficientes, diminuindo até a qualidade do serviço prestado. Podemos, enquanto utentes, discordar das condições oferecidas em caso de afectação do transporte a que estamos habituados e em torno do qual organizámos a nossa rotina diária nas deslocações que precisamos de fazer - ir para o trabalho, às compras, buscar os filhos à escola, etc.

Por piores que sejam as soluções criadas para compensar uma alteração a um serviço de transporte, elas existem e dificilmente aceitaríamos que assim não fosse.

Então porque é que a Transportes de Lisboa anunciou esta restrição sem oferecer quaisquer alternativas aos ciclistas?

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Na ligação Terreiro do Paço - Barreiro alguns navios dispõem de suportes

Quando se oferece um serviço regular de transporte de bicicletas, como a Transtejo faz há vários anos, a empresa cria não só uma expectativa em potenciais interessados de ocasião como, mais importante, consegue angariar clientes regulares que passam a depender dele. Pessoas que decidiram ir de bicicleta para o trabalho abdicando do carro que entretanto venderam, que mudaram de casa para poupar na renda ou que aceitaram um trabalho contando com a possibilidade de transportar a bicicleta no barco, usando-a para fazer o resto do percurso em cada uma das margens do rio.

Estas pessoas precisam de alternativas, mesmo que sejam piores. Uma alternativa bem pensada e aplicada minimiza o transtorno e o número de utentes afectados. Como exemplo, a empresa poderia oferecer estacionamento seguro para bicicletas nos terminais, permitindo aos ciclistas deixarem os seus veículos pernoitar na margem do rio que mais lhes conviesse. Dessa forma alguns utentes ficariam apenas "meio" afectados.

Será interessante assistir no futuro a situações semelhantes e perceber se, e como, as bicicletas serão tidas em conta sempre que houver alterações de serviço nos transportes públicos ou nas vias de trânsito. A lição que podemos aprender com este anúncio e recuo da Transportes de Lisboa é que não se pode suspender um serviço sem oferecer pelo menos uma alternativa.



 

O Ruído

Julio @ Biclas blog

Publicado em 16/09/2015 às 7:30

Temas:


O ruído das cidades é uma agressão constante, que muitos de nós sofremos sem termos uma real consciência dela. A nossa mente, tende a direccionar a nossa atenção para os estímulos que são novos, e tudo o resto que está à nossa volta vai sendo automaticamente passado para segundo plano. Por fim, deixamos de reparar no ruído. Mas ele está lá, corroendo dissimuladamente o nosso bem-estar.

Conseguem imaginar uma cidade sem ruído? Refiro-me ao ruído e não ao som da vida nas ruas, do próprio rebuliço, que também lhe dá encanto.  Conseguem imaginar o quanto os vossos dias seriam mais belos? Este vídeo ajuda a passar essa perspectiva:



Mas por muito interessante que seja um vídeo, nada como a vida real! Façam a experiência. Parem. Tomem consciência do som à vossa volta. Seja no meio do caos ou num oásis de tranquilidade. Não seria bom? Então façam como ensinou o Ghandi, sejam a mudança!



P.S. - Enquanto  escrevo esta posta, ouço vindo lá de baixo, rompendo o ruído do trânsito, a melodia de um amolador! Nem tudo está perdido! :)



 
 

passado, presente e futuro dos caminhos de ferro em Portugal...

Cátia Vanessa @ encontros

Publicado em 8/09/2015 às 8:00

Temas: caminho de ferro ecopista do dão linha do corgo linha do vouga viagens

Este verão, virei costas ao mar e fui para o interior do país. Mais ainda, fugi do sul e fui para o norte. Perdi o medo das longas subidas e, assim, explorei terras e caminhos que não conhecia, ou de que já me tinha esquecido.

O elo de ligação foram as linhas de comboio, do passado e do presente. Umas ainda com comboios, as outras já só com as rodas de mais ou menos bicicletas, e os pés de alguns caminhantes. Resumidamente:
- linha do Norte, entre Lisboa e Porto;
- linha do Douro, entre Porto e Peso da Régua;
- linha do Corgo, entre Peso da Régua e Vila Real;
- linha do Vouga (a das voltas), entre Ribeiradio e Viseu;
- linha do Dão, entre Viseu e Santa Comba Dão.

Atravessei paisagens lindíssimas, quase a mergulhar nas águas do rio Douro, a trepar o vale do Corgo, a atravessar os túneis de pedra ou de folhas da linha das voltas e a rolar pelo tapete de betão colorido da ecopista do Dão. Fui banhado por um sol escaldante a empurrar o mercúrio acima dos 35º, e batido por chuva torrencial que só não me chegou aos ossos porque tenho umas camadas naturais que me isolam. Mas, estas 5 linhas de comboio contam uma mesma história. O fio condutor é o da evolução dos caminhos de ferro em Portugal ou, na verdade, nalguns casos, a falta dessa evolução.

Viajei a 200km/h no InterCidades, fazendo-me sentir que, afinal, até estamos num país desenvolvido. Até pude transportar a minha bicicleta sem ter de argumentar. Está previsto, há espaço específico para a minha amiga de 2 rodas, e nem sequer é necessário pagar mais por ela. Um claro sinal de ares de modernidade que sopraram para os lados da CP.

Chegado ao Porto, deparando-me com o InterRegional que segue até à Régua, é-me relembrada toda a sabotagem por que têm passado algumas linhas de caminho de ferro deste país. Na sequência de interesses mafiosos dos nossos governantes das últimas décadas, a linha do Douro, com um potencial turístico enorme, ainda tem a circular comboios sujos, velhos e gastos, com cheiro a Diesel, que demoram mais de 2 horas a fazer um percurso que, de carro, demora pouco mais de uma. E, para levar a bicicleta, foi necessária alguma diplomacia e muito boa vontade do revisor desse comboio!

Da Régua até Vila Real, percorri uma das vítimas caídas dessa estratégia de desinvestimento nos caminhos de ferro. A antiga linha do Corgo que sobe, socalco a socalco, até à capital transmontana está completamente ao abandono. Já não existem carris, os apeadeiros estão quase todos abandonados e degradados, e tão pouco existe qualquer aproveitamento daquele percurso para outros fins. É BTT fácil, mas não é viável com qualquer outro tipo de bicicleta. No posto de turismo da Régua, muito voluntariosos, apenas me souberam dizer onde podia tentar apanhar a linha.

Uns dias mais tarde, encontrei-me com a linha do Vouga. Esta foi outra vítima da febre das auto-estradas que tem assolado este país. A maior parte do seu percurso também está, praticamente, ao abandono. No entanto, notam-se alguns tímidos focos de desenvolvimento daquele traçado. Algumas das estações foram transformadas em espaços de lazer e/ou convívio para quem por ali ainda vive. 

Sobretudo, é de louvar o excelente trabalho que o centro de BTT de Vouzela desenvolveu com a marcação de percursos. Por enquanto, e não sei se eternamente, é difícil fazer aqueles trajectos sem ser numa bicicleta de BTT ou, pelo menos, com pneus bem largos e algum rasto. A que me transportou nestas férias, apesar de ser essa a sua vocação original, há muito que ficou o B e desapareceu o TT. Apesar disso, já tinha sido posta à prova no Corgo e aqui também não me deixou ficar mal. Houve, no entanto, vários troços onde receei que os pneus não iriam aguentar tanta pedra.

Fora dos limites desses percursos, por vezes, era quase impossível seguir o trajecto da linha. Em vários locais, a pressão urbana já destruiu os vestígios desses tempos, não tão longínquos assim, em que existia uma verdadeira rede de caminhos de ferro neste país.

Finalmente, aquele que era um encontro há muito desejado com a Ecopista do Dão, a partir de Viseu. Enquanto que as linhas que percorri anteriormente estavam total ou parcialmente abandonadas, esta, apesar de já não ser um caminho de ferro, mostrava um excelente aproveitamento. O traçado entre Viseu e Santa Comba Dão está totalmente pavimentado, marcado de 500 em 500 metros (!?!), equipado com material de manutenção física e bancos em zonas de estar. As estações e apeadeiros, na sua maioria, sobreviveram à razia do caminho de ferro e são cafés ou outras infra-estruturas de apoio. Até existe um regulamento de utilização desta ecopista, já que em Portugal muito se gosta de criar regras, inúteis ou não, mas frequentemente ignoradas e desobedecidas.

O desejável seria continuarmos a ter um serviço de comboios que nos permitisse chegar, pelo menos, às capitais de distrito e principais cidades do país. Se linhas como a do Douro ou do Oeste não resistirem à sabotagem destes tempos "modernos", resta-nos que, no mínimo, evoluam no sentido em que evoluiu a do Dão. Esperar que as belas paisagens das linhas do Corgo, do Vouga, do Mondego e, sabe-se lá mais quantas, possam num futuro breve ser apreciadas ao ritmo da bicicleta, sem os cuidados que um percurso de BTT exige.

Infelizmente, numa revelação da forma como é encarada a bicicleta por muitos autarcas, a luxuosíssima Ecopista do Dão, com todo o seu exagero de marcações de distância, equipamentos de exercício físico e outros requintes supérfluos, termina num trilho de 200 metros, estreito, mal sinalizado e de piso tão mau que parece que, afinal, ainda rolamos pela gravilha abandonada da linha do Corgo. Chegando à estação do Vimieiro, a uns escassos mil metros de Santa Comba Dão, para chegar a essa cidade é preciso adivinhar o caminho e entrar no IP3, com trânsito muito intenso e velocidades elevadas. Simplesmente, não existe ligação e a ecopista acaba, ali, um pouco como começa em Viseu, meio perdida por entre prédios, sem sinalização.

Se calhar, ainda vai demorar algum tempo...

 

C2C - Coast to Coast - um local para a aventura

Unknown @ Bicycling2012

Publicado em 1/07/2015 às 21:46

Temas: bicicleta bicycle touring c2c cicloturismo coast to coast cycle touring turismo activo turismo em bicicleta

Ora vamos lá a isto, esta é a minha primeira experiência a escrever num blog por isso por favor tenham paciência comigo. Ainda por cima, também já não escrevo um texto decente em português há uns bons anos pois emigrei para Inglaterra em 2011, antes do famigerado acordo ortográfico. Consequentemente, este texto está escrito em português pré acordo. Assim, as criancinhas/jovens que leiam isto podem ter dificuldades em seguir o texto.

O Bycycling2012blogspot pediu-me para descrever a experiência que é a Coast to Coast, (C2C para os locais que gostam de abreviar tudo). A C2C é provavelmente a rota ciclística mais conhecida do Reino Unido e como o nome indica é uma travessia costa a costa. Sendo uma ilha, há diversas travessias em vários pontos, mas esta é uma das favoritas por diversas razões que explico abaixo.


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Mapa das ciclovias que compõem a C2C

Inglaterra é um país excelente para o ciclismo. Tem um sistema de ciclovias que faz inveja a qualquer país do mundo. Chamam-lhe National Cycle Network (NCN) e consiste numa rede de ciclovias que atravessa o pais de lés a lés providenciando aos ciclistas rotas com poucos ou nenhuns carros onde o foco é o ciclista (ver mais sobre a NCN em http://www.sustrans.org.uk/). A C2C aproveitou-se desta infrastrutura para desenhar a sua própria rota.


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 Ciclovia à saída de St Bees – dá gosto ciclar assim!


A C2C para ciclistas foi criada em 1994 tendo sido inspirada por uma rota pedonal traçada por Alfred Wainwright em 1973. A rota original tinha 309 kms começando a Oeste em St Bees e acabando a Este em Robin Hood’s Bay enquanto que a rota ciclistica mais usada começa em Workington acabando em Tynemouth compreendendo 230 kms.  Diz a tradição que temos de levar um pequeno seixo connosco que depois depositamos na margem oposta.

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 O pequeno calhau apanhado na praia de St Bees.

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O pequeno calhau na praia de Robin Hood’s bay. 
(como cheguei numa maré baixa tive de caminhar uns bons 500 m 
para deixar a rocha mesmo em algo que se parecesse mar)

A C2C consegue acomodar diversos níveis de fitness sendo possível de fazê-la num dia (para os completos fanáticos), 2 dias para os razoavelmente em forma, 3 dias para o comum mortal apreciando as vistas e 4 ou mais dias para quem utiliza a rota como um roteiro gastronómico ou umas férias bem relaxadas.

A principal atracção da C2C reside no facto de passar pelas mais belas zonas de Inglaterra. Primeiro o Lake District, com uma beleza natural apenas ultrapassada na Escócia. Depois os North Pennines fazendo-nos pensar que afinal Inglaterra não é assim tão populada e exibindo uma extensão considerável de área quasi virgem.

Em termos logísticos fazer a C2C tem os seus desafios. Principalmente como chegar ao local de partida e como sair do local de chegada. Os famosos caminhos de ferro Ingleses não são os mais fáceis de combinar com a bicicleta por isso conseguir apanhar um comboio com uma bicicleta é mais um caso de sorte do que de bom planeamento e sabedoria. Não há pré-marcações e o comboio leva no máximo 2 bicicletas (independentemente do número de carruagens!).

Talvez melhor alternativa seja a de alugar um carro deixando-o no ponto de partida e depois fazer o mesmo á chegada. Infelizmente esta opção limita a escolha do local de partida e chegada. Dos pontos de partida apenas Workington tem empresas Rent-a–car.  Pode-se sempre ciclar daí até ao ponto de partida desejado e depois então começar a rota oficial. À chegada, em Tynemouth (junto a Newcastle) ou em Sunderland há várias empresas rent-a-cars por isso esta opção acaba por ser bastante prática para o regresso. As rent-a-cars em Inglaterra são relativamente baratas e por um dia de car rental com drop-off a 300 kms de distância do ponto de recolha cobram cerca de £50 (cerca de €70 à cotação actual).


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Em relação à estadia a coisa é mais fácil. Existem inúmeros sítios para ficar e com excelentes condições para as pessoas e para as nossas queridas bicicletas. Aqui pode-se ficar desde hóteis de luxo a simplesmente acampar. Talvez o melhor compromisso sejam as pousadas que estão preparadas para os ciclistas com um nível de conforto bastante bom e sem o risco de que a chuva ou vento nos leve a tenda. Acreditem que independentemente da altura do ano em que escolherem fazer a C2C o mais provável é que chova, faz parte da experiência... Por isso acampar é uma opção que requer a devida consideração. Das duas vezes que fiz a C2C acampei na primeira vez e na segunda usei pousadas. Acampar é a opção mais barata com cerca de £5 a £8 por noite, mas são normalmente apenas quintas que decidiram abrir um dos campos para a malta montar a tenda. Ter duche e uma sanita só nos parques mais requintados. As pousadas custam entre £20 a £30 por noite... mas incluem pequeno almoço e o tão desejado duche!  


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No caminho há algumas opções off-road para quem assim preferir… pois claro eu prefiro!
(aliás há uma rota inteiramente off-road mas engloba, nalgumas secções, carregar a bicicleta às costas. Eu sou todo por BTT, mas Btt-alpinismo não é bem para mim).



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À saída de Alston após a subida mais dura da jornada

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Não nos devemos esquecer de parar de vez em quando para beber um chá 
e apreciar a paisagem, afinal, a C2C é sobre a viagem, não sobre o destino

Sobre o caminho propriamente dito, é bastante acidentado com um total de 3300m de acumulado. Looking on the bright side, com belas subidas vêem belas vistas e aquela sensação de que o que sobe também tem de descer. Assim, um desafio interessante é o de como dividir o percurso de forma a equilibrar o acumulado. Fica a sugestão para o percurso feito em 3 dias:

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Perfil topográfico 

Dia 1
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Dia 2

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Dia 3

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1900 feet não é muito (não chega a 600 metros)… mas após 8 horas a ciclar 
com vento contra acreditem que parecia que estava a atravessar os pirinéus

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Parte da ciclovia à saída de Keswick, uma estrutura em
 madeira que nos leva sobre o rio, delicioso

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Um dos muitos pontos para aproveitar a vista,… e beber mais um 
cházinho que a maior parte das vezes calha mesmo
bem para nos aquecer mais um pouco

Como disse acima, o caminho é feito maioritariamente utilizando quer ciclovias exclusivas para bicicletas quer vias secundárias onde apenas tractores e alguns carros de pessoas locais passam. Coisa mais tranquila é difícil de encontrar. O maior tráfego que vão apanhar são ovelhas e vacas junto ás bermas da estrada a pastar. Isto soa mais a interior transmontano do que busy England mas é assim.

Também, ao contrário do que se pensa, os Ingleses são simpáticos! Onde quer que parem podem pedir água ou direcções a quem quiserem. Nesta parte mais relaxada do país todas as pessoas estão disponíveis para ajudar e eles adoram dois dedos de conversa com totais desconhecidos. Vocês podem é não perceber o que vos dizem... são precisos alguns anos de treino para perceber o sotaque de pessoas nesta região (quase Escócia) e quando chegarem a Newcastle...esqueçam, o Jordi accent é engraçado mas mais ou menos como Açoreano cerrado (desculpem-me os Açoreanos). Não é surpresa que a maioria das piadas inglesas incluem alguém de Newcastle (ou Birmigham) como o bobo da anedota. Tenham paciência pois é muito boa gente e mais cedo ou mais tarde lá percebereis o que vos dizem.

Bem, a título de conclusão, a C2C é uma excelente experiência. Oferece paisagens fantásticas com desafios interessantes. Se gostam de campo e de prados verdejantes então não há que enganar. O caminho é tão variado que fazê-lo em alturas diferentes do ano parecem diferentes caminhos. Quanto a mim… já estou a planear a próxima C2C, vai ser ainda este ano!
 

Estudante, vem devagar

@ Bicicleta na Cidade

Publicado em 29/06/2015 às 15:09

Temas: Bicicleta dell'Arte Bicicultura Notícias e Reportagens Para além de Lisboa trajecto

Texto originalmente publicado na revista B - Cultura da Bicicleta nº7, de Junho 2013.
 
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Ponte móvel em Roterdão, Holanda

Estudante, vem devagar
Uma história sobre como voltar de Erasmus sem dar por isso, atravessando a Europa de bicicleta.
 
O programa Erasmus que se popularizou nas últimas décadas tem dado a jovens universitários a possibilidade de viver até um ano fora do seu país e desfrutar da vida como se não houvesse ano seguinte. Filmes como A Residência Espanhola celebrizaram esse período quase sabático mostrando como é bom, por vezes, estar longe da família e das redes de proximidade, sentir-se livre e evitar confrontos constantes com o que é expectável de cada um. O Erasmus vem com prazo definido, para deixar claro desde o início que a vida louca e boa não durará para sempre, por mais que se tente prolongá-la um pouco mais. Foi enquanto tentava adiar o regresso que decidi voltar da Dinamarca em bicicleta, no verão de 2005. A história que aqui conto começa no fim desse ano vivido fora e é sobre um regresso demorado, cheio de pressa de viver.

Depois de 11 meses passados a absorver informação nova a um ritmo quase diário, o meu cérebro acabou por se habituar a esse frenesim e terá achado que seria um desperdício voltar de avião, perdendo a oportunidade de ver cá em baixo tudo o que existe entre aeroportos. Atravessar a Europa de bicicleta pareceu-me, então, a solução para os meus problemas. Havia feito dois anos antes uma travessia semelhante, aproveitando as vantagens de um outro programa europeu, o Interrail, e ficara-me a ideia de que a densidade habitacional deste continente deixava no terreno e na paisagem a sensação de quase nunca estarmos sozinhos ou isolados, fazendo desta travessia em solitário algo menor que uma aventura.

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Estrada nacional na Dinamarca que segue até à fronteira com a Alemanha

A Europa não tem o exotismo de outras paragens, sobretudo para um europeu, mas atravessá-la de bicicleta, imbuído num espírito de união fraterna entre nações e povos irmãos, que à época estava muito em voga, transportava em si uma ideia de road trip num contexto que nunca se torna muito distante das nossas referências – tudo tem um termo de comparação relativamente fácil e imediato, tudo se assimila facilmente deixando o viajante disponível para outras aventuras que não esbarrem no primeiro e mais elementar desafio de interpretação cultural. Além disso, um ano passado em Erasmus faz-nos criar uma rede de amigos espalhados pelo continente e esta viagem serviu também para visitá-los nas suas cidades de origem.

Tenho que ser honesto: a viagem não foi ultra bem planeada, não era isso que procurava naquele momento. Em vez de rotas cuidadosamente estudadas, locais de dormida e refeições, o que me apetecia era pegar na bicicleta e voltar para casa como se voltasse do trabalho. Uma espécie de commuting mais longo, de 20 dias, com paragens para visitar amigos. Para isso foi necessário enviar toda a tralha por correio de modo a poder viajar apenas com o essencial.

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A aldeia de Garrelsweer, Holanda, organiza a cada dois anos uma festa temática

Dinamarca

É difícil dizer que optei por usar a bicicleta que me acompanhou durante todo o ano, pelo simples facto de nunca ter considerado outra possibilidade. Eu não deixava de ser um estudante com limitações orçamentais num país de preços altos e o meu veículo, comprado em segunda-mão, não deixava de ser uma bicicleta de supermercado, que lá são melhores do que as de cá, embora conservem o estatuto de opção barata e de gama baixíssima.

As hesitações fizeram-me partir às quatro e meia da tarde. Deixei a residência em Aarhus onde vivi durante o ano anterior com destino a Kolding, onde ficaria em casa de um amigo. Arrancar àquela hora tardia obrigou-me a gerir muito bem o tempo e o esforço para evitar chegar de noite, muito embora o céu não escureça totalmente no verão dinamarquês durante as breves horas em que o sol se desloca abaixo da linha do horizonte. É assim que se cura a ressaca dos invernos longos naquele país, com horas de sol abundantes no verão, sem estores nas janelas, muitas vezes apenas com cortinas brancas, e acordando ao som do chilrear dos pássaros às três e meia da manhã, o que ganhava contornos mais irritantes que bucólicos quando isso coincidia com a hora a que me deitava.

Até à fronteira com a Alemanha segui pelo caminho mais directo, a estrada nacional, onde quase sempre existe sinalização para ciclistas e uma berma larga para circular. A alternativa, mais bonita, era uma das ciclovias integradas na rede nacional daquele país que atravessam a paisagem por zonas onde a civilização, embora nunca longe, não invade o nosso campo de visão de forma tão constante. A Dinamarca é conhecida por ser um país plano, o que na realidade se traduz como sendo uma espécie de Alentejo, ou um constante subir e descer ligeiros que evitam a monotonia.

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Estrada agrícola na Holanda

Alemanha

Sente-se a cada esquina, em cada serviço e apoio prestado ao viajante, que a Alemanha é um país de gente habituada a viajar. No Reisezentren, um balcão que existe em todas as estações de comboios, ninguém estranhou quando pedi para comprar um bilhete até Emden com paragem em Bremen, onde planeava passar umas horas para conhecer a cidade. Viajar com uma bicicleta permite-nos chegar a qualquer sítio e conhecê-lo de uma ponta à outra em poucas horas, essa foi uma das descobertas que fiz neste regresso a casa.
Emden fica numa região fértil próxima da fronteira com a Holanda, junto ao golfo do Dollart, onde os caminhos agrícolas, feitos com placas de betão armado, estão integrados em rotas cicláveis com infografia disponível num mapa dedicado ao cicloturismo, à venda numa livraria perto de si.

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Ciclistas e ovelhas cruzam-se num caminho agrícola junto à baía de Dollart, Alemanha

Holanda

A próxima vez que alguém falar na Holanda como um país perfeito para andar de bicicleta, lembre-se disto: fazer muitos quilómetros numa paisagem plana é absolutamente fastidioso. Tal como me disse uma amiga húngara que fez Erasmus em Lisboa, “agora que voltei a Budapeste percebi que aqui tenho de estar sempre a pedalar”. Pois é, as colinas também descem. Disseram-me que a costa holandesa é bonita, mas atenção, o caminho que segui não era feio, apenas plano. Qualquer vantagem que se associe a um chão plano fica sem efeito perante um vento frontal, é como subir uma montanha sem as vantagens de ver a vista lá em cima.

Em Roterdão encontrei-me com amigos de Lisboa que estavam a fazer um curso de verão e, apesar de sermos da mesma cidade, naquele momento vínhamos de cantos opostos da Europa. É difícil a um português, quando sai do rectângulo por algum tempo, disfarçar o sentimento emigrante que exalta dentro de si, apelando à cultura popular da diáspora. Foi com eles que conheci a canção de Graciano Saga que inspirou o título deste artigo, “Vem Devagar Emigrante”, a história de um regresso a Portugal que acaba em tragédia numa estrada de Espanha servia-nos de mote jocoso à experiência de estar fora do país. A Holanda é tão perfeita que chateia, até a natureza foi domesticada. Nada como uma canção dissonante para lhe dar harmonia.

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Ferry-boat que atravessa a baía do Dollart, na fronteira entre a Alemanha e Holanda

Bélgica

Segui para Antuérpia, a cerca de 100 km de Roterdão, atravessando várias vezes a fronteira em Baarle-Nassau, um município onde a linha imaginária que separa as duas nações não é uma recta saída do Romantismo mas sim o resultado de vários tratados medievais que criaram enclaves belgas e holandeses dentro da fronteira maior entre os países. Vale a pena espreitar a história do local. De resto, atravessei a Bélgica com pressa de chegar à cidade francesa de Lille no 14 de Julho, grosso modo, o 25 de Abril da França.

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Fronteira entre a Bélgica e a Holanda em ciclovia

França

A partir daqui comecei a usar a bicicleta apenas para conhecer as cidades onde fui parando. O país é grande e os problemas mecânicos começavam a surgir. Em 2005, as carruagens dedicadas para transporte de bicicletas nos comboios franceses ainda eram novidade, pelo que aproveitei para experimentar o serviço. Sabia também que essa facilidade desapareceria assim que atravessasse os Pirenéus.

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Cidade de Gent, na Bélgica

Espanha

A minha bicicleta cruzou a Europa, levou-me a conhecer Barcelona em poucas horas e depois foi roubada. Um triste final que, contudo, resolveu o problema que seria transportá-la de comboio até Lisboa, implicando desmontar e guardá-la num saco próprio para transporte, que não tinha. A canção de Graciano Saga cumpriu-se uma vez mais, a tragédia aconteceu a um português em trânsito numa cidade espanhola e com ela foi-se a esperança de trazer aquela bicicleta para Lisboa.


 
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