Por uma ciclovia entre Alfragide e Lisboa!

Julio @ Biclas blog

Publicado em 6/01/2015 às 0:14

Temas:

Sendo um utilizador regular da bicicleta na cidade, o tema da mobilidade interessa-me muito! Quando a conversa puxa para aí, lá estou eu a defender o lugar das bicicletas e o seu potencial transformador. São máquinas fantásticas, de uma eficiência incomparável, e capazes de ser uma resposta simulaneamente prática e prazerosa, para muitas das nossas necessidades.
Nestas conversas, raramente me ouvem falar de ciclovias. Costumo até brincar dizendo que as há por todo o lado: São pretas e com faixas brancas. Procuro assim surpreender e contrariar os argumentos habituais do tipo "ah e tal, eu também fazia o que fazes (usar a bicicleta no dia-a-dia) se houvessem mais ciclovias". A verdade é que para além das sempre faladas ciclovias, existem muitas outras formas de promover o uso da bicicleta, nomeadamente medidas de acalmia e redução do tráfego automóvel. Não sou por isso adepto da segregação das bicicletas. Elas fazem parte do transito e o que faz falta é criar condições para a sã convivência dos vários modos de transporte.
Resumindo, é difícil ouvirem-me reivindicar uma ciclovia. Mais depressa, e faço-o muitas vezes, aponto as baterias noutras direcções. Mas, claro está, as ciclovias também têm as suas vantagens e há situações que as exigem.
No meu commuting habitual, entre Algés e Lisboa, uso uma das poucas ciclovias de Lisboa que considero realmente essencial e até bem construída (apesar das sistemáticas inundações a que está sujeita) - a ciclovia que liga a zona de pina-manique ao bairro da liberdade, paralela à "radial de Benfica". Essa ciclovia é uma porta de acesso à cidade muito importante e essencial para vários utilizadores. Sem ela, teria que fazer um circuito bem maior e por zonas mais perigosas em termos de transito. O problema é que entre a zona de Pina-Manique e a Decathlon de Alfragide a coisa muda radicalmente de figura. Esse troço apresenta vários perigos, nomeadamente um transito habitualmente rápido demais, condutores que não respeitam a distancia de segurança para com os utilizadores de bicicletas, curvas apertadas e com pouca visibilidade e zonas sem qualquer iluminação. Refiro-me a esta zona:
 
Ciclovia_AlfragideLisboa_2.jpg
Foto "emprestada" daqui

Dadas as características daquele trajeto urge fazer algumas mudanças, nomeadamente:
1 - Ligar os candeeiros!!!!
2 - Tomar medidas para reduzir a velocidade do trânsito automóvel (lombas, radares, sinalização, fiscalização)
3 - Construir uma ciclovia.
Sim, é verdade! Ali, também eu, defendo a criação de uma ciclovia.
Digo, também eu, por dois motivos:
1 - O primeiro é que, como já expliquei, não é fácil defender esta solução por preferir habitualmente medidas que promovam a inclusão da bicicleta no restante trânsito e não a sua segregação (há muita informação na net defendendo esta estratégia). Logo, se defendo a existência de uma ciclovia é porque há uma razão muito forte para isso! E aqui há duas: A segurança de quem usa aquela percurso, e o potencial estratégico do mesmo, por ligar zonas residenciais à ciclovia da radial de benfica.
2 - Porque não sou o único! Há outros utilizadores de bicicleta que vêm apontando o mesmo, também fruto da sua experiência. Mas há também muitas outras pessoas, certamente muitas das que ficam engarrafadas nos seus carros nessa mesma estrada, que passarão a usar a bicicleta quando essa obra for feita.
A verdade é que para quem dá os primeiros passos, ou as primeiras pedaladas de bicicleta na cidade, as ciclovias representam um incentivo muito importante.
A possibilidade de ligar o Parque de Campismo é também um objectivo a não descurar. Há uns meses encontrei um casal de reformados holandeses, em Turismo por Lisboa, que saiam do Parque de Campismo e estavam ali naquela estrada assustados e perdidos. Escoltei-os até ao inicio da ciclovia em Pina-Manique e dali seguiram para explorar o resto da cidade. Confesso que nesse momento me envergonhou o atraso do nosso país nesta matéria...
Por tudo isto, gostava mesmo que fosse construída uma ciclovia no troço Alfragide-Lisboa. Naturalmente que seria interessante e faz todo o sentido que a mesma depois siga em direcção a Algés, mas julgo que o primeiro troço é prioritário e essencial por questões de segurança!
Acrescento ainda que isto de reivindicar ciclovias não é um capricho! Não se tratam de exigências vãs. Em primeiro lugar, esta necessidade prende-se com segurança dos utilizadores daquela estrada! Mas já agora, convém relembrar que o uso da bicicleta no dia-a-dia interessa a todos! Até aos que não prescindem do carro. Reparem: Em cada mês percorro cerca de 300km nas minhas deslocações casa-trabalho-casa. Isso tem um impacto imenso na minha qualidade de vida, nomeadamente no meu bem-estar físico e psíquico. Mas não só. Representa também menos um carro a engarrafar os restantes, a ocupar um espaço de estacionamento, a emitir poluição atmosférica e sonora, a contribuir para a importação de combustíveis fósseis. Ah... e tal como vários estudos apontam, a utilização regular da bicicleta promove uma maior eficácia laboral e a redução no número de baixas médicas. Por isso é que há países europeus onde as empresas pagam aos seus funcionários para usarem a bicicleta. Porque sabem que no final, ficam a ganhar! Por cá, pedalamos ainda muitas vezes contra a corrente... mas a maré está a mudar, e é altura de construir esta ciclovia.


Nota:
Este tópico surge na sequência da iniciativa do autor deste blog, a propósito da necessidade de construção desta ciclovia. Recomendo a leitura do, muito detalhado,  estudo que ele fez sobre este assunto. Nuro, bem haja a tua iniciativa! Espero que se crie uma massa crítica capaz de fazer avançar esta obra que interessa a todos! Vamos a isto! Quem se quiser associar, começe por deixar aqui o seu manifesto e junta-se à causa.
 

drivers are mean to each other!

Cátia Vanessa @ encontros

Publicado em 2/12/2014 às 8:48

Temas: capacete marginal viagens

O encontro de hoje foi com um ciclo-turista australiano. Passei por ele no paredão entre Caxias e a Cruz Quebrada, quase no final, e quando estava para desaparecer pelo túnel, em direcção ao cruzamento da Marginal no Estádio Nacional, ocorreu-me verificar se ele sabia o caminho. Como seria de esperar, ficou para ali feito barata tonta, sem saber se havia de meter para a praia da Cruz Quebrada, ou ir atrás de mim.

Abordei-o, primeiro em português, e como ele me respondeu em inglês, expliquei-lhe o caminho, e porquê. A CMO está a fazer uma ciclovia. Isso pode parecer muito bom mas, tendo em conta aquilo a que o Município de Oeiras gosta de chamar de "rede ciclável", não consigo evitar alguma apreensão. Além disso, está a fazer uma onde já existia um caminho ciclável (apesar de alguns buracos e poças de lama ocasionais), mas teima em não resolver o problema do único troço onde não há qualquer alternativa viável à Estrada Marginal: entre Caxias e Paço d'Arcos.

O T já estava habituado a "highways", pelo que apanhar a reta do Dafundo não o assustou. Viemos a bom ritmo a pedalar a par, comigo a querer saber um pouco mais do que o trazia por ali. Estava a viajar há 8 meses, desde Istambul, e já tinha percorrido 16.000 km pela Europa!!! Grécia, Balcãs, Europa Central, Holanda, Reino Unido, França, Espanha e, finalmente, Portugal.

Como era australiano, e reparei que não levava capacete, perguntei-lhe como estava ser a experiência de pedalar sem capacete. Comentou que estava a adorar, sendo a primeira vez que o tinha deixado pendurado nos alforges. Há tempos que não apanhava sol e estava a aproveitar cada raio disponível. Confirmou-me aquilo que já muitos sabemos: na Austrália é obrigatório e muita gente deixou de utilizar a bicicleta por causa da obrigatoriedade do capacete.

Depois, quis saber como estava a ser a experiência dele no nosso país. Não consigo evitar aquela vaidade de ouvir os estrangeiros a serem simpáticos, genuinamente ou não, ao descreverem como adoram a nossa comida. Também eu adoro a nossa comida. E como reparou que uma grande parte da população está tão densamente concentrada no litoral. Adorou as nossas montanhas, mesmo que sejam de brinquedo, comparadas com as da Europa Central.

Quando nos aproximávamos de Belém, fui-lhe falando dos monumentos, dos 500 anos da Torre de Belém, da grandiosidade dos Jerónimos. Apesar de ser a zona mais turística de Lisboa, aconselhei-o a passar ali um par de horas.

Finalmente, porque ele estava com um furo lento, parámos junto ao Padrão dos Descobrimentos. O tema seguinte deitou por baixo o meu orgulho na mãe pátria. Ele fez questão de reparar que, porque existem auto-estradas por todo o lado, as estradas secundárias têm pouquíssimo trânsito. Mas depois, começa a comentar como os condutores portugueses são tão agressivos. Os piores que tinha encontrado até agora, nos seus 16.000 km de viagem. Piores do que gregos! E termina com um "drivers are mean, not just to me, but to each other!".

Podemos ter monumentos grandiosos, comida saborosíssima, sol radioso ou gentes calorosas. As mesmas pessoas que constroem aqueles monumentos, cozinham os nossos pratos, vivem debaixo deste sol ou acolhem os visitantes transformam-se em seres vis quando se encontram aos comandos de um automóvel.

RF
 

Porque é que um ciclista chega atrasado?

Cátia Vanessa @ encontros

Publicado em 14/11/2014 às 21:03

Temas: bairro alto lisboa ribeira das naus

Há umas semanas, tinha um almoço com velhos amigos, no Bairro Alto. Fui para Lisboa de comboio, para ter tempo de subir a colina sem pressas, dando a volta pelas ruas menos movimentadas e menos íngremes.

À chegada ao Cais do Sodré, voltei a confirmar que ainda tinha tempo de tremelicar pela Ribeira das Naus para aproveitar o maravilhoso sol que se fazia sentir, já em pleno Outono. Depois de passar o edifício das agências europeias, ouço alguém chamar o meu nome com uma pronúncia difícil. Não foi difícil detectar a origem, pois o C também já me acenava do alto dos seus quase 2 metros de altura.

Foi uma agradável surpresa. Ele tinha-me avisado que estaria em Lisboa de férias, mas não me tinha confirmado datas, e tinha acabado de chegar. Andava à procura da loja de aluguer de bicicletas e, assim, caminhámos até lá. Pusemos rapidamente a conversa em dia, e combinámos um ponto de encontro para depois de almoço. E lá segui eu, agora já sem grande margem para desfrutar da paisagem, ou do sol.

Ao chegar à Praça do Município, porque era hora de almoço, lá me dou de caras com o D. Mais 2 dedos de conversa, mas como ele é patrício, e encontramo-nos frequentemente, permiti-me despachá-lo porque, afinal de contas, ainda nem tinha começado a subir. E agora, já não podia nem sequer olhar para as pessoas bonitas que preenchem a zona da Baixa e do Chiado, à hora de almoço de um dia de semana. Era o mais depressa possível, até ao Bairro Alto.

Cheguei ao restaurante marcado, e já me aguardavam os meus companheiros de muitas aventuras, menos das que são em duas rodas. Além de algumas risadas, deu para ouvir um deles, em tom gozão, a dizer: "afinal o ciclista é que chega atrasado!"
 

Bikepacking por Montejunto - 1 e 2 Novembro 2014

Gonças @ Hors Piste autorizé....

Publicado em 12/11/2014 às 11:00

Temas: aventura bikepacking dormida integração com TPs longtail montejunto own trip S24O

Já estava com "sarna" de casa, tinha que ir para o mato ;). Queria ir explorar uns trilhos que tenho no Montejunto em estilo bikepacking

Vários amigos tinham manifestado a vontade de irem comigo e experimentar uma noite no mato em stealth mode (pernoita selvagem). 

Juntei as vontades e lá fomos. Após várias combinações lá acabámos por ser apenas 3 (o número mágico). O B levava a sua xtracycle btt e o G a sua trekking com alforges. Eu, que já vinha a preparar a trekking para estas lides, não a deixei de a levar...conjunto engraçado de biclas para bikepacking! 
Mas o que conta é mais a vontade do que o material e por isso seguimos!

A ideia era irmos ter a Torres Vedras onde o B nos esperava. Combinei com o G em Mira-Sintra. 

Saí de casa às 8h15. Fui verificar o ar nos pneus à bomba e às 8h20m estava a caminho. A primeira molha apanhei na serra de Carnaxide. Chegado à Amadora já estava seco. Siga que para a frente é caminho. Passei pelos fofos de Belas sempre a abrir para não parar ;) e apanho a segunda molha perto do quartel da Carregueira. Chegado à estação de Mira-Sintra, 16Kms e 45min depois, encontro-me com o G. 


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Zona saloia, à saída de Belas

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O comboio da linha do Oeste...




Verificámos que o magnífico comboio que nos transportaria pela linha do Oeste era de apenas uma carruagem/máquina. É decepcionante a "sangria" que andam a fazer ao nosso transporte ferroviário. Para além de nós, apanhámos um grupo de escoteiros da Ajuda que iam pedalar para a zona da Foz do Arelho, acampar e pescar. Fez-me lembrar as minhas viagens com a minha equipa em tempos idos. Tanto pelas biclas, como pelo material que é levado às costas (aprendem da pior maneira), mas mais pelo espírito de Insha'Allah que transbordavam e  que ainda me acompanha! ;)

Escusado será dizer que foi extremamente difícil colocar tanta bicicleta naquela carruagem. Valeu a boa vontade do revisor e maquinista, mas nestas coisas estamos sempre com um pé na Europa e outro em África: nem temos todas as condições, nem temos um total à vontade para amontoar e sigapabingo...é sempre à base da (difícil) negociação. 

Menos de uma hora de excelentes paisagens depois estamos em Torres e somos surpreendidos pela família do B. Fomos levantar dinheiro e seguimos logo para um trilho que o B nos tinha para presentear. 

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Entrar no trilho à beira do Sizandro

Seguia o Sizandro e tinhamos companhia de vários atletas que faziam um ultra-trail naquele sábado. Não tarda estávamos a passar pelo complexo termal dos Cucos, local lindíssimo entre o abandonado e o "algo estimado", que em conjunto com as cores outonais lhe davam uma aura mística. Continuámos por trilhos rolantes entre fornos de cal e antigos moinhos de água, por terras de Matacães (aparentemente os cães eram os Franceses no tempo das invasões Napoleónicas). Por lá, encontrei um amigo dos Nomad's que andava a fotografar o dito ultra-trail, e o já antigo lema "Bons amigos por maus trilhos" está forte e de boa saúde! ;)


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Edifício principal do complexo termal

Os trilhos acabaram a certa altura e fizémos uns Kms de estrada para avançar. Comprámos pão (daquele bom, denso), fiambre e queijo (embalado e não fatiado na hora!) pelo caminho e procurávamos um local que nos vendesse uma sopa quentinha. Coisa cada vez mais difícil, assim como encontrar bicas de água ou indicações de trânsito que não incluam variantes ou vias rápidas ;o).


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Trilhos

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 E mais Trilhos

Optámos então por "picnicar" num vinhedo e beber um café bem antes da subida aos míticos 666m da serra de Montejunto!

A pensar no jantar andámos também à procura de uma mercearia ou talho aberto, mas já tinha tudo entrado em modo "fechado para almoço". À medida que subíamos, mais nos afastávamos de povoações e a probabilidade de encontrar alguma aberta diminuía. Eu já olhava para os pomares e para as hortas visíveis da estrada e pensava em fazer um pequeno raid a couves e peras! ;)

A última aldeia antes da mega-subida estava em festa. O centro estava engalanado, o palco estava montado e estava tudo bem vestido! 
O G decidiu lançar o isco e perguntar se havia algum sítio onde pudesse comprar fruta ou um litro de leite. Era dia de festa e por isso estava tudo fechado, mas levaram-nos a casa de uma senhora que tem um armazém de fruta. Não perdemos nada em tentar, pensámos. A senhora lamentava pois não ia abrir o armazém, mas quando viu que éramos 3 e de bicicleta foi buscar fruta que tinha por casa e ofereceu-nos. A bondade de estranhos em viagem continua intacta e mesmo pedindo para pagar o leite que nos cedia fomos brindados com um "era o que mais faltava". 

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Bondade de estranhos


Um bom élan para "atacarmos" a subida!


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A subida


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Vista de cima para baixo

Subida é favor...estradas terciárias, se bem que alcatroadas com inclinações de 13% em alguns locais. A minha trekking não tem tanta desmultiplicação como a BTT e isso notou-se. O B, com a xtracycle estava bem pior que nós, mas não tarda estávamos perto dos moinhos da serra. A vista valia bem a pena! 

Parámos perto de uma casa abrigo para fazermos uma cache. Ao arrancarmos, o B reparou que um barulho estranho vindo do selim era o resultado de uma rachadela no espigão, mesmo no local onde se prende o rail do Brooks. Ainda testou a possibilidade de ir sentado no assento do xtracycle, mas para além do estilo "chopper" e de saber que tinha uma alternativa caso ficasse sem selim, não lhe dava grande jeito! 
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Se falhar, tenho alternativa!!!

Lá seguimos a subir por estrada (uma ciclovia imensa) ao som do "eye of the tiger"!! 
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Vista

As vistas, o tapete de alcatrão, o tempo fantástico, o ar puro, a ausência de carros...isto tudo junto compunha um excelente postal de cicloturismo! E tudo a 60kms de Lisboa. 

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"Ciclovia" do Montejunto ;)

Chegámos ao parque de merendas do parque natural de Montejunto com menos de 35Kms nas bicicletas. Visitámos o centro de interpretação do Parque natural e fomos até ao bar da serra para beber um café. Ficámos agradados com o ambiente do bar e o G pede uma tosta pois a subida deu-lhe fome. Entretanto estávamos a combinar como seria a pernoita:

A ideia é montar campo após jantar para não fazer fogo na floresta. Escolhermos um local recôndito, de preferência sem muito vento, sem muitos buracos ou pedras e recolhermo-nos em silêncio. Deitar cedo pois fica escuro cedo. De manhã cedo é acordar com o nascer do sol e lançarmo-nos ao trilho para tomarmos o pequeno-almoço.


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Parque de merendas e bar da serra

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Com um Wheel bender de madeira...catita

Bem dito, melhor feito, mas não sem antes eu e o B pedir-mos também uma mega-tosta de 3€ e uma imperial para ficarmos jantados. 


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O parque de merendas

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A tosta (ainda há a "XL")

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Antes que fuja


Depois de mais ou menos meia hora encontrámos um sítio entre pinheiros, protegido do vento, com bastante erva seca ideal para o conforto e longe da vista. Montámos tenda e deitámo-nos. 

Ás 19h! ehhe

Deitar cedo, como em qualquer pernoita no mato, e depois contar mentiras até adormecermos. 


A quantidade de erva escondeu-nos um grande alto, mas de qualquer forma dormimos confortáveis.


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Esta vai para a "View from the tent"

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Completamente stealth

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De volta ao parque de merendas

Voltámos ao parque de merendas para tomar o pequeno almoço. Cereais, leite, fruta, pão, café quente, nada faltou. Seguimos caminho, desta vez até ao cimo, perto das antenas. Esta fresco, mas excelente para Novembro em Montejunto. Perto das antenas cruzámo-nos com um grupo de "drifters" que traziam os seus triciclos numa carrinha e depois desciam a alta velocidade. 

Depois de vermos as vistas descemos e como não queria vir a Montejunto e não fazer trilhos propus um atalho. Lá atalhámos logo depois de 100m de alcatrão. Pusémo-nos num trilho de cabras, sempre a descer até aos moinhos da serra.

Não tardou em ouvirmos uma ambulância (terão sido os drifters??) e o G. que tinha acusado o frio matinal já estava cheio de calor. A verdade é que o trilho tem muita rocha, como é apanágio de Montejunto e é muito castigador para bicicletas com roda mais fina e pneu menos grosso. De qualquer forma, para frente é que era caminho e aproveitámos para irmos tirando as fotos mais espectaculares de toda a viagem.

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Os drifters

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As torres

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A vista

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O começo do trilho

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A vista no trilho

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 Era assim que nos sentíamos ao acabar o trilho

O Gps do B. ainda caíu no trilho, mas voltámos atrás à procura e apareceu (UFF). Chegados ao alcatrão, perto dos moinhos aproveitámos para nos vingarmos da subida do dia anterior...era sempre a abrir (haviam de ver a cara de intrigados por nos verem a descer cheios de carga e a xtra a ultrapassar ciclistas em subida ahaha).

Despedimo-nos num cruzamento pois o B ainda ia almoçar com a família em Torres Vedras (fez um S24O). Eu e o G seguímos em direção a Lisboa. Víamos Montejunto de longe, vista igualmente brutal. Seguimos maioritariamente pela N115. Merceana, Sobral de Monte Agraço, Bucelas, Sto Antão do Tojal onde nos separámos. O G seguiu via trilhos pela Trancão até ao parque das nações e eu segui via Loures, Odivelas (ainda pensei ir até A-da-Beja, Belas, Lav) onde virei para Lisboa pela calçada de Carriche, Lumiar, Benfica, Brandoa, Alfragide, Carnaxide e por fim Linda-a-Velha. Cerca de 70kms sempre rolantes e extremamente agradáveis (até Loures :( )  

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A vista de Montejunto ao longe

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Ciclovias descomunais ;)

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Almoçámos em Merceana

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Já no Lumiar

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Os percursos sobre o Modelo digital de terreno com um drape de imagens de satélite:

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No Montejunto, vermelho a subir no primeiro dia e a amarelo o segundo dia.

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Noutra perspectiva.

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O percurso inteiro (vermelho dia 1 e amarelo dia 2, sem o percurso do comboio)

 

Bikepacking no Montejunto...Setup!

Gonças @ Hors Piste autorizé....

Publicado em 4/11/2014 às 9:49

Temas: aventura bikepacking montejunto own trip

Eis o meu setup para o fds em bikepacking no Montejunto de Novembro 2014:

A bicicleta, uma Rocky Mountain whistle 70 é uma trekking, ou seja uma híbrida entre BTT e estrada, útil para viagens e percursos diários (commuting). Tem rodas 700c e pneus de estrada, mas coloquei-lhe as rodas da minha BTT para fazer esta volta. Com racks dianteiro e traseiro, guarda-lamas, ferramentas, pedais largos, espelho, etc. pesa 17Kgs. (na balança da wc).

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A híbrida...
rola bem na estrada para nos levar onde queremos e depois não recusa um trilho!


No saco estanque traseiro (preto), que pesava 3,5Kgs levo:

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- saco-cama
- matelá (base isoladora)
- múmia de algodão
- corta-vento
- roupa (meias, gorro, luvas, calças e camisola térmica)



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No saco water-resistant azul que ia no rack dianteiro, pesando 2,5Kgs ia:

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- Um poncho (para abrigo)
- O meu Ikea Hobo Stove (inclui fogão alcool, fonte de fogo, talheres, esfregão e corta-vento)
- Garrafa com alcool
- Panela 500ml 
- Temperos, chá, café
- Cafeteira 

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No plano original ia a tenda e apenas o Ikea Hobo Stove, mas acabei por levar material para cozinhar para 3 pessoas e a tenda leva outro. 

No meio do quadro coloquei o framebag que fiz, onde levava comida:


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- pacote de bolachas
- noodles
- fruta
- aveia e frutos secos



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E nas costas levava a mochila s.o.s. com 2 kgs de:



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- faca de mato
- canivete
- Fita americana
- rolo paracord ou sisal
- kit primeiros-socorros 
- kit costura
- ferramentas maiores q não caibam na bolsa das ferramentas
- pilhas extra
- toalhitas/papel higiénico
- frontal
- 2º isqueiro 
- cintas
- porta-água
- casaco

No guiador levava:


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- conta kms
- GPS (Garmin Dakota 20)
- mapa de estradas
- bateria (solar)



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SIGA!!!
 

Um passeio épico e um teste ao Brooks C17

Julio @ Biclas blog

Publicado em 13/10/2014 às 22:53

Temas: acessórios passeios

Acordei com as rajadas de vento e a chuva a fustigarem a janela. Por breves instantes pensei em desistir do passeio de bicicleta que tinha previsto para aquele domingo de manhã. Só por breves instantes. O temporal persistia e não dava sinais de alivio mas a vontade de pedalar foi mais forte!
O passeio em si, já era razão mais do que suficiente para sair do conforto das mantas, mas desta vez tinha também uma motivação extra.

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Cambium C17 - versão de teste. Diz que é bom, que não é só Marketing. A verdade é mais complexa...

Os Srs. da Brooks, depois de terem tomado conhecimento do meu interesse pelo Cambium C17, e reconhecendo o impacto mediático que o biclasblog tem no universo dos apaixonados por bicicletas, enviaram-me um selim de teste para que eu o pudesse experimentar e aqui publicar a respectiva análise. Estiveram bem! A única possibilidade na minha agenda para corresponder a este simpático pedido era exactamente aquela manhã de tempestade...
E assim, equipado a rigor, fiz-me à estrada!
Rapidamente o vestuário "impermeável" demonstrou que esse conceito, quando aplicado à roupa, é muito limitado!! Felizmente que no caso de um selim as coisas são mais simples e o termo "impermeável" do C17 assenta-lhe bem, sem falhas. Ao contrário dos outros selins brooks, este é o primeiro selim impermeável e cujo conforto é prometido desde a primeira utilização, sem ser necessário um período para ele se moldar ao nosso corpo. Apesar disto, a minha expectativa para o passeio era naquela altura muito baixa. Porque? Porque antes de o montar na Masil, andei com ele na Quipplan... e que martírio!! Para minha grande surpresa, e devo dizer até desilusão, os primeiros km´s não foram de conforto, mas de sofrimento! O selim era demasiado duro, fazendo demasiada pressão nos "sit bones" (desculpem lá mas não sei o nome deles em Português). Por outro lado, sentia algum amortecimento proporcionado pela borracha de que ele é feito e o formato na frente é o ideal, não interferindo com o movimento das pernas. Coisa pouca, que não chegava para fazer esquecer o desconforto. Mas a minha intenção para este selim é de o usar numa bicicleta randonneur que estou a pensar montar, por isso achei que devia fazer um teste na Masil para ver como era o feeling dele numa bicicleta com outra geometria e usando uns calções de ciclismo.
Não sendo a expectativa boa, cheguei a pensar nem trocar o selim da Masil para não arruinar o passeio... Mas pronto, lá resolvi arriscar e montei o Brooks na Masil. Surpresa das surpresas, ao contrário da experiência na Quipplan, na Masil, o Cambium teve um desempenho muito bom! Manteve as boas caracteristicas de amortecimento e ergonomia da frente mas com a diferença de não massacrar os sit bones. Quase não senti pressão nenhuma! Como? Bom, a posição de condução é diferente e os calções terão também ajudado. Em 3h30 de passeio o balanço foi positivo, ainda que alguma dureza se mantivesse e esteja por isso na dúvida de como será em passeios maiores... E isso é importante porque a ideia é mesmo arranjar uma selim (e uma bicicleta) confortável para voltar a fazer passeios longos, nomeadamente brevets randonneur.

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Já o resto da bicicleta não me proporcionou o mesmo conforto. Os 65km na Masil chegaram para ficar moído, recordando-me a razão pela busca de uma bicicleta mais confortável.
Portanto, sobre o brooks, basicamente ainda não me decidi! Se fosse para usar numa bicicleta com uma posição vertical, claramente não! Para a bicicleta que tenho em vista, a resposta é ainda um "talvez". Tudo isto levou-me a pesquisar um bocado na internet e a perceber que a escolha de um selim depende mais da forma como ele se adapta ao nosso corpo e à utilização pretendida do que simplesmente uma avaliação se o selim "é bom" ou "é mau".

Quanto ao passeio, não foi fácil chegar ao cimo do Montejunto. A relação mais leve da Masil (39-23) estava claramente desajustada para o que as minhas pernas pediam! Como se não bastasse, as rajadas de vento fortíssimas, e de frente, tornaram a conquista do topo ainda mais dura, mas também por isso mais desejada. Quando foi altura de descer, os ventos laterais trouxeram alguns arrepios, obrigando a atenções redobradas.

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A dureza da subida, a imponência da montanha, o nevoeiro que ora aparecia ora desaparecia, o som dos trovões e do vento, tudo conjugado trouxe a este passeio, mais do que dificuldades, uma sensação incrível de satisfação, por ali estar sozinho, com a minha bicicleta! :)

E se algum dos meus 4 leitores já chegou até aqui, deve estar a estranhar a conversa acima da Brooks ter-me emprestado um selim. Pois... é verdade. Foi apenas um devaneio megalómano. A história verdadeira é outra:
Dirigi-me à loja da Veloculture e expliquei o meu interesse pelo selim e, quando eu esperava apenas a possibilidade de um micro-teste, ali na rua ali em frente à loja, fui surpreendido com um simples: "Aqui está. Podes levar. Trá-lo daqui a uns dias". Assim. Sem outras complicações!
Podem até não ter vendido um selim (ainda não me decidi) mas é certo que logo naquele instante conquistaram, ainda mais, a minha admiração. E por isso, mais do que o negócio de um selim, ganharam um cliente! Grande Veloculture!! :)


 

Pedalar devagar 2

Gonças @ Hors Piste autorizé....

Publicado em 23/09/2014 às 14:49

Temas: América do sul

Fiz há uns tempos uma review sobre o livro Pedalar devagar, que relatava uma viagem espectacular de 4 anos da Valérie e do João Fonseca pela Ásia.

Coincidências das coincidências um amigo cruzou-se com eles no seu caminho para uma nova aventura: Pedalar devagar II e conseguiu com que nos sentássemos a conversar no parque das nações em pleno dia da mobilidade. 

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A imagem de marca da aventura "Pedalar devagar II"

Era um dia confuso, com montes de atividades a acontecer ao mesmo tempo, mas ainda deu para falarmos um pouco de viagens, especialmente com crianças. O Sinai e o Yacha vão passar 12 a 14 meses a viajar com os pais e vão ter uma aprendizagem brutal aos 8 e 10 anos! Viajar do Rio de Janeiro até ao México de bicicleta é algo que "enriquece" qualquer currículum ;)

Pensávamos que íamos estar mais tempo com eles, mas tinham coisas marcadas. Afinal no dia seguinte tinham que estar no aeroporto bem cedo e ainda havia despedidas a fazer. 

Deu para conversarmos alguma coisa, o João ainda experimentou a xtra e agora vamos todos viajar com eles, contando que façam o update regular do blog ;)


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Grande montagem! 

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O João gostou da xtra!

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Tinha que lhes pedir um autógrafo ;)
 

Um commuting diferente

Julio @ Biclas blog

Publicado em 18/09/2014 às 21:17

Temas: contratempos filmes

Foi hoje! Eu já andava a estranhar a demora... Depois de cerca de 5 a 6 mil km´s de commuting a pedal, o primeiro furo. E a comprovar as Leis de Murphy, aconteceu num dos raros dias em que não tinha comigo o "kit de autonomia" completo. Tinha os desmontas, os remendos, a chave para desmontar a roda e até uma câmara de ar nova, mas faltava a bomba!
Mas há sempre solução. Neste caso, tinha várias hipóteses: iniciar a troca de câmara de ar e ficar à espera que passasse alguém com uma bomba; aproveitar o facto da bicla ser dobrável e fazer o resto do percurso com ela de autocarro ou de taxi; chamar o Bicycle Repair Man; ou fazer o resto do caminho a pé. Optei por esta última e estranhamente não perdi tanto tempo quanto imaginava.

Para os que pedalam em Lx, o bicycle repair man não é apenas uma piada! É clicar aqui para saber mais.

A meio do dia lá reparei o furo e fui com a roda até uma oficina para encher o pneu. Afinal de contas, foi simples. Se tivesse uma avaria no carro seria sempre mais complicado/demorado para resolver.
Mas as tropelias do dia não ficaram por aqui... Foi a primeira vez que saquei fora a roda traseira da quipplan e como não conhecia bem o sistema do cubo nexus, montei aquilo mal ficando com a bicicleta "engatada" na 1ª velocidade... raios... Pedalava vertiginosamente e não passava dos 15km/h!! Ainda assim, era o suficiente para ultrapassar os carros parados nos habituais engarrafamentos de fim de dia. Bizarro, cómico, frustrante, desesperante, serve qualquer um dos adjectivos, dependendo do estado de espírito e do ponto de vista (o meu ou o dos condutores presos no trânsito).
Para ajudar (mesmo! não é ironia!) chovia. Era daquela chuva miudinha que não incomoda nada, apenas ajuda a tornar o trajecto mais saboroso. E à pala da limitação de velocidade ganhei mais uns minutos de diversão. Se fosse de carro, mesmo que ele não avariasse, teria sido tudo bem mais demorado. E stressante...
Vivam as biclas!!! :)
 

Xtracycle na interbike 2014

@ MA FYN BACH

Publicado em 17/09/2014 às 14:04

Temas: xtracycle

Segundo o Ross Evans: 

cargo bikes e motor eléctrico é como chocolate e manteiga de amendoim! ;)


Entrevista a Ross Evans
(sem vento seria bem melhor)




 

Férias a pedal

Julio @ Biclas blog

Publicado em 8/09/2014 às 23:34

Temas:

Fui com a minha família passar uns dias de férias ao Algarve.
Os dias arrastaram-se vagarosamente, de chinelo no pé, sem relógios nem compromissos...
O carro serviu para lá chegar e para regressar. Enquanto lá estávamos, todas as nossas deslocações foram feitas a pé ou de bicicleta.


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Essa opção teve uma grande importância na qualidade dos dias que passámos!
Livres dos engarrafamentos, das dificuldades para estacionar, e do sentimento de desconexão com o mundo exterior que o carro suscita, pouco a pouco, deixámo-nos impregnar pelo ritmo das biclas.

Movemo-nos com a energia do nosso corpo. E isso, em vez de nos consumir, revigora-nos!
De bicla, sentimos o caminho e tudo o que nos rodeia com proximidade. Cada cheiro, cada brisa, cada cor, cada som... De bicla não nos sentimos desligados do mundo. Sentimos que fazemos parte dele!


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O meu filhote adora pedalar mas por vezes precisa de uma ajudinha, e para isso usámos o trailgator, uma solução excelente!!
As tralhas também não foram um problema... Comida, roupas, bola de futebol, brinquedos de praia, prancha de bodyboard, chapéu de sol, cadeados das biclas, tudo foi facilmente transportável nas bicicletas.
Não podia ser mais simples... nem mais divertido! :)
 
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