Projecto Bacalhau: Dia 13 - No fio da Navalha

@ Lisboa Bike

Publicado em 5/05/2021 às 14:30

Temas: bikepacking viagem volta a Portugal

IMG_20200614_141738.jpg
Perdido no Gerês

A manhã do 13º dia da expedição é em tudo igual às anteriores. Chove continuamente. Trata-se de um desastre, mas há esperança: a previsão é de ligeira melhoria ao longo do dia. Eu decido que já esperei o suficiente e que hoje vamos mesmo fazer quilómetros. Dê por onde der. Nisto conto com o apoio do Dentuça, já que ele é aquele tipo de mamute de peluche que quando alguém diz "mata" ele logo diz "esfola!"


IMG_20200614_130633.jpg
A paisagem nunca desaponta

Ainda demos tempo ao tempo, a ver se este melhorava, mas não parou de chover. A tenda foi arrumada molhada, o que é sempre bastante desagradável, mas não havia alternativa. No GPS tinha um caminho carregado que serpenteava e ziguezagueava pelos montes. Isto era uma contrariedade inevitável, já que o caminho mais simples e com menor altimetria era pela fronteira, que estávamos impedidos de cruzar. A manhã já ia longa quando por fim tudo ficou arrumado, e arrancámos, debaixo de chuva e de um céu tenebroso. 


IMG_20200611_104902.jpg
O GPS achava que era por aqui


Uma coisa que os caminhos camarários e outras estradas secundárias têm de particular é a aparente ausência de regras no que toca a inclinação máxima ou o quanto apertadas podem ser as curvas. Houve momentos em que tive que desmontar, a inclinação da estrada era demasiado mesmo para a minha mudança super baixa 30-34. As descidas não eram menos animadas, aliás nada como uns 20% em empedrado molhado cheio de musgo para definir novos patamares de modulação da travagem em descida. Os travões mecânico-hidráulicos estiveram sempre à altura. 

A paisagem nunca desapontava, mas já o GPS continuava a fazer das suas. Dei por mim a entrar em trilhos de BTT, perseguido por um cão do tamanho de um burro, apenas para logo depois perceber o erro e ter que voltar para trás, para entretenimento do dono do entusiasmado Cão dos Baskervilles.

A chuva continuava a cair, por vezes com intensidade. Eu conseguia manter o tronco mais ou menos seco, protegendo os órgãos vitais, mas o resto ia ficando ensopado e o frio instalava-se. Em circunstâncias normais não estaria muito preocupado. Mas como sempre nesta viagem, aqui estava sozinho, a quilómetros de casa e de qualquer ponto de abrigo conhecido. Ninguém sabia onde eu estava e eu dependia e podia contar apenas comigo mesmo.
   

IMG_20200614_142734.jpg
Aqui já estava molhado até aos ossos


Descendo perto da Barragem de Vilarinho das Furnas, por uma serpenteante estrada estreita, onde mal cabia um carro, ia levando com um Mercedes que circulava fora de mão e só me viu no último instante. O dia estava escuro e com a chuva e a estrada sinuosa, a visibilidade era ridícula. Eu tinha colocado luzes à frente e atrás, mas não parecia fazer grande diferença. Entretanto os meus calções estavam ensopados já há algum tempo e a única forma de evitar a possível hipotermia era não parar, para não arrefecer.


IMG_20200614_144658.jpg
Sem comentários...

Seguia o meu GPS com uma confiança religiosa, pois não queria estar sempre a parar naquelas condições, para me orientar ou por qualquer outro motivo. Mas algumas paragens eram inevitáveis. Como quando havia gado na estrada, coisa comum por estas paragens. Não tenho fotos, pois a minha atenção nessas alturas ia para os cornos dos bichos. Juro que uma das vacas estava a dizer "Estás a olhar para onde? Esta manhã já caguei coisas maiores que tu!" Dizem que as vacas matam mais pessoas por ano que tubarões, e eu acredito. Outra fauna fácil de encontrar são os famosos garranos, que andam à solta pelos montes e vales. Vi também um acidente, que paralisou totalmente a N304, à excepção este vosso escriba, que contornou o carro virado ao contrário e seguiu caminho, deixando para trás filas quilométricas de enlatados desesperados.


IMG_20200614_154535.jpg
Só faltava o Sol!


Depois de muita chuva e quase 2000m de acumulado, sem ter feito paragens para comer, estava a ficar claro que Chaves não era um destino realista para o dia. Estava exausto, molhado e com frio. Precisava de uma refeição quente e de uma boa noite de descanso, num sítio confortável. E acabei por ficar no excelente Hotel São Cristovão, à beira da N103, que, assim o esperava, me havia de levar a Chaves. Saindo das roupas molhadas no meu quarto com vista para a Albufeira da Venda Nova, tomei um merecido duche prolongado e em breve iria jantar luxuosamente no restaurante ali mesmo ao lado, e de manhã estaria como novo.


IMG_20200614_200015.jpg
Um dos sítios onde a bicicleta ficou no quarto


Dia 13.
 Entre ambos os Rios-Venda Nova. 76Km (Estrada).

 

Projecto Bacalhau: Dia 12 - Mais Chuva

@ Lisboa Bike

Publicado em 4/05/2021 às 11:35

Temas: bikepacking viagem volta a Portugal

IMG_20200613_201642__01.jpg
O mundo continuava molhado lá fora


Quem diria que meados de Junho poderiam ser dias tão chuvosos no Gerês? Muita gente, se calhar. Pois é o dia décimo segundo da expedição e o Dentuça e eu parece que estamos a reviver o dia anterior. A manhã é passada na tenda, a ver o mundo por uma nesga aberta, a esperar que a chuva pare. Mas ela não para. E o tempo vai passando e chega uma altura que já é demasiado tarde para arrancar.

Pouco mais há a fazer a não ser ir até ao café-restaurante-mini mercado do parque. Mas isso depressa se torna aborrecido. Primeiro because COVID, afinal aquilo é um espaço fechado, que nem é muito grande, e a esplanada está fora de questão devido à água que continua a cair do céu. Segundo porque o pessoal do parque alterna entre o extremamente simpático e o muito estranho. Havia mesmo um indivíduo que fazia questão de não me servir. A outras pessoas até preguntava se estava tudo bem, se precisavam de alguma coisa, mas comigo fingia que não via que eu o estava a chamar à meia hora. É verdade que o parque era um bocadinho fancy, adaptado a malta do Norte que faz desportos náuticos, e não só. Não sei se era xenofobia, afinal eu estava vestido como um típico emigrante brasileiro (amigos do Brasil, por aqui ninguém vai ao supermercado de calções e havaianas em pleno dezembro, just saying).

Fosse como fosse, a minha estadia no parque parecia cada vez mais uma contrariedade. O parque é amplo, limpo, num espaço natural, sem o cimento e a sobre-construção que arruínam outros lugares deste género. Permite ainda muito espaço entre as tendas. Tem além de tudo isso, vistas absolutamente paradisíacas. Mas mesmo no paraíso um tipo sente-se preso se tem  outros planos. Eu andava a sentir-me culpado por ter uma média fraca de quilómetros diários e agora tinham passado dois dias com zero quilómetros. Não era ideal. 

Enfim, fechado na tenda, a mordiscar os últimos mantimentos que me sobravam, tipo amendoins e bolachas, ia fazendo planos para os próximos dias. A fronteira permanecia fechada, por isso tinha eliminado a hipótese de visitar amigos que tinha na Galiza, ali ao lado. A ideia agora era fazer a Nacional 2 em toda a sua extensão. Este era o próximo objectivo que me motivava. Uma viagem bucket list que eu tencionava incluir na minha volta a Portugal! Para isso, o próximo destino seria Chaves, onde a N2 tem início. Eu estava ansioso por começar, mas primeiro a chuva tinha de acalmar.

Dia 11. Entre Ambos os Rios. 0Km.

 

Projecto Bacalhau: Dia 11 - O Equipamento

@ Lisboa Bike

Publicado em 3/05/2021 às 14:41

Temas: bikepacking viagem volta a Portugal

IMG_20200602_003601.jpg
Pronta a rolar

É o décimo primeiro dia da viagem. Fechados numa tenda pouco maior que um sarcófago, o Dentuça e eu observamos a chuva cair no Gerês. Chove continuamente durante toda a manhã. As minhas regras dizem que não se arranca debaixo de chuva e gosto ainda menos de arrumar uma tenda molhada. A determinada altura demos a manhã como perdida e com ela o dia todo. Já não valia apena arrancar. E continuava a chover.


IMG_20200611_190820.jpg
    O acampamento base


IMG_20200612_170528.jpg
Mudar o dropout sem tirar o cabo do desviador


Concentrei-me no que podia fazer. Procurei um lugar abrigado no parque, e fui tratar do desviador traseiro. A queda do dia anterior provavelmente teria empurrado o desviador e o dropout estaria torto. Uma coisa que acontece. Por isso mesmo, tinha comigo um dropout extra, foi questão de trocar e afinar. Ficou muito melhor, mas a indexação mais tarde veio a dar problemas e só resolvi isso já na estrada.  

Aproveitemos esta pausa na viagem para falar do que tenho comigo para permitir fazer estes quilómetros com algum conforto. Falemos então do equipamento.

A Bicicleta

A minha bicicleta é uma TRIBAN RC 520 GRAVEL de 2019. Este modelo é uma versão gravelizada daquilo que no fundo é uma bicicleta de estrada de endurance (A Triban 520 standard). Trata-se pontanto de uma bicicleta de estrada com uma posição confortável, apta para grandes distâncias. Tem travões de disco e o quadro aceita pneus até 36mm, oficialmente, e 40mm não oficialmente.


IMG_20200528_134156.jpg
Uma das alterações feitas à Triban


As diferenças para o modelo mais convencional são a pintura especial, o guiador mais largo e com flare, 46cm no meu caso, e os pneus largos Hutchinson Overide, de 35mm. A estas diferenças tenho de acrescentar as que eu próprio levei a cabo. A Saber: 

  • A pedaleira Shimano 34-50 pareceu-me demasiado para uma bicicleta carregada, e alterei para uma Miche 30-46 ligeiramente mais leve e bem mais simpática nas subidas. 
  • Pelas mesmas razões, a cassete 11-32 de origem foi trocada por uma Shimano 105 de tamanho 11-34, o maior tamanho que o desviador aceita (a acreditar na Shimano, mas ninguém acredita).
  • Os pneus foram os mesmos recomendados pela marca, mas montados Tubeless.
  • O guiador foi trocado por um FSA de 44cm, também de gravel, por uma questão de tamanho, mas também por preferência ergonómica.
  • O espigão do selim, e o avanço foram trocados por questões de bike fit, e também estética e peso.
  • Os pedais são uns SPD da Shimano, os PD-M540.
  • As rodas de origem, por fim, foram trocadas por umas DT Swiss, uns cubos 240 montados em simples aros R470 da mesma marca, um conjunto robusto e suficientemente leve.

Tudo somado, a bicicleta pesava cerca de 10,25Kg. Para descer deste peso, era preciso gastar bastante dinheiro. Para mim o peso era suficiente, e as escolhas davam garantias de fiabilidade, que era o mais importante. 

Os Sacos

Para transportar tudo o que era necessário, optei por um set-up convencional de bikepacking, saco de guiador, bolsa de quadro, bolsa de selim e mais uma bolsa pequena de tubo superior.  Tinha também dois feedbags no guiador, para água e comida. Abaixo ficam as capacidades e os conteúdos.


IMG_20200529_161837.jpg
Saco de Guiados da Topeak


Saco de Guiador. É um modelo de 8 Litros, e servia para transportar a tenda de 1 pessoa da Decathlon, de 1.6Kg, mais o colchão de campismo insuflável. A arrumação tem a ver com o formato da tenda, mas também ajuda na distribuição de peso.


IMG_20200529_162141.jpg
Esses chinelos já viram muita coisa!


Saco de selim. Modelo de 10 Litros, aqui ia o kit de comida (o fogareiro a álcool, álcool, mais o pote, isqueiro, talheres e mini esponja para lavagem), mais o saco cama ultra leve, e roupa. A roupa para ciclismo que não ia vestida era constituída por jersey, jersey de inverno e impermeável, e manguitos e pernitos. Para uso fora da bicicleta tinha uma t-shirt de desporto ultra leve e uns calções de desporto genéricos. Levava alem disso uma muda de meias e roupa interior, e uma toalha de desporto de secagem  rápida. Amarrados por cima do saco, embora por vezes fossem noutro lado, ficavam uns básicos chinelos de dedo.


IMG_20200529_154750.jpg
Conteúdo da bolsa de quadro Restrap


Saco do quadro. Modelo de 4.5 Litros. Aqui viajavam a minha mini-bomba, câmaras de ar, as ferramentas, as peças extra, e alguma comida. Havia também um pequeno kit de primeiros socorros, e o necessaire. Os itens de electrónica viviam também aqui, powerbanks (2x5000mAh), tomada USB com várias saídas, rádio MP3, auriculares, cabos. Tinha também um cadeado baratucho, para aqueles momentos em que tinha mesmo que deixar a bicicleta sozinha por uns minutos. Todos os sacos são da Topeak, excepto este do quadro, que é da Restrap.


IMG_20200529_160217_01.jpg
Bolsa de quadro Topeak


Bolsa de quadro (tubo superior). Cerca de 0.5 Litros. Aqui estavam barras energéticas e outros itens pequenos, como luzes. Por vezes o powerbank vinha para aqui, para uso em andamento, mas foi coisa que nunca foi necessária, pois o meu GPS aguenta mais de 30h seguidas de navegação.  


IMG_20200605_110752.jpg
Vista do Cockpit 


Feedbags. Cerca de 0.6 Litros (x2) Nestas úteis bolsas transportava 1 bidão de 600ml e comida. Por exemplo um pacote de frutos secos já aberto. Escolhi levar estas bolsas em parte devido à impossibilidade de transportar mais água no quadro, existem apenas os dois apoios tradicionais e com os sacos apenas conseguia montar bidões relativamente pequenos. Tudo somado transportava 600ml x2 + 750ml, ou seja quase 2 litros de líquidos. 


IMG_20200529_161729.jpg
A minha capacidade de água para a viagem


O peso de todo este material totalizava 8Kg, o que me deixava razoavelmente satisfeito. No início do projecto tinha decidido que o peso total para a viagem não deveria ultrapassar os 100Kg, para poupar as rodas e manter algum prazer na condução, também nas subidas e fora de estrada. A meta foi atingida, mas eu tive de perder algum peso antes da data da partida!

Dia 11. Entre Ambos os Rios. 0Km.
 

Escola de Bicicleta Online: o pontapé de arranque

Ana Pereira @ Escola de Bicicleta

Publicado em 30/11/2020 às 18:44

Temas: A escola Campanhas de redução de risco rodoviário Código da Estrada Dicas para condutores de automóvel campanhas cursos online educação infográficos segurança rodoviária

Já há muito que queríamos expandir o nosso alcance com as atividades da escola, tínhamos alguns cursos com currículos e guiões alinhavados, mas era sempre trabalho que se arrastava, pois era não urgente, e era o tipo de trabalho que requer uma dedicação consistente e regular ao longo de muitas semanas, o que é difícil de conseguir conciliar com as atividades normais do quotidiano.

A culpa é da covid19

Bom, veio 2020, a pandemia e o primeiro confinamento em Março, que nos deram um chuto no traseiro para tirarmos isto da gaveta e avançarmos de uma vez. Havia – e há – tanta gente a querer começar a usar [mais] a bicicleta no dia-a-dia, seja para transporte ou para lazer e desporto e manter a sua sanidade mental e evitar o carro, que optámos por dedicar os primeiros cursos a essas pessoas e apoiar a transição modal do carro para a bicicleta.

Obrigada, Fundo Ambiental!

Resolvemos candidatar a realização destes 3 primeiros cursos a um apoio do Fundo Ambiental, no âmbito da Estratégia Nacional de Educação Ambiental 2020, para nos dar um balão de oxig€nio para podermos tirar tempo para isto e… woohoo, ganhámos!! 😀

Então, desde Agosto que o projeto “Escola de Bicicleta Online” da Cenas a Pedal, com o apoio do Fundo Ambiental, nos tem absorvido uma parte muito substancial do nosso tempo.

O primeiro curso é sobre “O Código da Estrada e as Bicicletas“, o segundo é sobre “Como Pedalar em Segurança pela Cidade“, e o terceiro é sobre “Como Transportar os 4Cs em Bicicleta: Crianças, Cães, Compras e Outras Cenas“.

Recrutamento de beta testers / fazer cursos à borla!

No âmbito do projeto com o Fundo Ambiental precisamos de ter em muito pouco tempo 100 alunos a fazer os cursos, e avaliar métricas de impacto. Por isso, temos 100 vales de oferta para oferecer à malta, e queremos que estes 100 beta testers sejam o mais diversos possível, homens, mulheres, todas as idades, da cidade, do campo, iniciantes e veteranos da bicicleta, que usam a bicicleta como transporte ou só para lazer ou desporto, que conduzam, além da bicicleta, carro, mota, camião ou autocarro!, ou que não conduzam mais nada, que sejam doutorados ou que tenham ficado pela 4ª classe – queremos uma amostra o mais diversa possível para testar e avaliar a plataforma e os cursos propriamente ditos.

Interessado em ajudar-nos? Escreve para escola@cenasapedal.com e diz-nos “quero ser um beta tester dos vossos cursos!” 🙂

Um infográfico para mudar comportamentos

Entretanto, lembrámo-nos de adaptar alguns dos nossos slides do curso sobre o Código da Estrada e criar um infográfico sobre a principal questão que aflige qualquer pessoa que considera andar de bicicleta: a forma como é ultrapassada por quem vai a conduzir um carro.

A nossa ideia foi criar algo para as pessoas divulgarem facilmente e que ajudasse a mudar a cultura atual, ilustrando a forma correcta (e algumas incorrectas) de se ultrapassar alguém numa bicicleta quando nós vamos de carro, segundo o Código da Estrada (que desde 2013 está muito melhor relativamente a esta questão da ultrapassagem).

Como ultrapassar um ciclista / como ultrapassar uma bicicleta?
#PassaParaAOutraVia

Em cima da bicicleta vai o filho, o irmão, o pai, o marido, o amigo de alguém. Não devemos ser nós a impedi-lo de chegar vivo e bem a casa e aos seus, só porque não concordamos que ele ande de bicicleta “ali”, ou que conduza “daquela forma”.

Vou de carro, à frente há alguém numa bicicleta e quero ultrapassar? Boa, mas só quando for seguro, e depois:

1. Passar para a via do lado (mesmo que consiga dar 1.5 m de distância lateral sem o fazer)

2. Abrandar

3. Dar 1.5 m ou mais de distância lateral, mesmo que já tenha passado para a via ao lado.

Mudo para a via do lado sempre, e totalmente (e não aquela cena de andar no meio da estrada com o rodado esquerdo numa via, e rodado direito noutra via), independentemente da posição da bicicleta na sua via (ao centro ou mais à direita, ou outra), e abrando e dou o tal 1.5 m ou mais.

Mudo para a via do lado sempre, e totalmente (e não aquela cena de andar no meio da estrada com o rodado esquerdo numa via, e rodado direito noutra via), independentemente da posição da bicicleta na sua via (ao centro ou mais à direita, ou outra), e abrando e dou o tal 1.5 m ou mais.

Não quero arriscar tocar na pessoa ou na bicicleta e fazê-la cair, nem quero atropelá-la se ela cair por qualquer razão, daí a distância e o abrandar. As bicicletas oscilam para se manterem equilibradas, e são vulneráveis a quedas por coisas que não nos afectam de carro (vento, buracos, etc).

Todo o condutor conta com toda a largura da sua via para se movimentar e lidar com o que lhe aparece à frente. Ninguém está à espera, nem gosta, de ter outros veículos a passá-lo dentro da sua via, mesmo que só parcialmente, e mesmo quando vai dentro da bolha-carro. E há 7 anos que tal é proibido!

Se isto é uma péssima ideia de se fazer a um carro, é fácil de perceber que é uma ideia asinina quando aplicada a alguém num veículo de duas rodas, e em particular a alguém numa bicicleta…Mas mtas vezes não dá para cumprir isso tudo! Certo. Duas hipóteses: não ultrapassar enquanto não der – vai dar dali a uns segundos, concerteza. Nos raros casos em que não vai dar tão cedo, aguentar, ou *se for seguro* ultrapassar sacrificando algum do espaço, mas na via do lado, e abrandando ainda mais!

Ah, e o que é 1.5 m, mesmo? É o espaço necessário para caber uma pessoa de braços abertos. É o espaço para caber lá um Smart Fortwo. É metade da largura de uma via de trânsito típica. #PassaParaAOutraVia e tens logo a coisa mais ou menos feita na maior parte dos casos.

Somos todos tipos inteligentes e boas pessoas. We can do this! 😊 Partilhas com a tua rede? Vamos ser melhores seres humanos uns para os outros. 😉

The post Escola de Bicicleta Online: o pontapé de arranque appeared first on Escola de Bicicleta.

 

Cicloturismo com Crianças: Vouga e Dão

Gonçalo Peres @ Viagens a Pedal

Publicado em 13/09/2020 às 8:25

Temas: Famílias e crianças Geral cicloturismo crianças férias multimodalidade relatos Verão viagens de bicicleta

Férias em bicicleta com os meus filhos (8 e 12), a explorar a Ecopista do Vouga e Ecopista do Dão, com vários desvios pelo caminho, para desfrutar de praias fluviais e outros lugares interessantes e apelativos para as crianças.
 

Thank you, John Forester

Ana Pereira @ Escola de Bicicleta

Publicado em 24/04/2020 às 0:07

Temas: Acidentologia Aprender e ensinar Pessoas ativistas pessoas

Foi em 2007 que comecei a interessar-me pela questão do Código da Estrada e as bicicletas e pela questão da formação em condução de bicicleta (e de carro, face a bicicletas!). Muita pesquisa fiz eu nesses primeiros anos, principalmente, era tudo novo. Em 2007, no ano em que publiquei as FAQ do Código da Estrada, li o Effective Cycling. Em 2008 o Bicycle Transportation. Ambos escritos pelo John Forester, uma figura incontornável do cicloativismo e que cunhou o termo “vehicular cycling” e o mantra “Cyclists fare best when they act and are treated as drivers of vehicles.

Estes livros, em particular o segundo, e o trabalho do John Forester (e de vários outros que lhe seguiram ou que foram seus contemporâneos), mudaram a minha vida.

Aprendi a conduzir uma bicicleta em qualquer contexto, de forma confiante e segura, e deixei de sentir limites ao que podia fazer de bicicleta, aonde podia ir ou deveria ir, por onde poderia circular, e qual era “o meu lugar” na via pública, no espaço público. Em 2008 comecei a formar outras pessoas para atingirem o mesmo resultado.

Comecei a ganhar uma noção mais clara da inferiorização que as nossas sociedades carrocêntricas fazem de quem não se encontra dentro de um carro, e de como essa inferiorização é perpetuada através de políticas públicas, urbanismo, legislação, regulamentação, formação de condutores, cultura das forças policiais e judiciais.

Percebi também que a promoção da bicicleta era muitas vezes uma causa cega, e era feita de forma a tornar a bicicleta aparentemente mais atrativa para mais pessoas, mas sacrificando a sua segurança e a sua conveniência, em nome da captação de mais utilizadores, que frequentemente não surgiam, e quando surgiam não vinham do carro para a bicicleta, que era a única forma de se estar a resolver algum problema.

O John Forester fez de mim uma condutora de bicicleta muito diferente. E fez-me também uma ativista muito diferente.

Uma figura polémica até ao fim, e bastante desprezada por muitos ativistas das últimas décadas, o John Forester não era uma pessoa agradável de trato, pelo menos no âmbito dos temas da bicicleta. Mas isso é irrelevante. Foi o trabalho dele em defesa do direito dos utilizadores de bicicleta ao uso das estradas (numa época em que este esteve em risco de ser revogado, o que teria condenado o futuro da bicicleta como meio de transporte, desporto e lazer – em Portugal não estivémos também assim tão longe), e na área da educação dos condutores para que esse uso seja o mais seguro possível (além de prático e eficiente), que lhe deram o estatuto que tem.

Como é óbvio, não concordo com tudo o que o Forester defendia, e sei que o trato abrasivo que tinha só contribuiu para criar anti-corpos nas outras pessoas (nomeadamente nas que não concordavam com ele). É uma figura polémica, muito por ignorância e/ou por desonestidade intelectual, ou pelo menos alguma soberba, sempre me pareceu, dos seus críticos na análise dos factos e dos seus argumentos, e na contextualização das suas ações (os EUA dos anos 70 não eram a Holanda dos anos 70, e muito menos a Europa dos anos 2000 e 2010’s. Os argumentos clássicos são “o “vehicular cycling” falhou como estratégia de promoção do uso da bicicleta”, e o “se a segregação das bicicletas é assim tão má, porque é que na Holanda anda tanta gente de bicicleta?”.

Ora, o “vehicular cycling” não é propriamente uma estratégia de promoção do uso da bicicleta, é um modelo educacional para salvaguardar a integridade física de quem usa a bicicleta em cidades onde há carros, e muitos, e/ou a andar muito depressa (que são todas as cidades do mundo, praticamente), e garantir a competitividade da bicicleta como meio de transporte, em termos de tempos de deslocação. Claro que se dermos às pessoas uma ferramenta que lhes dá mais segurança e maior eficiência a usar um modo de transporte, é mais provável que elas o adotem, mas isso é um efeito colateral – o objetivo é melhorar a vida a quem já o adotou ou já quer mesmo adotá-lo. Como analogia, não é por tirarmos a Carta de Condução que vamos querer andar de carro, tiramos a Carta de Condução porque já queremos andar de carro, e queremos andar de carro porque a rede de estradas é imensa, razoavelmente segura e confortável, direta, temos estacionamento fácil e gratuito ou quase em todo o lado, o crédito à compra é fácil, nascemos numa cultura em que toda a gente anda de carro ou quer fazê-lo, e onde o carro é uma forma de expressão de status sócio-económico – e vivemos numa cultura onde esta ostentação é tolerada, e porque o carro é uma bolha física e psicologicamente confortável. Além disso, o nosso (des)ordenamento do território e políticas públicas de urbanismo e mobilidade sofríveis, faz com que o carro seja grosseiramente mais rápido e/ou confortável do que qualquer outra forma de deslocação, principalmente fora dos maiores centros urbanos.

Na Holanda, e noutros países, não é a segregação das bicicletas que justifica os números de utilizadores. É a segregação dos carros – na forma de ruas sem saída para carros, menos espaço alocado ao carro, pouca oferta de estacionamento para carros, cara e “fora de mão”, impostos altos na compra de carros, maior fiscalização dos comportamentos anti-sociais (estacionamento abusivo, excesso de velocidade, etc), acalmia de tráfego, cultura mais avessa à ostentação de status sócio-económico por via de bens materiais, etc, além da cultura universal da bicicleta como um meio de transporte, e a excelente articulação com uma boa rede de comboios (e outros modos). E mesmo assim, a quota modal do carro não é muito diferente da nossa, a bicicleta compete principalmente com o andar a pé e com o transporte público – a segregação dos veículos por modo, além da normal segregação por destino, torna todo o sistema mais ineficiente, nomeadamente com as medidas necessárias à mitigação do risco acrescido criado pela segregação (nomeadamente os semáforos).

Uma pessoa versada nos princípios tornados famosos pelo Forester, anda de bicicleta de forma segura e eficiente em qualquer lado, em qualquer infraestrutura, em Lisboa, em Londres, em Copenhaga, em Amesterdão, ou na China. Pessoas experientes a andar de bicicleta em sítios como a Holanda ou mesmo como Sevilha, só andam de bicicleta na Holanda, ou em Sevilha (e muitas vezes sofrendo colisões causadas pela segregação), chegam a cidades bastante pacíficas (all things considered) como Lisboa dos últimos 10 anos e encostam a bicicleta, porque não sabem partilhar as estradas em segurança com os carros em sítios onde as bicicletas rareiam.

Mas este post não é para entrar em argumentações nem em revisões da história da bicicleta e do cicloativismo (been there, done that, já não tenho tempo nem paciência). Este post é para lembrar, e agradecer publicamente, o trabalho de imenso valor de uma pessoa que o mundo perdeu recentemente, e a quem eu e muitos outros utilizadores de bicicleta têm uma eterna dívida de gratidão. Thank you, John Forester!

John Forester – Foto: Peter Flax

The post Thank you, John Forester appeared first on Escola de Bicicleta.

 

Pelos olhos dos outros...

@ Eu e as minhas bicicletas

Publicado em 8/02/2020 às 18:26

Temas:

Apesar de a nossa capital ser grande e ter muitas pessoas, amiúde vejo nos meus caminhos caras conhecidas e gente amiga... os que como eu rolam ou nos cruzamos e acenamos ou apenas um mero cumprimento, ou às vezes acompanhamos por algumas centenas de metros em amena cavaqueira.

Como agora atravesso a cidade quase de uma ponta à outra (cada viagem são cerca de 19kms e picos, ida e volta são quase 40kms/dia) vejo muitas vezes a rolar o LCarvalho, o EduardoS, o MiguelC, o MiguelB, o RLeiria e o JLeiria, o PedroG e a Maria, o ArturL, RuiA, o HugoM e o HerculanoR, o RuiR, o JoãoB, e ex colegas de trabalho como o PauloS, ManuelC e a VerónicaF e tantos tantos outros...

Há dias um desses mega licrados de bicicleta (como eu tb sou às vezes quando vou dar umas voltas na estradeira) começa a chamar-me quando vinha na ciclovia a caminho de casa, e eu não estava a ver quem era... os anos passam! Era um ex-colega de liceu que até está na minha rede do facebook e reconheceu a Gestrudes. Foi um bom reencontro!

Outra vez passei ali noutra ciclovia e passavam muitos peões e há um que grita "Woowww, tu, heeiii..." e não liguei pois pensava que não era para mim. Mas depois gritou o meu nome... Era um grande amigo da altura da faculdade!! Também reconheceu a Gestrudes! :)

Mas desde que tenho a Gestrudes, que é vistosa, muito mais gente amiga que anda de carro ou de transportes também me vê...

04690f4a-d3d3-437d-9483-34bc8365a556.jpg

82551688_2367992353512779_7401573753160728576_n.jpg

IMG_1090.jpg

Um deles goza comigo "Hoje vi outra vez o autocarro azul a passar por mim!" ou então...

veiculopesado.PNG

Mas dos mais hilariantes foi este audio que recebi e ouvi só quando cheguei a casa, num dia que o trânsito estava caótico e as filas de carros eram intermináveis e recordo ter ouvido uma buzinadela no sentido contrário ao meu, mas eu ia "depressa" (a 20 kms/h praí) e não vi que era.

Clicar para ouvir: "Ca ganda vergonha pá!"

O que eu me ri com isto... ! :)

 

Mais conforto na Tern GSD : espigão de selim com amortecedor

@ Eu e as minhas bicicletas

Publicado em 19/01/2020 às 22:15

Temas:

Uma das desvantagens da Tern GSD, uma das poucas, é a falta de qualquer tipo de suspensão/amortecimento.

Apesar dos seus pneus largos que absorvem muito das vibrações, qualquer pequeno buraco ou desnível levam a um desconforto quer nos braços pela vibração do guiador quer do espigão do selim que propaga esses choques para a espinha dorsal.

Se fosse tudo ciclovia ou se fosse tudo alcatrão lisinho não tinha problemas, mas os nossos pisos não são assim tão confortáveis.

Podemos reduzir esse desconforto pelo nível de ar nos pneus, que vão desde os 2 aos 4,5 bars. Mas pneus mais vazios rolam mais lento em qualquer piso e mais cheios apesar de acelerar a viagem ficam mais duros e recebem mais das vibrações que se propagam pelo quadro e pelo ciclista.

"Inflate to the upper limit for a faster ride. And to the lower limit for a smoother ride."
https://www.ternbicycles.com/support/techtips/pump-it

Assim que andei a indagar e um dos meus parceiros destas aventuras do uso da bicicleta, o António P, já me tinha falado de uma solução que arranjou para a bicicleta dele.

Um espigão de selim com suspensão! 
Que coisa moderna...

IMG_20200113_173928.jpg

Com uma opinião tão positiva e depois de ver alguns videos e outras opiniões em blogs e site, resolvi comprar a ver se ajudava nestes meus quase 40 kms diários.

Decidido então mandei vir aqui deste site:
https://www.bike-discount.de/en/search?q=suntour+seatpost

Montar é extremamente simples, bastou tirar o espigão original e substituir pelo novo, ajustar a inclinação e voilá! (só tive de pedir a chave dinamométrica ao meu vizinho Paulo que é um engenhocas e tem essas cenas todas... provavelmente não era preciso mas não queria estar a estragar)


IMG_20200118_131417.jpg

IMG_20200118_131920.jpg

IMG_20200118_132848.jpg

IMG_20200118_173016.jpg

IMG_20200118_173034.jpg

Até vem com uma capinha para proteger, mas é mais para quem usa no BTT e cenas sem guarda-lamas.

IMG_20200118_172946.jpg

Apesar de funcionar os suportes do selim ficam mesmo colados à "cabeça da suspensão" do novo espigão, e parece-me que vai acontecer o que este moço reporta neste outro blog Tour On A Bike e não Touro Na Bike :)
https://www.touronabike.com/sr-suntour-sp12-ncx-suspension-seat-post-review/

desgaste.PNG

Estou desconfiado que vai desgastar dado o contato com os suportes do selim, por estarem tão perto ao fazer o amortecimento parece-me que vai roçar bastante. Se fizerem zoom à imagem la´mais em cima verão que já está a desgastar :( A ver se ajusto ao máximo que possa para tentar não roçar tanto.


Ver aqui estes videos de como isto funciona:

https://www.youtube.com/watch?v=_R2hFZqdiws

https://www.youtube.com/watch?v=G3kB4z8vAyc

Para já a experiência tem sido muito positiva! Obviamente que as vibrações no guiador continuam a sentir-se mas na coluna há uma melhoria significativa.

Com o tempo darei uma opinião mais fundamentada, mas até ver parece-me um excelente upgrade! O primeiro que fiz na Gestrudes - exceptuando o descanso central que foi uma peça oferta da marca a substituir a de origem que admitiram não ser de boa qualidade, pelo feedback dos seus clientes e pelo uso do modelo que tem apenas dois anos e pouco no mercado.

Mas dizia... até ver foi uma excelente decisão e compra!
As minhas costas e o eu do futuro agradecem estes cuidados com a saúde :)
 

A Gestrudes é a eBike do Ano

@ Eu e as minhas bicicletas

Publicado em 15/01/2020 às 9:51

Temas:

EBOTY-GSD.jpg


«The Tern GSD is our cargo e-bike of the year, and also our overall winner. We’ve tested the GSD in two builds over the last two years, and one abiding feeling remains: this is the most useful and practical bike you’re ever likely to own.

The GSD is built around a long-tail frame and 20-inch wheels. The long-tail design means there’s masses of room at the back – enough for a weekly shop or two passengers – while the small wheels mean that the overall footprint of the bike is no bigger than a standard city bike. Even better than that, the GSD flips up on its end and the saddle and handlebars fold down, so it takes up barely any space at all. The ride position is highly adjustable, so anyone in the family can use it with just a few quick tweaks.

It’s easy and fun to ride – there’s no learning curve like you get with a box bike – and it’s a rare day you come across a situation or a load that the GSD won’t take in its stride. With loads of different options for carrying cargo, children and grown-ups, you can configure it exactly how you need it and it can grow with you as your family grows. 

It’s a genuine car replacement, and perfect for city living. The more expensive S00 build we tested this year is great if you’re looking for a heavy-duty workhorse, but the S10 is enough bike for nearly any situation and a grand cheaper, so that’s still our favourite one and the only bike so far to have got a full five stars.

Why it wins: It’s the most useful and practical bike you’ll ever own. Every home should have one!»

https://ebiketips.road.cc/content/news/ebiketips-e-bike-of-the-year-awards-201920-2259


Vale o que vale pois cada um avalia as coisas conforme as suas necessidades, mas fico feliz por saber que a minha escolha foi a escolha certa, aos olhos de outros que têm outros fatores em consideração e comparando com outras eBikes.

Continuo mega satisfeito com a aquisição! So far, so good!

 

A minha ex anda por aí...

@ Eu e as minhas bicicletas

Publicado em 7/01/2020 às 23:01

Temas:

Esta semana um amigo das lides do uso da bicicleta mandou-me umas fotos da minha antiga bicicleta pedalec, a Romana.

Como estão lembrados dei a Romana à troca quando comprei a Gestrudes, e não estou nada arrependido... o Miguel da BeElectric já me tinha dito que já tinha vendido a Romana a um moço algures de Lisboa.

romana1.jpg

romana2.jpg

O dono atual até manteve o spoke card do Sexta de Bicicleta! Nível :)

...confesso que bateu uma nostalgia ao ver as fotos da minha ex-companheira.

O importante é que vai fazer feliz mais um sortudo que se desloca na cidade de modo ativo, sem poluir, sem fazer ruído e potenciando uma convivência melhor com os demais habitantes da cidade.

E para a Romana não vai nada, nada, nada? Ip, ip, urááiii!
Quem viva?! Viva a Romana!!
 
Página 5 de 40 | << Anterior Seguinte >>