/// Uma biblioteca e sorrisos para Suai Loro - TIMOR LESTE

rui henrique @ bicicleta voadora

Publicado em 12/08/2013 às 10:43

Temas: solidariedade

É com enorme alegria que me associo ao amigo Tiago Franco que decidiu criar uma campanha para angariar livros e brinquedos e montar uma biblioteca em Suai Loro - TIMOR LESTE.
Para perceberem melhor quais são as necessidades, consultem o cartaz e o blog da campanha.
Em Lisboa farei a recolha dos donativos e farei chegar ao destino.

BLOG DA CAMPANHA 


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CUIDEM -TAMBÉM- DE MIM, POR FAVOR

Humberto @ simplycommuting.net

Publicado em 9/08/2013 às 21:54

Temas: cycle of live commuting mobilidade segurança

Post muita bem gamado: “Nos últimos dias foram-me chegando notícias de 7 ou 8 atropelamentos graves de ciclistas, amadores e profissionais. Por favor enquanto conduzem se passarem por um ciclista abrandem, ultrapassem só quando não vier nenhum carro em sentido contrário e tentem deixar a distância mínima de segurança de 1,5 mt. Eu sei que […]
 

Preparar a frota

@ Plano C

Publicado em 8/08/2013 às 11:33

Temas: bicicleta Bruxelas filhos foto material mobilidade sustentável viver a rua

Com a família prestes a chegar a Bruxelas, ter bicicletas para todos torna-se imperativo. Para nós, pelo menos.
Sendo uma cidade muito bike friendly, como já tentei descrever antes, estando o Verão a acabar não tarda (trata-se de uma estação diferente, por aqui), o melhor será aproveitar cada dia de bom tempo para pedalar, desde o 1º dia.

Ontem fui buscar a 3ª bicicleta, ficando a faltar apenas veiculo para a Joana – mas não por muito tempo, pois já a tenho em vista.

Depois de a ter encontrado no site de coisas em 2ª mão cá do sítio, ter combinado ver a bicicleta, não me apeteceu ir a pé, apesar de não ser longe (1,7km).
Meti uma bomba de ar e uns elásticos no alforge e lá fui eu, de bicicleta, claro.

Negócio feito e o vendedor perguntou "E agora, como vai levar as duas bicicletas?" a que respondi, com orgulhosa naturalidade, enquanto tirava os elásticos do alforge, "Atrelada a esta, tipo reboque".

Dito e feito. Em 2 minutos atei, sem grande técnica – basta enrolar os elásticos bem esticados e garantir que a bicicleta rebocada não mexe, muito menos descai – e larguei um "Au revoir", enquanto me afastava do local.

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Curiosamente, já tinha feito este mesmo caminho enquanto puxava uma mala, ao lado da bicicleta. :)

A coisa ficou estável suficiente para fazer o caminho mais curto, que inclui 400mts de uma avenida principal… no problema.

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As fotos da praxe ao chegar a casa…


blogger-image--1512817112.jpg
blogger-image--1511897685.jpgE pronto!, foi para a cave. Está muitíssimo estimada, mas precisará de alguma atençãopneu da frente furado e as mudanças praticamente não funcionam – e o valor ridiculamente baixo não me permitiram que não a trouxesse. Mesmo que a tenha que mandar reparar, compensará :)

Em breve haverá uma divisão na entrada do prédio onde poderão ficar todas as bicicletas cá de casa - só para bicicletas.
 

A Primeira Vez (by João)

João Bernardino @ Aventuras na cidade e Afins

Publicado em 7/08/2013 às 23:31

Temas: Bicicleta Bicicultura Crianças Família Viajar


Nota: A Filipa desafiou-me a vir ao blog dela colocar a minha perspetiva dos acontecimentos! Aqui ficaram as minhas impressões sobre o pré-viagem :) Entre mim e ela, hão-de vir mais sobre a viagem.

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Quando despertei para o turismo em bicicleta parecia já ser tarde de mais. Tínhamos agora dois filhos, e viagens longas em bicicleta pareciam uma miragem, talvez possível de realizar quando eles tivessem 18 anos e fossem à sua vida. A viagem que tinha feito o Verão passado em dia e meio entre Tróia e Aljezur seria o mais longe que normalmente conseguiria ir, talvez umas poucas vezes por ano. A desilusão com o tempo perdido não era pequena... afinal, tinha subitamente descoberto que “viajar” tinha que ser feito em bicicleta. Andar de carro não era bem “viajar”, apenas deslocar-me de um lado para o outro. Já em bicicleta segue-se a velocidade suficiente para apreciar o caminho, observar pormenores, parar e falar com alguém, sentir o ar na pele e os cheiros, ouvir os ruídos da natureza, pensar... Tive a sorte de poder viajar em quantidade razoável, mas podia ter “viajado” tanto mais. “Se soubesse o que sei hoje...”, pensei.

Não foi preciso procurar muito para conseguir evitar vir a dizer esta frase pela segunda vez. Tinha ouvido falar de histórias de famílias que percorriam continentes inteiros com os filhos. Primeiro imaginei os pais como ideólogos destravados e irresponsáveis. Depois de pesquisar um pouco mais percebi que para bastante gente aparentemente responsável viajar com filhos pequenos era normal. A viagem do Gonçalo Pais com o filho entre Lisboa e Badajoz abriu-me os olhos. Mas o Guga (7 anos) já pedalava o suficiente para as distâncias (e para a respetiva carga), e os meus tinham 18 e 42 meses. Não há problema, desde que os consigamos levar connosco, o que para nós já não era novidade... todos os dias para a escola, e em pequenas viagens de lazer. Comparativamente a outras grandes viagens, uma viagem em férias em bicicleta com a família parecia ser possível sem ser uma enorme tormenta.

Ainda antes de ter bem assente o meu sonho, foi a Filipa a colocá-lo num patamar realista ao falar-me de irmos fazer uma viagem de uns dias! Tornou-se um sonho realista e a dois.

Iria ser primeiro um passeio curto, de 3 ou 4 dias. Mas os meses passaram e chegaram as férias de Verão de 2 semanas. Confrontámo-nos com a ideia de as fazer em bicicleta e mais uma vez a Filipa não teve dúvidas em avançar.

A preparação da viagem nas semanas anteriores teve para mim um sabor daqueles que só se tem quando é a primeira vez que se faz alguma coisa nova e excitante! É um sentimento de ansiedade pelo começo, mas também de alguma incerteza e de exploração. Questões primárias que se colocam pela primeira vez. Quantos quilómetros podemos fazer por dia. Que tipo de percurso fazer? Será que aguentamos tantas noites a dormir em sítios diferentes. Que quantidade de carga podemos levar e onde? É preciso calibrar tudo isto - ainda mais com crianças - e existe uma dose de incerteza elevada devido à grande falta de experiência. É uma espécie de salto para o desconhecido que causa uma ansiedade boa.

Depois de pensar em várias hipóteses decidimos partir do médio Alentejo rumo ao Algarve, passando por diversos pontos de interesse. O motivo da escolha inicial foi a possibilidade de passarmos em duas casas de amigos. Mais tarde percebi que não seria viável passar na dos primeiros (em Ciborro) por ser demasiado a Norte para a distância que poderíamos percorrer, e que os segundos eventualmente não estariam por lá (Ficalho) na altura em que íamos passar. Mas já me tinha vinculado emocionalmente àquele percurso e aos seus pontos de paragem, e já não queria trocá-lo por outro.

O caminho teria que ter pontos de interesse para os miúdos. Havia que lhes ir dando motivos especiais de prazer entre as viagens! Como ambos adoram água, apontei para rios e barragens. Também nos ia saber bem a nós entre as pedaladas e o calor do Alentejo! Íamos então passar pela Barragem do Alvito, pela do Alqueva, pelas praias da Mina de São Domingos, pelo rio Guadiana, e finalmente pelo Algarve. Pelo meio várias povoações interessantes - gelados e castelos eram particularmente apelativos para o Manuel! Alcáçovas, Viana do Alentejo, Portel, Moura, Vila Verde de Ficalho, Pomarão, Sanlúcar de Guadiana, Alcoutim... Chegados ao Algarve logo se veria, talvez ir até casa de um amigo em Faro.

À parte o percurso traçado, não planeámos demasiado quando e onde íamos passar e dormir. Tinha que ser sem pressões. Não sabíamos quantos quilómetros seria viável percorrer diariamente sem se tornar um sacrifício. Se chegássemos em 10 dias ao Algarve seriam cerca de 25 km por dia em média, mas alguns dias tencionávamos não pedalar. Era uma distância aparentemente curta, mas não sabíamos como ia ser com os miúdos e muito peso. Além disso, o Alentejo, apesar de relativamente plano, prometia calor, muito calor! A ideia era pedalar com a alvorada e ao final da tarde...

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Anterior: 2 semanas depois... (Filipa)                                          Seguinte: A Chegada! (João)


 

A propósito de circular de bicicleta a par

Pedro M. Fonseca @ Pedalar na Cidade

Publicado em 31/07/2013 às 9:08

Temas: Circular a par Código da Estrada

Nota prévia: Tinha começado a escrever este art.º antes das alterações recentes ao Código da Estrada que vai passar a permitir a circulação de bicicletas a par, em certas situações. A situação abaixo descrita passará a ser legal, o que mostra que a Assembleia da República concordou que esta é uma prática viável, desde que não perturbe o trânsito. Ainda assim, julgo que a história tem interesse por ser reveladora do status quo.

Aqui há uns tempos, pedalava eu acompanhado por volta das onze da noite na Avenida 24 de Julho, quando um carro da PSP abrandou ao nosso lado. Baixaram o vidro e um polícia dirigiu-nos umas palavras que não percebemos à primeira. Pretenderiam avisar-nos de algum perigo eminente?

Pretendiam, sim. Mas parece que o perigo, para eles, éramos nós.

- Como?
- Têm que ir em fila! Não podem andar lado a lado!

Foi aqui, em Lisboa, na Av. 24 de Julho, onde se inicia a Av. da Índia:

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Foto retirada do mapa da Google com edição gráfica claramente produzida por mim.
A verde, as duas bicicletas reproduzidas.


Numa via que tem três faixas de rodagem e a uma hora em que pouquíssimos carros circulavam (séries de 7 ou 8 que ficavam retidos no semáforo atrás de nós e nos passavam em segundos), ocupar a via mais à direita e deixar as outras duas livres era uma contra-ordenação que os zelosos agentes não poderiam passar em branco. Possibilitar que duas pessoas circulem nessa faixa à direita, protegendo-se melhor dos automóveis (porque mais visíveis) conversando um com o outro, numa cidade genericamente silenciosa, no centro dessa cidade, é demasiado grave para que se fechasse os olhos.

Todos os dias (também poderia dizer "Todos os minutos de cada dia ou noite") há automóveis a circular naquela avenida em evidente excesso de velocidade (o máximo permitido é 50km/h), a passar vermelhos (normalmente praticam estas duas violações em simultâneo) e a ultrapassar pela direita. Nunca em momento algum, das centenas de vezes que ali passei a pé, de bicicleta, mota ou carro vi algum condutor a ser admoestado pela polícia por tal infracção.

É inclusive comum que os automóveis me façam razias, quando eu, pretendendo seguir em frente, sou ultrapassado em cima da saída para a direita, na continuação da 24 de Julho. No desenho abaixo percebe-se melhor:

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A verde, eu de bicicleta, a vermelho, o trajecto habitual dos automobilistas, cortando-me o caminho e pondo-me fisicamente em perigo 


Esta é objectivamente uma manobra muito perigosa, mas também nunca vi um automobilista a ser parado para o chamarem a atenção. Aliás, é óbvio que os automobilistas o fazem porque sabem que escapam facilmente. 

A verdade é que a bicicleta é um alvo fácil de qualquer autoridade, enquanto que um carro a 80km/h é difícil de fazer parar, nas mesmas circunstâncias. 

Não faltam apelos pela internet fora a que se multe e ordene o trânsito de bicicletas, que é escasso. Mas nada se diz ou faz quanto aos permanentes e perigosos comportamento de muitos automobilistas. Nada me move contra estes, pelo contrário, todos têm o seu lugar. Mas não podemos aceitar que alguns imponham a sua lei pela força, colocando os outros em perigo.

No trânsito de bicicletas pela estrada ao lado do restante trânsito, é o ciclista quem está sempre em perigo real, independentemente de quem cumpre a lei, pelo que os ciclistas experientes procuram adoptar sempre o comportamento mais seguro, independentemente de ser ou não o legal. É uma questão de sobrevivência.

É que há uma razão para os altos índices de sinistralidade que continuamos a ter, e a a culpa não é das bicicletas.

































 

Bruxelas a pedal

@ Plano C

Publicado em 29/07/2013 às 7:51

Temas: bicicleta Bruxelas cidade comentários foto mobilidade viver a rua

A viver em Bruxelas há precisamente 3 meses, venho agora escrever sobre a minha experiência até agora.
Não tenho carro por cá e a bicicleta é utilizada em 95% das deslocações que faço. Ficam de fora apenas as deslocações de e para os aeroportos e uma outra viagem de metro (ainda nem gastei um bilhete de 10 viagens, que tenho).

Dito isto, acho que tenho a experiência necessária para poder partilhar e opinar sobre o que é utilizar a bicicleta em Bruxelas.

Antes, algumas considerações.

Bruxelas (e a Bélgica em geral) tem imensos carros, tirando a zona histórica da cidade, há carros por todo o lado, mas...

O centro da cidade é enorme e é onde ficam os vários Centros Comerciais, que são assim :)...

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Nesse aspecto - na quantidade de carros - pode dizer-se que tem muitas semelhanças com Lisboa, embora em Lisboa, para além da Rua Augusta e metade da Duque d'Ávila, os automóveis cheguem a todo o lado. Mesmo a todo o lado.

Apesar de serem muitos carros, o seu estacionamento não invade os passeios, ou zonas interditas. Não tenho visto acções de fiscalização, portanto assumo que há oferta de lugares ajustada à procura e mais civismo por parte dos condutores.

A "fama"/ realidade(?) da cidade de ter muito trânsito passa despercebida a quem não anda de carro.
A forma com o trânsito é gerido "empurra-o" quase todo para as grandes avenidas principais e essas avenidas foram afundadas em túneis e mais túneis e vêm à superfície em cruzamentos para permitir a quem o deseje, sair delas.

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A primeira vez que andei de carro cá foi no regresso de uma visita a Portugal em que tive que apanhar um táxi devido à hora tardia a que o voo chegou, hora a que já não haviam transportes públicos (por ser domingo). Em cerca de 10 minutos cheguei a casa (13km), sempre "a abrir" e por um trajecto até ali desconhecido (apesar dos 2 meses que já tinham passado) e grande parte dele em zonas que atravesso com regularidade - quase sempre por auto-estradas, avenidas e túneis.

Por outro lado, a rede de transportes públicos é bastante boa, totalmente integrada e com uma oferta bastante razoável (comboios, metro, tram e autocarros). Talvez fale disso num post próprio, um dia.

De bicicleta, como é?

Para quem vem de um país como Portugal, onde andava de bicicleta, pedalar em Bruxelas é super tranquilo. É 10x mais fácil.

Ao contrário do que este vídeo (versão completa aqui) dá a entender, pode pedalar-se em Bruxelas "quase" sem conviver com carros, sem ser "um de vez em quando", claro.

Como é possível, se há tanto carros?
Estas duas fotos, de duas vias paralelas, que distam entre si menos de 100 metros, explicam muita coisa.

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Obviamente que os ciclistas usam as ruas secundárias e evitam estas grandes avenidas. Mesmo nestas avenidas, as laterais nem são muito congestionadas, uma vez que têm um perfil bastante lento.

Ao contrário de Lisboa, onde cada uma é igual à do lado, com a excepção da largura e número de faixas, em Bruxelas as vias em zonas residenciais são muito distintas das vias onde circula a grande parte do trânsito. A grande maravilha, é que elas se misturam e por isso é possível atravessar Bruxelas de uma ponta à outra (uns 20km) sempre por vias com perfil super tranquilo. Depois, lá está, quanto mais se conhecer, mais melhora a selecção dos trajectos.

Alguns exemplos do tipo de vias de que falo:

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Para que, como eu, gosta de conduzir sem mãos, Bruxelas (e as ruas ruas "interiores" praticamente sem trânsito) é "perfeita".

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Mesmo em zonas mais centrais, como a zona onde estão todas as instituições europeias, há várias vias que têm tão pouco trânsito que permitem que os ciclistas se desloquem nelas com toda a calma.

Na foto a seguir, tirada pelas 9h da manhã, todo o trânsito desenrola-se por baixo desta via, num mega túnel.

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Eu diria que 80% das vias da cidade têm trânsito reduzido ou muito reduzido, o que permite que ciclistas se desloquem com grande relax por essas vias.

Um factor determinante para essa distribuição desequilibrada de trânsito pelas diferentes vias, tem a ver com quantidade de vias de sentido único que existem. Mesmo numa rua com sentido único, esse sentido não é o mesmo de início ao fim da rua, o que a torna impossível de ser percorrida na totalidade, muitas vezes servindo apenas aos que se destinam à própria rua (moradores, etc).
Ora, para os ciclistas isto acaba por ser uma grande vantagem graças à maravilhosa exclusão para os ciclistas em praticamente todos os sentidos proibidos.

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Mesmo com pouco espaço para o contra-fluxo, os automobilistas e o ciclista acabam por negociar a passagem, na grande maioria das vezes o automobilista para ou abranda para facilitar o cruzamento.

Todos os restantes sinais estão sintonizados com essas excepções como se pode ver neste caso a seguir, onde é indicado que a rua que se cruza só tem um sentido, mas para bicicleta tem dois.

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Como todas estas vias são bastante cicláveis, com medidas de acalmia de tráfego, como cruzamentos elevados, rampeados, etc, a segregação para ciclistas acabou por ser apenas implementada em vias onde a diferença de velocidades praticadas é maior e onde havia espaço para tal. De qualquer maneira, essa segregação é quase sempre bem conseguida, com bons nivelamentos nos cruzamentos e quase sempre unidireccional. 
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Outra coisa que joga muito a favor dos ciclistas é a cordialidade dos automobilistas, não sendo raro o automobilista esperar pelo ciclista que ainda está a uns metros do cruzamento da sua via com a dos automóveis (no caso de segregação, por exemplo), ou olhar para a via segregada que segue ao seu lado quando quer virar à direita no cruzamento.

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Um colega meu, que usa colete reflector (muito comum, por cá) disse-me que desde que passou a usá-lo que os automobilistas são ainda mais simpáticos, pois apercebem-se mais depressa da sua presença. No inverno, mais frio e mais escuro, vou experimentar.

 Depois, há toda um conjunto de condições, não menos importantes, que facilitam o uso da bicicleta. Em baixo, um conjunto de fotos e alguns comentários.

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Estacionamentos para bicicletas, são bastante comuns e abundantes, e muitos são cobertos.

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Avistar crianças a circular sozinhos pelos bairros, é um excelente indicador sobre o enraizamento da bicicleta e sua integração no trânsito (pelo menos para mim).

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Apesar de ser mais comum a tradicional cadeirinha, também se vêem autocarros a pedais...

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O uso das faixas para Bus e Taxis facilita imenso, até porque há muitas vias onde o espaço é maioritariamente para este tipo de veículos.

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Ciclo-faixas com piso mais liso para facilitar a circulação dos ciclistas...

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Ruas em zonas centrais onde, devido à tal confusão provocada por sentidos proibidos, passa a ser possível utilizar a rua para outros fins...

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Em avenidas principais, é normal haver segregação.

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Aqui, bidireccional, numa via principal na periferia da cidade.

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Já praticamente fora da cidade, ao longo de uma via principal...

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Outra medida presente é o uso de bike-boxes, que permitem que o ciclista fique sempre frente dos automóveis nos semáforos. Gosto sobretudo porque nunca fico atrás deles para respirar o seu escape e assim sempre parto com vantagem suficiente para embalar....

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Aqui, numa zona bem central, este sentido é apenas permitido para ciclistas.

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 Outro exemplo...

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Infra-estruturas específicas para ciclistas e peões também abundam pela cidade, como estas pontes, uma sobre uma avenida principal e outra sobre uma simples rua desnivelada.

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Também se vêem muitas medidas de acalmia de tráfego, daquelas que só tinha visto nas apresentações do Mário Alves... :)

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Bruxelas é enorme e o que mais me espanta é que a impressão que toda a gente tem sobre a cidade, antes de a conhecer é que tem muito trânsito e praticamente se desconhece o nível de integração que a bicicleta tem na cidade. Andar de bicicleta aqui é encarado com a maior das normalidades, todo tipo de gente o faz, desde os teenagers, dos executivos, casais com filhos, senhoras de idade, pobres, ricos, tudo. É um meio de transporte como os outros e, ao contrário do que acontece nas cidades de Portugal, tem dois modos que são fortes concorrentes, o pedonal e os transportes públicos, já que para ambos há também excelentes infraestruturas. 

Por tudo isto, e muito mais que ficou por dizer ou mostrar, é possível tirar fotos destas no meu dia a dia. Ida para o trabalho (esta rua tem sentido único para carros, mas está sempre a mudar o sentido autorizado):


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E o parque para bicicletas no meu local de trabalho (ainda há mais dois à entrada da garagem):

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Será preciso dizer que ando feliz da vida, em termo de mobilidade?
Claro que a chuva será muito mais frequente, quando for altura dela, mas logo lidarei com isso na altura.
 

Cicloturismo. Bruxelas > Charleroi > Bruxelas (parte I)

@ Plano C

Publicado em 27/07/2013 às 18:20

Temas: bicicleta Bruxelas cicloturismo de lembrar foto mobilidade viver a rua

Deslocado na  Bélgica, um país cerca de 30% da área de Portugal, ainda por cima com excelentes condições para andar de bicicleta, quer nas cidades, quer nas ligações entre cidades, nada melhor do que aproveitar conhecer o país de bicicleta e aos fins de semana.

Com Bruxelas no centro do país, quase todos os pontos de interesse ficam entre 40 a 120km de distância, distância perfeita para viajar de bicicleta em um ou dois dias.

Através da rede Warmshowers arranjei alojamento gratuito. Trata-se de uma espécie de Couchsurfing mas muito melhor já que é uma rede composta ciclistas, quase sempre cicloturistas que oferecem alojamento e não só a ciclistas como eles. Ou seja, tudo gente boa!

Escolher o 1º destino foi fácil, pois o critério foi ter o menos trabalho possível a escolher a rota. Como foi uma decisão meio em cima da hora e já tinha ouvido falar nos canais que ligavam as várias cidades, procurei no mapa um cana que saísse de Bruxelas e um destino a cerca de 60km, a distância que queria percorrer para 1ª experiência.
Assim cheguei à escolha de Charleroi, uma cidade a sul, já perto da fronteira com França, sem qualquer interesse turístico. Como o destino é um pormenor de uma viagem e consegui com relativa facilidade arranjar um ciclista para me albergar, não houve grande dúvida. Charleroi estava confirmada!

Escolhido o destino, foi só fazer a lista de coisas a levar, ferramentas, roupa, farnel e água, et voilá.

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O colchão de espuma serviria para a viagem, para as pausas e para eventual percalço na casa onde ia ficar, já que não era certo se o colchão de ar estava ou não furado (estava e acordei no chão, ou seja no saco de cama em cima deste colchão - passou-se).

A viagem.
A primeira fase foi composta pelo atravessamento de uma grande parte de Bruxelas, já que o canal passa do lado oposto à minha zona.

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Um autêntico dia de verão e cheio de pessoas na rua. Por outro lado, para aproveitar ao máximo, muitos dos habitantes de Bruxelas (os que podem) saem da cidade. Valeram-me as faixas para o Tram e foi sempre a andar (seria de qualquer maneira, de bicla...).

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Passado 20 minutos estava no canal que me ia levar até ao meu destino.
Este canal faz parte de uma rede imensa de canais fluviais que a Bélgica tem, que serviram e servem com via de comunicação, sobretudo para transporte de grandes quantidades de materiais como areia, pedra, ferro velho, etc, etc. Além disso servem para barcos de recreio e as férias em família em embarcações são muito comuns por aqui.

No canal em questão, que liga Bruxelas-Charleroi, existem sempre duas boas ciclovias ao seu lado, por ser dos mais antigos, dado que antes eram os trilhos onde circulavam os cavalos que puxavam os barcos (antes de terem motores).

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Daqui para a frente foi sempre a andar, sempre plano, com umas subidas de poucos metros sempre que uma ponte cruzava o canal (e não tinha espaço para o tal caminho por baixo). Apesar da viagem ser grande, acho que não parei de me maravilhar com a paisagem e com o conforto com que se circula de bicicleta ao lado deste canal.

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A passagem de barcos é constante, apesar de ser fim de semana. Estes barcos são mesmo muito grandes e batem facilmente vários camiões TIR em termos de capacidade. Os comandantes deste tipo de barcos vivem a bordo com as suas famílias e há escolas internas especiais para os filhos destes profissionais.

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Vista para uma eclusa, que são muito frequentes e são a única forma de "desnivelar" os canais ao longo do terreno de forma a serem totalmente navegáveis.

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As paragens foram frequentes, quer para apreciar a paisagem, quer para tirar fotos e tentar captar (sem sucesso) a beleza de tudo aquilo, quer para beber água e comer uma bucha.

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A quantidade e diversidade de aves aquáticas com que me cruzei foram outro ponto alto, já que sou um bird watcher em potência, sempre atento e sempre maravilhado.

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Muitos pescadores aproveitam este cenário para passar o dia, sozinhos, com amigos ou com a família, e até pescar! Neste caso, um grupo de compinchas admitiram logo que queriam era beber à vontade, longe das mulheres. Assim que abrandei "meteram-me" um copo na mão e claro, fiquei por ali uns minutos na conversa e a arranhar o francês (e a ouvir maravilhas sobre o Medronho português que um deles tinha provado através de um colega tuga que trazia da terrinha).

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Cerca de um terço da viagem estava feito, nessa altura. Mais ou menos a meio desta zona do mapa:

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Mais uma bela eclusa...

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E a mãe de todas a eclusas - Plano inclinado de Roquières - onde num desnível de 68 metros, um sistema de carruagens de quase noventa de comprimento, metros cheias de água, transportam os barcos entre os dois planos de água. São cerca de 5.000 toneladas (por carruagem) que são puxadas através de um sistema de cabos, contra-pesos e roletes. Impressionante. A torre é uma autêntico arranha céus.

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Uns metros depois, um túnel por baixo do canal.

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Quase a meio da viagem, foi altura para um paragem mais demorada, com colchão estendido e com direito a descalçar. Á sombra, pois o sol, mesmo belga estava a fazer mossa.

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Uma ponte sobre um doss muitos canais que ligam com o canal principal.

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Os últimos kms de canal, antes de desviar para as estradas normais, para evitar o menos directo percurso do canal. Mais à frente, iríamos-nos encontrar de novo.

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Um olhar sobre a auto-estrada fluvial.

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Em vez de seguir o canal até Pont-à-Celles, decidi cortar e poupar uns kms.

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Aqui deu-se o primeiro contacto com as estradas belgas. O campo, verde num verde próprio de um país onde chove muito, passa a ser ainda mais dominante e as pequenas vilas com as suas casa de tijolo pequeno e maciço, ao natural, vão passando com a calma e silêncio que tornam toda a viagem ainda mais agradável.


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Paragem para um gelado, que acabou por ser uma coca-cola gelada, e carregar o iphone para ter bateria suficiente para me orientar e ligar ao Adrien quando chegasse a Charleroi.

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Uma, mais uma, igreja em Roux, mesmo antes de voltar a encontrar o canal novamente.

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Mais uma passagem numa ponte, muito estética para tirar uma bela foto (digo eu).

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Uma central eléctrica, mesmo à chegada ao destino.

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Mais uma família a desfrutar das condições que este canal proporciona para quem quiser aproveitar (a água não é límpida, antes pelo contrário, mas dá para banhos de sol).

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Uma vista de cima da eclusa, acabada de encher para este par de barcos conseguir "subir" o desnível.

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Mesmo a chegar a Charleroi, uma cidade de origem industrial - uma das primeiras cidades industriais do mundo - agora em decadência, mas ainda com um tamanho considerável a nível nacional e com um aeroporto internacional.

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O ponto de encontro.
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Já seguindo o meu host, a caminho da sua casa que ficava do outro lado da cidade.

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Mais uma ponte.

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E finalmente em casa do Adrien.

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Assim se conta uma história sobre uma viagem com cerca de 60 e poucos kms, que feita de bicicleta se transformou num dia espectacular, em que a solidão não teve oportunidade de aparecer, tal a riqueza da companhia da envolvente natural e não só. Cicloturismo no seu melhor.

Um dia deste vem a 2ª parte, a do regresso a casa. Foi feita maioritariamente por caminho diferentes, pois não fazia sentido repetir as vistas com tanta coisa por descobrir. Foi outro dia maravilhoso.

(Continuação na parte II)
 

Cicloturismo. Bruxelas > Charleroi > Bruxelas (parte II)

@ Plano C

Publicado em 27/07/2013 às 18:20

Temas: bicicleta Bruxelas cicloturismo de lembrar foto mobilidade viver a rua

(Continuação da parte I)

Assim que cheguei a casa do anfitrião, fui recebido com um bela sangria, seguido de um belo jantar muito variado, com diferentes carnes grelhadas e uma salada mesmo apetitosa. Os membros Warmshowers não decepcionam pelos vistos. Pelo menos o Adrien foi incansável.

Depois de um banho (re)temperador fomos dar um volta a pé pela cidade que, ao contrário de todas as outras vilas e cidades que conheci, não apresenta um urbanismo e edificado muito bonito. Nota-se que decorrem grandes obras e que na próximas vez que lá voltar (se acontecer) que vai ter algumas zonas bem mais amigas dos peões e ciclistas.

Valeu a estação de comboios, muito bonita iluminada, de noite. Este tipo de edifícios destacam-se dos demais, fruto da construção ter ocorrido numa época onde o comboio era mesmo um meio de transporte importante. Na Bélgica ainda é, embora este país não tenha escapado à loucura dos automóveis.

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(A diferença em relação a Portugal é que conseguiram manter/aumentar as condições para peões, transportes públicos e mais tarde, criar condições para ciclistas, ou seja - todos têm a sua atenção)

O dia já ia longo e depois de pagar um copo num belo café/bar no centro, cedo voltámos a casa. Antes da meia-noite estava a dormir.

No dia seguinte, o tempo Belga voltou e o céu encheu-se de nuvens.
O plano de regresso foi simples. Não repetir o caminho para conhecer outras vilas e paisagens. Subir pelo canal até Pont-à-Celles, percorrendo uma parte que tinha evitado por conveniência no dia anterior, e daí para cima, seguir pelas estradas secundárias até Bruxelas. O plano correu às mil maravilhas.

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O casaco de malha polar manteve-me quente até o dia abrir. O fresco da manhã deu-me pica para pedalar e o ritmo começou saudavelmente intenso.

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Uns kms mais à frente, a ponte com a estrada que apanhei para seguir viagem longe do tranquilo canal, mas por onde o belo campo Belga me esperava, verdejante, com vacas felizes (mas não riam), cheio de actividade agrícola, vilas bonitas, belas igrejas e lugarejos todos pimpões.
Ficam algumas fotos (de imensas que tirei... :):

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E eis que chega a primeira vila, digna desse nome, Nivelles.
Assim que cheguei, parei o veículo e sentei-me num banco de jardim para comer e beber.

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Uma chamada para casa, para dar notícias e decido seguir em direcção ao centro para conhecer melhor a zona.

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Uma passagem por baixo de uma casa (?) e pouco depois chego a um largo onde decorria uma feira (da ladra, mas muito pouco chungosa) e onde está plantada a Igreja Colegiada de Santa Gertrudes, construída no ano 1046 e com uma nave com 102 metros de comprimento. À parte deste wikifactos, é uma igreja romântica (como há muitas por aqui) e muito, mas muito imponente.

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Há muita coisa que as fotografias não captam, pelo menos a partir do chão, e a grandeza destes edifícios é uma delas. Nem me cabem no ecrã, tão pouco!

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Com um série de outros edifícios também muito bonitos, um mercado cheio de vida (pessoas), sem carros à vista, o centro de Nivelles não me vai sair da memória tão cedo. Soube mesmo bem. Aproveitei para me apear e dar uma volta a mercado e procurar algo antigo e em conta pois não resisto a um bom bargain

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Tentei livros do Tim Tim, mas estão sempre caros e acabei por comprar um livro do meu tempo de criança - Petzi, um urso marinheiro - mas em francês, para ajudar os meu filhos a praticarem a nova língua que terão que dominar antes de iniciarem as aulas, em Setembro (ok, se dominarem em Dezembro já é muito bom)

Mais umas fotos, umas voltinhas pelas ruas ali à volta, todas pedonais e segui em direcção à saída da cidade que me convinha. Toda a navegação foi feita com recurso aos mapas da App Google Maps, mas sem internet (apenas via o ponto azul no mapa, dado pelo GPS). Foi "interessante" (ainda bem que sei conduzir sem mãos! :)

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A viagem lá continuou, bela e tranquila (sem carros, quase - a escolha das estradas foi boa).

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Ficam mais algumas fotos, algumas de igrejas, belas casas. Antes de chegar a Braines-l'Alleud, outra bela localidade, ainda houve uma paragem técnica para comprar fruta e um gelado (que foi saboreado junto a uma igreja, lol). Olha se fosse católico....

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Mais um vila, Braines-l'Alleud, também muito preservada e sem automóveis no centro (começa a ser repetitivo dizer isto, certo?).
Aqui, mais um vez fui até ao centro onde ainda apanhei o final de um mercado de rua - algo muito comum por aqui - onde comprei pizza e mais não-sei-o-quê, que guardei para comer mais à frente.

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Mais estrada, desta vez até a Waterloo, sim, a famosa Waterloo onde se deu a batalha em que o Napoleão foi finalmente derrotado. O Duque de Wellington foi o herói e pôs novamente fim (e para sempre) ao reinado de Bonaparte, naquela que também ficou conhecida pela batalha dos Cem dias.
Passar por estes lugares aguça, naturalmente, a curiosidade (para quem gosta de História) e foi o que me aconteceu aqui e noutros locais por onde passei. Mais sobre esta interessante batalha no sítio do costume.

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Muitas dos troços destas estradas regionais têm uma berma razoável e por vezes marcada como ciclo-faixa. Os automobilistas respeitam a distância ao ciclista na ultrapassagem, quase sempre.


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Depois de Waterloo, já às portas da cidade de Bruxelas, foi altura de entrar no enorme bosque que a contorna, na parte da sueste.

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 Esta passagem estava prevista e valeu todo o esforço e não só.
Já com cerca de 50km nas pernas, mais 70km do dia anterior, o piso trepidante e cheio de declives acentuados fizeram mossa.

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Mais uma paragem para comer e descansar...


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Há quem tenha veículos vivos... :)

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Depois a bateria do telemóvel morreu.

Para juntar à festa, mais à frente, numa descida que começou acentuada e acabou vertical - tipo down-hill - um pedra ocultada pela imensa sombra que me envolvia (e pela velocidade louca a que seguia) furou-me o pneu da frente. Poim! e pfffffffff! Foi sacar das ferramentas e ali, no meio de um bosque lindo, remendei calmamente um furo. Serviu para comer e beber o resto do que ainda havia e descansar mais um pouco (sobretudo um dos joelhos que acusava cansaço).

Fin de l'histoire.

Foi um post longo mas é difícil comprimir tanto em tão pouco.
 

Promenade Vert

@ Plano C

Publicado em 23/07/2013 às 22:12

Temas: ciclismo cicloturismo cidade exercício foto mobilidade vida viver a rua

... ou trilho verde, é um belo trilho com cerca de 65km que permite que ciclistas e peões possam passear à volta da região da cidade de Bruxelas, através dos seus inúmeros parques e paisagens protegidas.

Trata-se de um percurso maioritariamente verde, rico em diversidade de paisagens, em magníficas vistas de campo, bosques, lagos, pântanos, bairros variados e imensos, mesmo imensos parques.

Para quem, como eu gosta de desfrutar a natureza, Bruxelas não pára de surpreender. Já tinha ouvido falar da Promenade Vert e tal, que era muito gira e coiso, mas percorrê-la como fiz no passado domingo foi uma mui agradável surpresa.

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Depois de um sábado passado em casa a tratar de assuntos administrativos, em que acordei tarde - depois de uma festa na noite anterior da quase-instituição de Bruxelas, Apéros Urbains, um conjunto de eventos no final de tarde, com música e em ambiente de parque, relva, mantas, amigos, colegas e bebidas - o domingo nasceu para mim como um dia que não podia desperdiçar.

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Dia em que o Philippe ia ser corado Rei, dia da Bélgica, com festas de manhã à noite, decidi ir até ao centro dar um passou-bem ao novo Rei e depois logo via o que fazer. Como na tal festa de sexta um colega meu falou-me tão bem da Promenade Vert fiquei com a pulga atrás da orelha e saí de casa preparado para tudo, ou seja, com algum farnel e água no alforge.
Depois de sentir o clima e perceber que não ia ter pachorra para esperar para ver uma nesga de Rei e sem companhia ou motivo para festejar alguma coisa. Decidi ir para o plano Vert. Ficam algumas fotos da festa:

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Parlamento, onde o novo Rei assinava/ formalizava o acto.

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Parque de Bruxelas, em frente ao Palácio Real, ao rubro.

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Havia muito monarca-aficionado!

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Antes das 13h segui em direcção ao Parc de Woluwé, nada perto, mas era o único local onde eu sabia que passava a Promenade Vert. Pelo caminho...

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Uma salva interminável de canhões.
Ainda bem que era de "pólvora seca" pois estavam mesmo a apontar para o edifício onde trabalho (que se vê no canto inferior esquerdo da foto)

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Os arcos do Parc du Cinquantenaire, onde nunca me canso de passar (por baixo) e apreciar, tal a imponência do monumento.

E assim, cerca de 12km depois de ter saído de casa, cheguei ao ponto de partida para a etapa verde, os tais 65km.

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Por acaso já tinha feito esta parte (e toda a zona seguinte, nem sempre pelo trilho oficial), poucos dias depois de ter chegado a Bruxelas, numa bicicleta emprestada. Nesse dia foram 42km, numa pasteleira com os pneus meios vazios....

Daqui para a frente foram cerca de 5h e tal de passeio, com muitas paragens para apreciar, comer, beber, tirar fotos. Deixo apenas as fotos (clicar para ampliar) e um ou outro comentário, pois se fosse contar tudo o que tinha para contar, tinha que fazer dez posts e não tenho assim tanto tempo. Enjoy!

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Um moinho de água a funcionar.

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Um caminho demasiado apertado (esta parte era apenas pedonal, mas decidi passar de bicla)

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 Valeu a pena!

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 Primeira paragem técnica.

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 Sem o mapa no telefone, tive que seguir as marcações do trilho, o que foi um desafio giro.

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Um simples túnel que permite que o peão e ciclista não tenha que dar "uma granda bolta". Aqui, somos gente!

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Outro logo a seguir... 

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Um mostrador que diz a velocidade a que seguem os veículos e o valor da multa, por baixo.
No meu caso, em vez do valor da multa, agradeceu.  

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Uma bela estação de comboios.

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 Mais um exemplo da sinalização do trilho. 

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Aqui o trilho passa, literalmente, pelo meio de uma estação do Tram, a que se seguem uma data de túneis só para peões e ciclistas, que lhes permite atravessar uma zona densa de estradas (de que mal se apercebe)  

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 O já conhecido Atomium, visto do Parc de Laeken.

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Um pequeno parque onde entrei só para espreitar. Lindo e praticamente privado, tal o sossego. 

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 Mais um belo parque, o Parc Roi Baudouin,  

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 Quem não tem praia, caça com parque ;)
É comum verem-se pessoas em fato de banho por todos os parques da cidade, mesmo os mais urbanos. 

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Por muito selvagem que seja o parque, há sempre sacos para os donos dos animais apanharem os seus cocós.

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Outra paragem para comer e apreciar o parque e o seu lago cheio de aves.


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Aqui perdi o trilho (e já era pro a encontrá-lo). 

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Hortas urbanas informais.
Aqui, já no trilho novamente, com uns 6 ou 7km fora dele, somando distância à já grande etapa... 

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Outra surpresa, um parque cheio de comboios miniatura, com quilómetros de linhas, cruzamentos, estação, oficinas.
Lindo! Os meus filhos vão adorar.

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Atravessamento de um bairro bem fino...

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Chegada ao Bosque que já tinha conhecido no regresso de Charleroi.

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Esticar as pernas... ;) 

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Mais um parque quase privado, com relva/praia. 

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A foto do dia. 

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Mais um belo parque infantil. Passei por dezenas, cada um mais engraçado que o outro. 

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Aqui, numa zona com uma densidade urbana muito grande, deu imenso gozo atravessá-la por estas veredas "escondidas", quase nem pisando nas estradas. 

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 Volta feita!

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Uma das minha zonas preferidas dos vários parques que já conheço.
Um vale perfeito e verde, sempre cheio de vida e, mesmo assim, tão calmo.
Parque Woluwé.

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A 1 de Maio, três dias depois de chegar à cidade, enquanto dava uma volta de reconhecimento por parte da cidade, parei no banco que se vê do lado direito da foto para comer e lembro-me de estar a apreciar tudo isto. Hoje, passados quase três meses, ainda me surpreendo com tanta beleza natural que esta cidade tem para oferecer a quem cá vive.

FIM.

 

Pausa para outras coisas importantes: correntes.

@ A Cova da Onça

Publicado em 15/07/2013 às 21:18

Temas: técnica

A pergunta vale para qualquer bicicleta, mas quando se tem uma bicicleta que tem uma corrente com um comprimento que é quase o quádruplo do normal , assume outra dimensão: qual a melhor forma de limpar e lubrificar a corrente? 
(Antes de continuar, um apontamento de segurança: leiam o post todo antes de se decidirem a experimentar este processo, nem que seja para mudarem de idéias ;) ).
Cada um de nós terá um método preferencial baseado na experiência pessoal, no bom conselho de alguém que entende do assunto ou na boa-fé de acreditar no conselho de um vendedor melhor intencionado, ainda assim nunca é demais acrescentar uma nova possibilidade, que descobri há algumas semanas exactamente quando pesquisava por este tópico. Não desmerecendo qualquer das soluções em voga - desde a utilização de óleo para correntes de motos, o eterno WD40, os produtos da Decathlon, óleo fino (chamado de óleo de máquina de costura), lubrificantes à base de silicone, óleo do motor (do carro), outros produtos recomendados pelos diferentes fabricantes, etc etc etc, esta solução pareceu-me interessante o suficiente para a testar, e passo a explicar o porquê.
O processo de limpeza e lubrificação de uma corrente é sempre feito em duas fases, tal como o nome indica - acrescentar lubrificante sem limpar é o mesmo que deixar uma lixa nº5 na corrente que vai crescendo ao longo do tempo, diminuindo assim a vida útil da corrente, da pedaleira, da cassete e dos desviadores - para já não falar no aspecto. A lavagem é feita normalmente com a) água (quente ou fria, à pressão ou não, com ou sem detergente, com uma escova própria ou adaptada - como uma velha escova de dentes, por exemplo) ou b) com um produto de "lavagem" - um óleo fino e barato ou WD40 ou um agente de limpeza similar. Problemas: a) enxaguar e deixar secar muito bem a corrente ou b), deixar escorrer o agente lavante. Problemas, quando a água evapora começa quase de imediato o processo de corrosão, não é assim tão simples secar completamente uma corrente e ainda pior é deixar escorrer completamente o agente de lavagem. É mais ou menos claro que em ambos os casos o agente lubrificante a aplicar depois vai ter alguns problemas em fixar-se nas zonas onde é efectivamente mais necessário. Parece portanto óbvio que a solução deva passar por um qualquer produto que seja em simultâneo um bom agente de lavagem e um bom lubrificante - e barato.
Ora, de acordo com a informação que consegui obter em diferentes fóruns, esse produto existe, é utilizado com sucesso há muito tempo e apenas peca por ser barato o suficiente para não interessar. Chama-se parafina, e na forma sólida é utilizada para fazer velas - entre outras coisas. Vende-se em placas e tem um aspecto semelhante ao da foto:

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De acordo com o que consegui apurar a parafina foi muito utilizada - em tempos de menor criatividade e capacidade tecnológica - com muito sucesso na tarefa de limpeza e lubrificação não só de correntes como de outras peças mecânicas mais ou menos complexas. O processo é relativamente simples: derrete-se a parafina num recipiente em banho-maria e com lume baixo (isto porque a parafina é inflamável e a última coisa que queremos é pegar fogo à casa), tal como apresentado na foto infra - duas panelas de alumínio baratas fazem perfeitamente o serviço, o truque é ferver primeiro a água, baixar o lume e meter dentro da panela maior a menor com a parafina partida em porções pequenas.

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Quando a parafina fica completamente liquefeita está na hora de dar banho à corrente. Dado que tinha uma quantidade razoável de parafina (tinha duas correntes para limpar, uma das quais "king size") decidi apagar o lume, por precaução, e com um arame revestido com uma camada plástica (dos utilizados nas redes de jardim) enganchei as correntes e lavei-as literalmente na parafina, recorrendo a uma velha escova de dentes para ajudar a remover a sujidade superficial mais difícil. O banho deverá ser, como qualquer banho, tão enérgico quanto possível do ponto de vista mecânico, e dito isto é absolutamente impressionante a quantidade de sujidade que uma corrente aparentemente limpa consegue largar na parafina líquida. NOTA MUITO IMPORTANTE: A parafina líquida está seguramente MUITO QUENTE, e se entrar em contacto com a pele "cola" e provoca no mínimo uma forte sensação de dor, no pior dos casos queimaduras sérias. As luvas não estão ali para "fazer o bonito", é mesmo para proteger, e não é boa idéia tocar na corrente nesta fase - estará seguramente tão quente como a parafina.
Nesta foto, a corrente "grande" enganchada no arame em dois elos antes de ir ao banho.

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E finalmente ambas as correntes a secar - utilizei uma embalagem de cartão de uma pizza, sempre soube que me iria ser útil, não imaginava o quão útil seria. Uma descoberta que fiz depois é que deveria ter deixado as correntes a secar na vertical, de modo a poderem escorrer o máximo de líquido possível - todo o excesso vai ficar agarrado à corrente sob a forma de pequenas porções de cera, que no caso tornaram algumas partes da corrente "rígidas" e mais tarde acabaram desfeitas em pequenas lascas que não dão o melhor dos aspectos ao trabalho final.

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Depois de esticar, torcer, retorcer e "amaciar" as correntes, sacudi-as bem e coloquei-as nas bicicletas respectivas. Algumas voltas depois tudo ficou com melhor aspecto com a excepção das cassetes e dos desviadores traseiros, que estavam cheios das tais lascas de cera.
Vantagens da parafina: é um excelente agente lavante (comprovado), um bom lubrificante (para já tudo leva a crer que sim), no estado líquido entranha muito facilmente em toda a corrente (comprovado) e depois de solidificar impede a acumulação de pó e outros detritos (tudo leva a crer que sim).

Last but not least - e deveria ter vindo no início: Como tirar a corrente da bicicleta sem ficar com menos dois elos?
Para quem tem correntes com quick links SRAM, basta seguir o vídeo abaixo:
(para voltar a reconstruir a corrente basta voltar a inserir o link se este estiver em condições, caso contrário utilizar um novo)


E para correntes com master link, o processo é este:

 
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